Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Jonasnuts

Jonasnuts

Caras editoras portuguesas,

Jonasnuts, 21.10.13

Assim, não há quem vos safe. Uma pessoa tenta ser vossa cliente. Mas vocês são sistematicamente mais caros, mais demorados, menos diversificados na oferta. Assim, não se safam. Eu bem tento....

 

Por via do workshop de bordados, fui à procura de um livro. Dicionário de Pontos, da Lucinda Ganderton. Por causa das minhas experiências de aprendizagem do tricot em inglês, vejo-me aflita, para ler instruções em português, e ainda não consigo perceber qual é a liga, qual é a meia. Mas sei distinguir o knit do purl. Enfim, não queria cometer o mesmo erro com os bordados, e se já proliferam nomes em português (muitos nomes diferentes para o mesmo ponto, dependendo da região), metendo o inglês ao barulho, seria meio caminho andado para eu ficar ainda mais baralhada.

 

Nem me passa pela cabeça visitar livrarias não virtuais...... a atenção que dedicam a esta temática é tanta, que normalmente não têm mais do que meia dúzia de livros vagamente relacionados e estão paredes meias com uma profusão de reikis e velas oníricas, e massagens cerebrais pelos capilares, tudo coisas que eu respeito muito, mas que não, obrigada.

 

Wook. Ora bem.... sim senhor, há o livro em português. Mas está esgotado. E é caro para caraças. Não tem data prevista de reposição de stock.

Dicionário_de_Pontos,_Lucinda_Ganderton_-_WOOK-20131021-195910.jpg

 

Deixa lá ver noutro sítio.

 

 

Portanto..... têm em stock, a edição mais recente e custa menos de metade? Ora aqui está uma bela oportunidade para aprender os nomes dos pontos, também em inglês.

 

Eu estaria disposta a pagar um pouco mais, pela versão portuguesa, porque, afinal de contas, é preciso pagar o trabalho de adaptação e tradução. Mas mais do dobro? No fucking way (isto sou eu já a treinar o inglês para os bordados).

 

Depois venham cá queixar-se, editoras, da lei da cópia privada, e o raio que os parta. Façam o vosso trabalho, em vez de esperarem que sejam os outros negócios a pagar pelo trabalho que vocês não fazem.

Os livros escolares, as editoras e a wikipédia

Jonasnuts, 31.05.13

Por motivos que não interessam nada a ninguém, ando ultimamente debruçada em livros de escola, artisticamente chamados de manuais escolares, mais precisamente do 9º ano.

 

Reparo que muitos têm lá um carimbo, na primeira página, todo catita, muito parecido com este:

 

 

(Tirado daqui.)

 

Pois que me encanita o carimbo, e não é de agora. Encanita-me ao mesmo nível que o spot com a mesma mensagem que me obrigam a ver, sempre que começo a ler um DVD que acabei de comprar. Acho insultuoso, além de idiota. Se eu comprei aquilo, não estou a copiar. Adiante, que o tema não é esse. Fica aqui esclarecidíssimo que uma grande maioria dos manuais escolares que aqui tenho em casa, lançam o apelo "diga não à cópia".

 

Um dos manuais escolares sobre o qual me debrucei mais, nos últimos dias, foi o Viagens - Geografia - 9º ano - Contrastes de desenvolvimento ambiente e sociedade, que, anuncia a capa, até é um manual multimédia. Uma coisa muito à frente, como se vê. Da Texto Editora.

 

Qual não é o meu espanto quando, ao debruçar-me um pouco mais sobre um dos quadros, e, força do hábito, olhar para a fonte referida, me vem aos olhos a palavra Wikipédia. Olá? Estás tão cansada que já vês num livro impresso referências ao online? Esfrega lá os olhos que isso passa.

iPhone-Fotografia_2013-05-31_20_17_56.jpeg-20130531-210604.jpg

Mas não passou. Juro que li aquilo duas ou 3 vezes "Adaptado de Wikipédia e de Geografia Universal - Grande Atlas do Século XXI, 2005".

Não conheço o Grande Atlas do Século XXI, mas ser uma coisa com quase 10 anos, não me inspira grande confiança, mas lá está, também não é disso que trata este post.

 

 

Do que trata este post é outra coisa.

 

Eu gosto da Wikipédia. A sério que gosto. Consulto-a. Já contribui, quer editando e acrescentado conteúdos, quer com dinheiro. Mas também não é disso que trata este post.

 

Este post trata de duas coisas. A primeira é o facto de achar no mínimo curioso que um manual que se quer científico, se inspire ou adapte conteúdos de uma fonte que, precisamente por causa de ser comunitária, é altamente falível. A segunda, passa pelo facto da Wikipédia ser à borla..... o manual, nem tanto. Não ponho em causa a Wikipédia, que já ensinou mais ao meu filho (e a mim) do que muitos manuais que tenho aqui por casa, alguns dos quais nem sequer são usados como apoio ao estudo, mas ponho em causa que um manual que eu sou OBRIGADA a comprar, se inspire em recursos que são à borla, e que estão acessíveis a todos.

 

Fui ver mais fontes usadas. A Revista Visão é uma das fontes, o "documentário" Uma verdade inconveniente, outra. Nem aprofundei. Já referi aqui (auto-link) que sensações o dito "documentário" me inspirou. Nem procurei mais, que isto de andar à procura de coisas que me encanitam não deve fazer nada bem à saúde.

 

Acho extraordinário que uma indústria, a livreira, que anda a meter carimbinhos de "não à cópia" se inspire depois na Wikipédia e noutras fontes que, de científico têm muito pouco, e que me cobre, por informação a que posso aceder gratuitamente. A mesma indústria que quer que eu pague, para poder tirar fotocópias aos livros que comprei. Meus senhores.... se andam a fotocopiar a Wikipédia para me venderem, porque raio deverei eu pagar-vos por vos tirar fotocópias?

 

Acho que, a partir de agora, vou procurar melhor nos livros, e optarei por comprar aqueles que em vez do carimbo "não à cópia" tenham um carimbo onde diga "não há cópia".

Poupar (Para quem tem um Kindle)

Jonasnuts, 11.09.12

 

Uma das coisas em que eu disse que ia poupar, num post recente - livros.

 

Tenho um e-book reader, o Kindle, que recomendo vivamente e que permite o empréstimo de livros entre utilizadores (apenas para os livros cujas editoras autorizem o empréstimo).

 

O problema é que não conheço assim tanta gente que tenha um Kindle, e torna-se difícil encontrar livros para pedir emprestados.

 

Há um serviço que resolve este problema. Falei dele há pouco tempo, por motivos diversos (aqui - auto link), e esteve suspenso durante uns tempos, mas agora regressou.

 

Chama-se LendInk, e é basicamente um serviço de utilização gratuita em que qualquer pessoa que tenha um e-book reader (seja Kindle seja Nook), pode listar os livros que tem na sua biblioteca e que queira emprestar, e tem também pesquisa por livros de que andemos à procura. Portanto, eu mostro-te os meus e tu tu mostras-me os teus. Legal, obviamente.

 

Quem quiser pedir um livro emprestado, apenas tem de contactar o dono do livro, e o resto do processo é automático, fazendo uso das funcionalidades disponibilizadas pela Amazon (para o Kindle) ou da Barnes and Nobles (para o Nook).

 

Grande, grande ideia. Vou deixar de comprar livros com a mesma facilidade, mas não deixo de ler, o que me permitirá comprar apenas aqueles de que gostei e que quero ter na minha biblioteca pessoal para reler, ou para oferecer.

 

Se a ignorância rendesse, a indústria do entretenimento estava safa

Jonasnuts, 14.08.12

Claro que o título do post generaliza, e toda a gente sabe que as generalizações são perigosas (e injustas). Mas não deixa de ser (ainda) verdade, para muitos casos.

 

A história conta-se rapidamente e cheguei lá por via do TechDirt. Havia (note-se o tempo verbal) um site, com cerca de 15.000 utilizadores registados, chamado LendInk. Este site era uma rede social baseada em gosto pelos livros. Punha em contacto utilizadores de e-books como o Kindle (Amazon) ou o Nook (Barnes and Noble) , e essas pessoas podiam, se quisessem, emprestar e-books umas às outras.

 

Note-se que este empréstimo é uma funcionalidade que existe quer na Amazon quer na Barnes and Nobles, e que funciona mais ou menos como o empréstimo de um livro e papel, com a diferença de que apenas pode ser emprestado uma vez à mesma pessoa, e por um período máximo de 14 dias. É um acto legal, gerido no backoffice da Amazon (para quem tem Kindle) e da Barnes end Noble (para quem tenha Nook).

 

O LendInk não alojava livros, não disponibilizava livros para download, não tinha, sequer, modelo de negócio associado. Era mantido por um veterano de guerra americano que, nos tempos livres, tratava da coisa.

 

De repente, uma série de autores, via twitter, começa a comunicar entre si (e publicamente) acerca deste site "pirata". Espalha-se a notícia. Ameaçam com DMCA e como isso não se mostra imediatamente eficaz, escrevem hate mail à empresa que aloja os servidores e fornece o serviço à LendInk.

 

Meu dito meu feito, em três tempos o serviço é suspenso.

 

Os autores em causa (segundo creio, está a ser elencada uma lista que será pública a fim de que possam ser evitados por quem compra livros - eu quero a lista), nem sequer se dignaram em tentar perceber o que era aquilo. Foi logo uma escandaleira. À mínima possibilidade de alguém usufruir do seu trabalho, legitimamente comprado, gritam pirataria. Não percebem várias coisas. A primeira é a velha história do menino com o lobo, tanto gritam injustificadamente, que mais coisa menos coisa, ninguém acredita neles. A segunda é que emprestar livros não é ilegal. Se acham que emprestar livros é ilegal, atirem-se às bibliotecas (que devem dar pouco trabalho, pelo menos em Portugal, que a coisa já está por fios). A terceira é, quanto a mim, a mais grave. Não percebem o valor do seu trabalho. Não compreendem a relação que muitas pessoas têm com os livros. Não sabem reconhecer uma boa ideia base, sobre a qual podia ter sido, perfeita e facilmente, montado um modelo de negócio de VENDA dos seus livros.

 

É preciso ser-se muito burro para não identificar uma óptima ideia, que poderá transformar-se em mais um canal de VENDAS.

 

Se me emprestam um livro de que eu gosto, a seguir, eu compro. Compro esse e compro mais, do mesmo autor. Eu sei que os autores não são obrigados a perceber isto, mas caraças, não deveria haver na indústria quem lhes explicasse?

Acreditam única e exclusivamente no trabalho de divulgação de quem faz negócio à sua custa (intermediando e em muitos casos, acrescentado valor, é um facto). Acreditam em modelos antigos de críticas em jornais de referência, em cocktails de lançamento, em passatempos, em tops (essa figura que nada tem a ver com a popularidade real dos livros, e que depende apenas daquilo que as livrarias precisam de escoar), em imprimir cartazes, em sessões de autógrafos. Não percebem que muita gente (sobretudo quem tem leitores de e-books) tem uma forma de chegar aos livros completamente diferente. A web 2.0 já foi há uns anos (quase 10, para ser mais precisa), já é hoje um conceito em desuso, e eles ainda nem sequer lá chegaram. Eu borrifei-me nos críticos, e nos tops e no marketing tradicional. Eu chego aos livros por recomendação de alguém que eu conheço ou em cuja reputação confio. Falei (auto-link) disso há pouco tempo.

 

Caramba. É preciso ser-se muito atrasado.

 

Tiro no pé, atrás de tiro no pé, atrás de tiro no pé. E depois queixam-se que estão a perder negócio. Fónix...... não admira. Não se consegue manter um negócio numa indústria que se desconhece.

 

Vão ler livros pá. Este pode ser um bom ponto de partida.

 

O Facebook da LendInk tem mais informação, para quem estiver interessado.

E depois não querem que eu seja pirata.....

Jonasnuts, 13.06.12

Os que acompanham este Blog com mais regularidade sabem que me impus um desafio de monta. Sendo uma leitora quase compulsiva, um dos desgostos que tenho é que o meu filho de quase 14 anos não goste de ler.

 

Depois de anos de tentativas, seguindo uma estratégia de deixa lá ver se encontro alguma coisa que lhe caia no goto e lhe plante o bichinho, decidi mudar de estratégia, e agora vou investir na estratégia da obrigatoriedade.

 

Vai ser obrigado a ler, no mínimo, uma hora por dia. Tenho tentado esmerar-me na escolha dos livros que o vou obrigar a ler. Mais vale que sejam coisas que lhe possam agradar. Pedi ajuda, aqui no Blog, e uma das sugestões que me chegou pareceu-me muito interessante, O Diário Secreto de Adrian Mole. Tendo em conta que o puto gostou do Diário de um Banana, o Adrian Mole pareceu-me um passo no sentido certo.

 

Toca de ir à procura do livro. Para comprar, evidentemente. Várias livrarias depois, a resposta é sempre a mesma: "Quem vendia isso era a Difel, que foi à falência, agora só se for num alfarrabista, embora não seja livro de alfarrabista".

 

E agora? Mais uma vez, eu quero comprar um livro, deve ser da minha pontaria, mas parece que quero sempre comprar livros que não há à venda.

 

Eu quero comprar. Não tenho resposta por parte do mercado editorial português (mais uma vez). Restam-me duas opções. Ou compro em inglês (não sei se o inglês do puto chega para o Adrian Mole) ou pirateio.

 

Eu não gosto de piratear. Ainda não desisti. Vou continuar à procura. Mas, caramba senhores da APEL, em vez de gastarem dinheiro com estudos alegadamente idiotas mais valia protegerem os vossos associados, ensinando-os a disponibilizar PARA VENDA aquilo que as pessoas procuram. Senão ficam sem argumentos para falar contra a cópia privada e contra a pirataria (que são coisas diferentes). Se vocês não tratam de fornecer uma alternativa legal, querem que a malta deixe de ler ou passe a ler em inglês?

 

Se eu for obrigada a piratear o livro, eu aviso, aqui.