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Jonasnuts

Jonasnuts

Visto de fora

Jonasnuts, 26.04.24

Acho que só este ano é que me apercebi do impacto internacional e do respeito que tantos, lá fora, têm pelo 25 de Abril.

E apercebi-me em conversa de amigos, porque o Tiago Cabral disse: "O Rui Tavares hoje no extraordinário discurso que fez na ar mencionou uma coisa muito interessante, que só se pode analisar com o distanciamento temporal que a história exige, se calhar já houve mais gente a falar nisto, mas foi a primeira vez que ouvi num discurso oficial: o nosso 25abril foi o gatilho para todas as revoluções do final do século xx."

Também me apercebi por causa das capas que o Der Terrorist partilha frequente e regulamente no BlueSky As capas que ilustram este post foram-lhe roubadas. Nem pedi :-)

O vídeo do Macron, muito surpreendente e comovente, e eu comovo-me pouco, com franceses em geral e com o Macron em particular.

A "flashmob" de Berlim (e a Grândola, sobretudo se cantada por muita gente tem sempre o condão de me emocionar).

E os nossos irmãos galegos, que deviam ser portugueses que isto devia ser tudo seguido até lá acima, e que se juntaram e cantaram, como puderam, a Grândola.

A cobertura quase em tempo real, da avenida, de ontem, do The Guardian (que fez pelo menos mais duas peças sobre o 25 de Abril).

Sempre pensei que o nosso 25 de Abril era muito nosso, aqui, pequenino na sua grandeza, porque somos um país pequenino, dos arrebaldes da Europa, assim.....periferia, subúrbio.

Vai-se a ver, e não é só a mais bela revolução, é também o bater de asa da borboleta, para tantas outras. 

Só o torna mais belo.

O povo, unido, jamais será vencido

Jonasnuts, 26.04.24

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Ontem, como de resto nos outros dias 25 de abril, tinha planeado descer a avenida. Já é tradição, há muitos anos.

Falei disso no meu post anterior (auto-link), era importante que fôssemos muitos. É sempre importante sermos muitos, mas este ano era mais importante ainda. Não por ser o 50º aniversário. Mas porque há 50 fascistas na Assembleia da República.

Descer a avenida é o único ajuntamento a que vou por iniciativa própria. Eu não adoro ajuntamentos. Multidões. Manadas. Esperas. Tenho muitas dificuldades e, por isso, tento proteger-me. Vou cá mais para o fim, quando as pessoas começam a ir mais espaçadas, quando o barulho dos megafones e da música já não nos entra pelos ouvidos adentro.

Este ano, indo com estreantes, mais importante ainda, a coisa passar-se harmoniosamente.

Combinámos às 15h00 na estátua do Marquês. Cheguei às 14h30, eu acompanhada da minha mania de preferir chegar adiantada do que atrasar-me. 

E ali ficámos, à espera que a multidão se diluísse, que começasse a escoar. "Jonas, tu que já conheces, há mais gente este ano?". Sim, sem ser preciso pensar muito, porque a diferença era grande, logo desde o princípio que dava para ver. 

E esperámos, esperámos, esperámos....... "mas nunca mais começa, Jonas? De que é que estamos à espera?", e eu a explicar...... estão ali as mesmas bandeiras que estavam há duas horas, isto ainda não começou a andar.

Pela primeira vez na minha vida de descendente da avenida, não consegui descê-la. Era tanta gente que não houve, pura e simplesmente, espaço para que toda a gente descesse. Não saí do Marquês. Vim embora já passava das 18h30. E o final do cortejo ainda ali estava, a impedir o trânsito. 

A minha companhia, mais corajosa, aventurou-se avenida abaixo, mesmo no meio da confusão. Estreantes valentes. A foto que ilustra o post é da Manuela, uma das valentes.

Deixei-me ficar. Conheci pessoalmente um amigo de pelo menos uma década, o Paulo Jacob, e respetiva família.

Tive sorte, mesmo assim, porque pude assistir ao mini espetáculo dos Tocárufar que habitualmente descem a avenida, mas este ano também não conseguiram.

O ambiente foi fantástico, como habitualmente, gente de todas as idades, de todas as cores, de todos os feitios, só que mais. Muito mais.

Os portugueses democratas (sem esquerdas nem direitas, eu acho que a avenida é de todos os democratas) saíram à rua. Perceberam que este ano, tinha de ser.

Perceberam que os outros são muitos.

Mas nós somos mais, porra. Somos muito mais. E provámo-lo, na rua.

Agora a ver se o provamos nas próximas eleições (europeias, 9 de junho - um dia excelente para o pessoal se baldar, porque é no domingo que antecede a semana dos feriados, e o pessoal acha sempre que as europeias não servem para nada - embora sirvam para quase tudo, porque é lá que as coisas estruturantes se decidem).

Anyway...... o importante é que a avenida estava linda, estava cheia e o ambiente estava fantástico.

 

Para o ano há mais. Lá estaremos.

(Gostava que a minha mãe tivesse visto a avenida, ontem).

Traz outro amigo, também

Jonasnuts, 22.04.24

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Este ano, como todos os anos, mas mais do que em todos os anos, é preciso muita gente a descer a avenida.

Arrebanhem aqueles amigos que sempre quiseram, mas nunca foram.

Convençam os hesitantes.

Expliquem a quem não gosta de ajuntamentos, que é só uma vez por ano.

Digam como é pacífico e alegre e que ninguém é obrigado a porra nenhuma.

Mostrem que podem ir onde quiserem.

Provem que é apartidária.

 

Este ano, temos de encher a avenida, várias vezes, muitas vezes.

 

Porque não passarão.

 

Porque eles são um milhão.

Porque eles são muitos, mas nós somos mais, porra.

No-reply

Jonasnuts, 11.04.24

Este é um post que me está atravessado há muito tempo. Há anos, mesmo. Mas acabou por nunca acontecer, até hoje.

 

Enquanto consultora para a área de comunicação digital, é minha competência, responsabilidade e dever, aconselhar os meus clientes, no que diz respeito a todas as vertentes da comunicação digital, quer com os seus clientes, quer com a sua audiência e restantes stakeholders.

 

Um dos meus mantras é: "nunca se deve desperdiçar uma oportunidade de contacto". Seja qual for o canal, todos o potencial meio de contacto deve ser valorizado e integrado no pipeline de atenção e resposta.

Pensei que isto fosse óbvio, uma espécie de lapalissada, um mantra generalizado por todos aqueles que trabalham em comunicação em geral, e em comunicação digital em particular.

 

Desde sempre que nos "meus" serviços todos os canais eram merecedores de atenção. Mail, mensagens, comentários num blog, tweets, comentários de facebook ou instagram, telefone, presencial, etc....


É por isso com muita estranheza que encontro com muita frequência mails cujo remetente é um no-reply. Normalmente são mails que sou obrigada a receber, por parte de fornecedores de serviços. Não só, mas sobretudo. E é sempre com muita perplexidade que vejo o no-reply no remetente.

O que é que passa pela cabeça destas pessoas, destas equipas de comunicação, das consultoras que as servem, desperdiçar desta forma uma oportunidade de comunicação?

 

Para mim, isto é um erro colossal de comunicação empresarial. Num momento em que as marcas lutam por conseguir a atenção das pessoas, investem milhões em marketing e publicidade e descuram uma forma tão óbvia de potencial de contacto com os destinatários dos seus mails. Lá está, são empresas antigas, que ainda alinham pela comunicação unidirecional, em vez de avançarem até ao século XXI, compreendendo que a bidirecionalidade da comunicação é o futuro (enfim, para algumas empresas é já o presente).

E porque é que este post, que está para ser escrito há tanto tempo, é escrito hoje? 

Porque a Galp me mandou um mail, com uma continha para pagar. Como habitualmente, o mail tem um anexo em PDF e, também como habitualmente, o remetente do mail é um no-reply.

E o anexo diz o seguinte:

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Gostava muito de explicar à Galp que quem gerou o pdf se enganou, e usou uma fonte proprietária, sem que tenha identificado uma alternativa, o que faz com que qualquer pessoa que não tenha esta fonte instalada, não consiga ler o documento. Gostava de explicar, mas não consigo, porque o remetente desta mensagem é um no-reply.

 

E reparem, a Galp até quer muito que eu seja sua cliente em mais áreas do consumo energético do que apenas no gás, e passa a vida a dizer-me isso (de forma muito irritante e intrusiva, diga-se), em anúncios online. Mas este canal de comunicação, barato, óbvio e eficaz, não valoriza.

Há casos em que o no-reply pode fazer sentido. Mas na maioria dos casos em que é usado, não só não faz o menor sentido, como é um desperdício.

Há mais casos de mantras e lapalissadas que eu sempre julguei óbvias, mas que tenho descoberto que afinal não são tão óbvias como isso.

Dedicar-lhes-ei algum tempo, brevemente.

 

João Abel Manta

Jonasnuts, 08.04.24

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Não é de hoje, a admiração que nutro por João Abel Manta. Vem de há muitos anos, de quando ainda não sabia quem ele era, mas já lhe admirava a obra. Mesmo miúda, muitas mensagens conseguiam chegar. Não todas, evidentemente, mas muitas. 

 

Ao longo dos anos, tenho vindo a saber mais coisas, a conhecer mais, a aprofundar. Exposições, artigos, entrevistas (que evito muito, porque cada vez menos quero conhecer os artistas cuja obra me é fundamental - mas nunca desiludiu). E quanto mais conheço, mais gosto, e mais me espanto com o génio, e mais perplexa fico com o relativo desconhecimento dos portugueses, em relação a um dos mais geniais artistas portugueses. Ia dizer "da sua geração", mas ultrapassa largamente essa definição.

 

Isto tudo a propósito da exposição "Livre", que inaugurou no sábado, no Palácio Anjos, em Algés.

 

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Moro quase ao lado, mas soube da coisa pelo facebook do curador, o Pedro Piedade Marques, de quem sou amiga de Facebook sabe-se lá por que portas e travessas, mas que tem sido o meu farol e barómetro, no que ao trabalho de João Abel Manta diz respeito.

 

Por isso, soube que na inauguração iria haver uma visita guiada, pelo Pedro Piedade Marques, pelo Jorge Silva e pela Mariana Manta (sem link, porque os que encontrei são pessoais), marquei na agenda e reservei a tarde. 

 

Não me arrependi. Uma visita muito rica, despretensiosa, acessível (tenho sempre imenso receio daquilo a que chamo a intelectualidade aguda, que faz com que algumas visitas se tornem meros exercícios de exibicionismo, que servem muito mal quer o público quer os artistas sobre quem se fala), e é sempre um gosto ouvir falar pessoas que percebem da poda, e se entusiasmam a falar da poda. Aprendi imenso e as mais de duas horas que durou pareceram poucos minutos.

Já tinha levado o puto à de Cascais (adorou), hei-de levá-lo também a esta. 

E já tenho marcada uma visita ao Museu de Gouveia, no dia 18 deste mês. 

Quem estiver por perto, que espere mais uns dias, que no dia 25 inaugura uma exposição nova, e um mural de homenagem à obra de João Abel Manta.

 

Quase no fim, mais uma perplexidade. Como é que é possível que não haja um Museu João Abel Manta? Em Lisboa, já agora, que foi a sua cidade (apesar de ser um homem do mundo).

Porque é que não há um espaço fixo, dedicado à divulgação da vida e obra deste genial artista?

Para terminar....... um pedido :-) 

Reproduções a preço acessível. Eu consegui arranjar dois cartazes, que tenho na sala, mas não só são reproduções muito ranhosas e impressas num papel  que não deve durar muito, como são poucas as coisas que se conseguem encontrar. 

Olha...... era a loja do museu :-)