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Jonasnuts

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Ainda a comunicação das eleições europeias

Jonasnuts, 04.06.24

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Na sequência do meu post anterior (auto-link), e porque entretanto tive acesso a mais informação e documentação (no âmbito do meu trabalho como TAI - Técnica de Apoio Informático), achei que fazia sentido aprofundar um bocadinho a forma como estas eleições europeias, com as alterações e mudanças que trazem, têm estado a ser comunicadas.

A comunicação tem vários destinatários. A população em geral, os membros das assembleias de votos e os TAI que vão estar a dar apoio aos membros das assembleias de voto.

Como se sabe, comunicamos diferentes coisas e de diferentes formas, consoante a audiência para quem falamos, e consoante o que queremos transmitir.

Mas, em toda a comunicação, deve haver um cuidado especial de harmonização, no que diz respeito ao vocabulário escolhido.

No início era o verbo, não eram os verbos.

Nuns sítios é user, noutros é utilizador, noutros é login.

Nuns sítios é senha, noutros é pin, noutros é password.

Alguém tem de ensinar ao MAI (ou a quem este contratou para tratar da comunicação), a importância da uniformização da linguagem, sobretudo em contextos tecnológicos para utilização de não técnicos.

Os exemplos são muitos (endereço, url, site, sítio, webpage), mas não quero ser exaustiva.

Outra exemplo gritante de falha na comunicação, desta vez para a população em geral, é o facto de dizerem "pode votar em qualquer lado", seguido de um "descubra aqui a assembleia de voto em que está registado". Se dessem um mapa, com as assembleias de voto, para que a pessoa pudesse ver qual a mais próxima, estaria muito bem. 

Mas, dizer às pessoas que podem votar em qualquer lado e de seguida apresentar o formulário que permite à pessoa verificar qual é a assembleia de voto em que está registada, é contraditório e induz em erro. Sobretudo porque para 99% dos casos (mas não 100%) essa informação é irrelevante.

 

Por último, um tema que me é muito caro há muito tempo, mas que parece não fazer sentido para o MAI, a linguagem inclusiva. 

Toda a comunicação destas eleições (na realidade, toda a comunicação, mas este post é sobre as eleições europeias) fala para o homem, o gajo, o masculino, as pilas. O eleitor, o técnico, o presidente, o escrutinador, o secretário (imagine-se, um gajo secretário :-).

Eu sei que há problemas de língua difíceis de resolver, e que o português é muito binário, com prevalência para o masculino (I wonder why), mas já vai sendo tempo de, pelo menos o estado, falar para toda a gente em igualdade de circunstâncias e não com hierarquias, em que se fala para eles, e elas que percebam se estão incluídas ou não.

 

Gostava de ver mais gente preocupada com as palavras, o poder transformador das palavras, e o poder inclusivo do discurso.

Num momento em que se fala de comunicação personalizada, sobretudo as marcas, que querem tanto conhecer os hábitos de navegação e de consumo dos seus consumidores, para "lhes proporcionar uma experiência mais adaptada ao seu perfil", podiam começar pelo básico, e falar para toda a gente, em vez de falarem apenas para os gajos.

Gostava de ver as comunicações das marcas a virem ter connosco à terceira década do século XXI, em vez de estarem estagnadas na quinta década do século XX. 

Gostava de ver mais gente, nas marcas, a perceber que pegar em todos os conteúdos que tem públicos e "traduzi-los" para linguagem inclusiva, é um trunfo diferenciador, e não uma trabalheira que não serve para nada.

Incomoda-me muito, a falta de visão de futuro.

No-reply

Jonasnuts, 11.04.24

Este é um post que me está atravessado há muito tempo. Há anos, mesmo. Mas acabou por nunca acontecer, até hoje.

 

Enquanto consultora para a área de comunicação digital, é minha competência, responsabilidade e dever, aconselhar os meus clientes, no que diz respeito a todas as vertentes da comunicação digital, quer com os seus clientes, quer com a sua audiência e restantes stakeholders.

 

Um dos meus mantras é: "nunca se deve desperdiçar uma oportunidade de contacto". Seja qual for o canal, todos o potencial meio de contacto deve ser valorizado e integrado no pipeline de atenção e resposta.

Pensei que isto fosse óbvio, uma espécie de lapalissada, um mantra generalizado por todos aqueles que trabalham em comunicação em geral, e em comunicação digital em particular.

 

Desde sempre que nos "meus" serviços todos os canais eram merecedores de atenção. Mail, mensagens, comentários num blog, tweets, comentários de facebook ou instagram, telefone, presencial, etc....


É por isso com muita estranheza que encontro com muita frequência mails cujo remetente é um no-reply. Normalmente são mails que sou obrigada a receber, por parte de fornecedores de serviços. Não só, mas sobretudo. E é sempre com muita perplexidade que vejo o no-reply no remetente.

O que é que passa pela cabeça destas pessoas, destas equipas de comunicação, das consultoras que as servem, desperdiçar desta forma uma oportunidade de comunicação?

 

Para mim, isto é um erro colossal de comunicação empresarial. Num momento em que as marcas lutam por conseguir a atenção das pessoas, investem milhões em marketing e publicidade e descuram uma forma tão óbvia de potencial de contacto com os destinatários dos seus mails. Lá está, são empresas antigas, que ainda alinham pela comunicação unidirecional, em vez de avançarem até ao século XXI, compreendendo que a bidirecionalidade da comunicação é o futuro (enfim, para algumas empresas é já o presente).

E porque é que este post, que está para ser escrito há tanto tempo, é escrito hoje? 

Porque a Galp me mandou um mail, com uma continha para pagar. Como habitualmente, o mail tem um anexo em PDF e, também como habitualmente, o remetente do mail é um no-reply.

E o anexo diz o seguinte:

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Gostava muito de explicar à Galp que quem gerou o pdf se enganou, e usou uma fonte proprietária, sem que tenha identificado uma alternativa, o que faz com que qualquer pessoa que não tenha esta fonte instalada, não consiga ler o documento. Gostava de explicar, mas não consigo, porque o remetente desta mensagem é um no-reply.

 

E reparem, a Galp até quer muito que eu seja sua cliente em mais áreas do consumo energético do que apenas no gás, e passa a vida a dizer-me isso (de forma muito irritante e intrusiva, diga-se), em anúncios online. Mas este canal de comunicação, barato, óbvio e eficaz, não valoriza.

Há casos em que o no-reply pode fazer sentido. Mas na maioria dos casos em que é usado, não só não faz o menor sentido, como é um desperdício.

Há mais casos de mantras e lapalissadas que eu sempre julguei óbvias, mas que tenho descoberto que afinal não são tão óbvias como isso.

Dedicar-lhes-ei algum tempo, brevemente.

 

#IVDM Comunicação de crise

Jonasnuts, 02.02.21

Isto Vai Dar Merda – na Pandemia.jpg

A (boa) comunicação pode acabar com uma Pandemia?

 

É o ponto de partida para o debate que hoje vou moderar, e que conta com a participação da Joana Lobo Antunes, do  Pedro Aniceto e do Marco Maia. Às 21h30, aqui.

 

Apareçam e participem nos comentários (ou no Twitter, claro).

Se não sabem o que é o IVDM, podem ver tudo, aqui, incluindo os belíssimos debates já transmitidos.

Comunicação de RGPD em muito bom

Jonasnuts, 25.05.18

São muitos os exemplos de comunicação de RGPD que inundaram as nossas caixas de correio nos últimos tempos. A grande maioria é banal, há muitos que são verdadeiramente maus e contam-se pelos dedos de uma mão os que são verdadeiramente bons.

 

Um dos melhores é o da Via Verde. Quem diria. Well done senhores (que não conheço e não sei quem são e que não me pagaram para dizer isto).

 

Uma comunicação altamente personalizada, com piada, bem escrita, tudo no sítio. Só é pena, e tinha de haver um senão, que o remetente seja um noreply. Perdem uma oportunidade de comunicação com os clientes e eu não acredito em oportunidades de comunicação perdidas.

 

Tirando isto, destaca-se claramente da maioria das centenas de mensagens que me chegaram à caixa de correio no último mês.

 

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