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Jonasnuts

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João Abel Manta

Jonasnuts, 08.04.24

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Não é de hoje, a admiração que nutro por João Abel Manta. Vem de há muitos anos, de quando ainda não sabia quem ele era, mas já lhe admirava a obra. Mesmo miúda, muitas mensagens conseguiam chegar. Não todas, evidentemente, mas muitas. 

 

Ao longo dos anos, tenho vindo a saber mais coisas, a conhecer mais, a aprofundar. Exposições, artigos, entrevistas (que evito muito, porque cada vez menos quero conhecer os artistas cuja obra me é fundamental - mas nunca desiludiu). E quanto mais conheço, mais gosto, e mais me espanto com o génio, e mais perplexa fico com o relativo desconhecimento dos portugueses, em relação a um dos mais geniais artistas portugueses. Ia dizer "da sua geração", mas ultrapassa largamente essa definição.

 

Isto tudo a propósito da exposição "Livre", que inaugurou no sábado, no Palácio Anjos, em Algés.

 

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Moro quase ao lado, mas soube da coisa pelo facebook do curador, o Pedro Piedade Marques, de quem sou amiga de Facebook sabe-se lá por que portas e travessas, mas que tem sido o meu farol e barómetro, no que ao trabalho de João Abel Manta diz respeito.

 

Por isso, soube que na inauguração iria haver uma visita guiada, pelo Pedro Piedade Marques, pelo Jorge Silva e pela Mariana Manta (sem link, porque os que encontrei são pessoais), marquei na agenda e reservei a tarde. 

 

Não me arrependi. Uma visita muito rica, despretensiosa, acessível (tenho sempre imenso receio daquilo a que chamo a intelectualidade aguda, que faz com que algumas visitas se tornem meros exercícios de exibicionismo, que servem muito mal quer o público quer os artistas sobre quem se fala), e é sempre um gosto ouvir falar pessoas que percebem da poda, e se entusiasmam a falar da poda. Aprendi imenso e as mais de duas horas que durou pareceram poucos minutos.

Já tinha levado o puto à de Cascais (adorou), hei-de levá-lo também a esta. 

E já tenho marcada uma visita ao Museu de Gouveia, no dia 18 deste mês. 

Quem estiver por perto, que espere mais uns dias, que no dia 25 inaugura uma exposição nova, e um mural de homenagem à obra de João Abel Manta.

 

Quase no fim, mais uma perplexidade. Como é que é possível que não haja um Museu João Abel Manta? Em Lisboa, já agora, que foi a sua cidade (apesar de ser um homem do mundo).

Porque é que não há um espaço fixo, dedicado à divulgação da vida e obra deste genial artista?

Para terminar....... um pedido :-) 

Reproduções a preço acessível. Eu consegui arranjar dois cartazes, que tenho na sala, mas não só são reproduções muito ranhosas e impressas num papel  que não deve durar muito, como são poucas as coisas que se conseguem encontrar. 

Olha...... era a loja do museu :-)

 

 

 

Diagnósticos

Jonasnuts, 27.03.24

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Sempre gostei de informação. 

Estar informada acerca de algo, permite-me tomar melhores decisões. Lá está, decisões informadas.

 

Um diagnóstico, é informação.  Sobre nós, quando nos autodiagnosticamos ou quando recebemos um diagnóstico. Sobre os outros, quando os diagnosticamos ou partilham connosco um diagnóstico.

Um diagnóstico permite-nos conhecermo-nos melhor, identificar problemas, características, comportamentos, e agir, com base nessa informação, no sentido que queremos. Seja o de resolver problemas, alterar comportamentos (ou reforçá-los). Somos, na maior parte dos casos, muito mais do que apenas um diagnóstico, ou um conjunto de diagnósticos, mas tenho vindo a aprender que uma das primeiras coisas que devíamos fazer, na vida, era conhecermo-nos a nós próprias. E, nesse caminho, há diagnósticos que ajudam.

 

No caminho de nos conhecermos melhor, também importa, às vezes, conhecer melhor as pessoas de quem escolhemos estar próximas. Diagnosticá-las. É uma forma de as conhecer melhor, mas também de nos conhecermos melhor.

 

Tenho chegado a alguns diagnósticos, ultimamente. Póprios e alheios.

Tenho descoberto que os diagnósticos são, para mim, altamente libertadores.

 

Viva os diagnósticos.

Viagens na minha terra

Jonasnuts, 12.03.24

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Era para ter sido no final do ano passado, mais tardar início deste ano, mas é agora.

2023 foi o ano em que mais km fiz. Um trabalho que implicou muitas deslocações, para dar formação, e que me permitiu conhecer um bocadinho melhor (e em alguns casos, conhecer pela primeira vez) Portugal continental.

 

Nada de extraordinário, isto, não fosse dar-se o caso de ter feito todas as viagens de mota. Continua a não ter nada de extraordinário para o resto do mundo, mas é extraordinário para mim, que há meia dúzia de anos mal andava de bicicleta. Um post específico sobre isto, um destes dias.

Póvoa de Lanhoso, Tomar, Cartaxo, Valongo, Santa Comba Dão, Quarteira,  Guimarães, Braga, Viana do Castelo, Viseu e Coimbra (entre outros, mais perto e que não justificam presença na lista).

Mais de 6.000km, por estradas e auto-estradas, nem sempre com o tempo suficiente para visitas turísticas, mas mesmo assim, deu para conhecer muita coisa que não conhecia ainda.

Tanto sítio para onde me mudava já amanhã, sem pensar duas vezes.

Mas este é um post para assinalar km percorridos com a minha Maria.

Também teria dado para fazer de carro, mas não teria sido tão divertido (embora, devo confessar, em alguns casos, teria sido mais confortável - viajar à noite, de inverno, de mota, a chover e com frio e com vento não é o meu petisco preferido).

 

Mas foram km feitos, experiência ganha, para poder atirar-me a voos mais altos. Talvez no ano que vem :-)

Speed

Jonasnuts, 01.09.23

Image by fanjianhua on Freepik

 

Tenho este post encasquetado há, seguramente, um ano. Tem sido algo que se tem vindo a agudizar, à medida que percorro mais km. E, 2023, tem sido prolífero em km.

 

Temos um problema endémico de velocidade. Onde quer que eu esteja, lugar, aldeia, vila, cidade, estrada nacional ou auto-estrada, se não olhar para o velocímetro e me limitar a acompanhar a velocidade de quem me rodeia, estarei (amplamente) em excesso de velocidade. Independentemente de ir de carro ou de mota.

 

Eu já fui das velocidades, é um facto. Mas foi noutra altura da minha vida. Neste momento, já aprecio e valorizo o passeio, em vez do tempo que demoro a chegar ao destino, mesmo que seja um passeio para o sítio do costume.

 

No fundo, decidi abrandar. E foi quando decidi abrandar que me apercebi da existência deste problema. Anda toda a gente depressa demais. E reclamam, se uma pessoa for dentro do limite legal, mesmo que seja ali mesmo em cima do limite máximo. Todas as semanas tenho vários exemplos disto (momento em que digo - tenho de escrever aquele post), porque é com frequência que passo nos viadutos de Pedrouços, quer para um lado, quer para o outro. O limite é de 20km/h (já lá vamos aos limites absurdos, idiotas ou, pelo menos, de motivação difícil de compreender e sem fundamentação pública). Eu não cumpro este limite, confesso, mas mesmo que eu faça os viadutos ao dobro do máximo permitido por lei (portanto, 40km/h, que já dá uma multa muito simpática e remoção de pontos da carta de condução), dizia eu, se fizer os viadutos ao dobro da velocidade máxima permitida tenho, mesmo assim, sempre, alguém a encostar-se à minha traseira, e, não raramente, a fazer luzes e até a apitar para eu acelerar.

 

Ora........ quando se chegam à minha traseira e eu vou de carro, o problema é relativamente fácil de resolver, não é? Porque dá-se um cheirinho de travão, até com o pé esquerdo, só para acender a luz, e eles percebem a mensagem. Reclamam, espumam, mas desencostam-se da minha traseira. 

Já quando vou de mota, a história é diferente, não é? Eles encostam-se à minha traseira e quem tem traseira, tem medo :-)

 

Irritam-me muito, estes. O que faço normalmente é manter a minha velocidade, deixá-los ultrapassar assim que acaba o viaduto, e lá vão eles, cheios de pressa a acelerar até ao semáforo, momento em que os apanho.

 

Se me irritaram muito, meto-lhes a mota à frente, desço o descanso, desligo e vou lá falar com eles. Se não me irritaram muito, apenas faço as coisas muito lentamente. E depois quando me tentam ultrapassar, furibundos, deixo-os a ver a minha traseira ao longe. Não me põem mais a vista em cima.

 

Mas irrita, sentir-me em perigo, porque esta malta não só não respeita os limites de velocidade, como não respeita os limites da distância que se deve guardar para o veículo da frente. Tenho de retomar a minha ideia da pistola de paintball (auto-link).

 

Mas retomando o tema...... temos um problema endémico de excesso de velocidade. Basta olhar para as reações à instalação de novos radares. Tudo muito furioso e a gritar "caça à multa". Epá, andem dentro dos limites e já não são multados. E se não concordam com os limites, vão atrás e descubram qual é o processo para registar uma reclamação fundamentada e justificada. 

 

Porque o pessoal respeita os radares........ ali na avenida de Ceuta é um mimo, vai tudo ali na casa dos 100, até chegarem perto do radar, passa para 50 (muitas vezes com travagem brusca) e depois, quando chega à distância em que acham que já estão a salvo (aquela distância do "já deve dar"), volta tudo aos 100 e mais.

 

Não ajuda que muitos limites sejam absurdos. Ali no fim da 2ª circular, há um momento em que a velocidade passa dos 80 para os 60 e logo a seguir para os 50. Até hoje não percebi a razão de ser da velocidade ser 50. Vai ali tudo a 50, porque há radar, a olhar uns para os outros com ar de "não me lixem, porra, aqui é seguro ir mais depressa".

 

Eu sou muito a favor da descida da velocidade máxima permitida em muitos sítios das cidades, de 50 para 30. E sou a favor disto há relativamente pouco tempo. Desde que andei de bicicleta em Amesterdão.

O puto vive em Amesterdão. Quando foi para lá, disse-me logo que só ia andar de bicicleta (já era o que fazia por cá), e eu fiquei com medo, claro. Porque sou mãe e, por isso, o medo é condição básica, mas também porque ando no trânsito, aqui, de mota (mesmo que seja uma mota um bocadinho maior do que as scooters) e sei o perigo que é. 

E depois andei de bicicleta lá, e descansei. Um bocadinho, pronto. Porque os carros são menos. E porque andam mais devagar. E porque respeitam os ciclistas. Aliás, tive mais problemas com ciclistas do que com carros (andar de bicicleta não é a minha cena). 

 

Estamos a muitos anos do grau de civilidade ciclística e motora de Amesterdão, mas para diminuirmos essa distância, alguma coisa tem de ser feita, para além da instalação de radares.

 

Não serve para nada, diminuir a velocidade máxima permitida, se ninguém respeita os limites. 

 

Não sei como é que isto se resolve. Melhorar transportes públicos? Melhorar a formação das pessoas, quando tiram a carta? Teriam de começar pelos instrutores. Sensibilizar as pessoas para a empatia? Pensar no outro? Aprender a não fazer razias. Aprender a diminuir a velocidade em contextos onde esta represente um perigo para os outros (motas, bicicletas, trotinetas, peões). 

 

Mas como é que se ensina isto, se depressa e com pressa é o default de toda a gente?