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Jonasnuts

Jonasnuts

Speed

Jonasnuts, 01.09.23

Image by fanjianhua on Freepik

 

Tenho este post encasquetado há, seguramente, um ano. Tem sido algo que se tem vindo a agudizar, à medida que percorro mais km. E, 2023, tem sido prolífero em km.

 

Temos um problema endémico de velocidade. Onde quer que eu esteja, lugar, aldeia, vila, cidade, estrada nacional ou auto-estrada, se não olhar para o velocímetro e me limitar a acompanhar a velocidade de quem me rodeia, estarei (amplamente) em excesso de velocidade. Independentemente de ir de carro ou de mota.

 

Eu já fui das velocidades, é um facto. Mas foi noutra altura da minha vida. Neste momento, já aprecio e valorizo o passeio, em vez do tempo que demoro a chegar ao destino, mesmo que seja um passeio para o sítio do costume.

 

No fundo, decidi abrandar. E foi quando decidi abrandar que me apercebi da existência deste problema. Anda toda a gente depressa demais. E reclamam, se uma pessoa for dentro do limite legal, mesmo que seja ali mesmo em cima do limite máximo. Todas as semanas tenho vários exemplos disto (momento em que digo - tenho de escrever aquele post), porque é com frequência que passo nos viadutos de Pedrouços, quer para um lado, quer para o outro. O limite é de 20km/h (já lá vamos aos limites absurdos, idiotas ou, pelo menos, de motivação difícil de compreender e sem fundamentação pública). Eu não cumpro este limite, confesso, mas mesmo que eu faça os viadutos ao dobro do máximo permitido por lei (portanto, 40km/h, que já dá uma multa muito simpática e remoção de pontos da carta de condução), dizia eu, se fizer os viadutos ao dobro da velocidade máxima permitida tenho, mesmo assim, sempre, alguém a encostar-se à minha traseira, e, não raramente, a fazer luzes e até a apitar para eu acelerar.

 

Ora........ quando se chegam à minha traseira e eu vou de carro, o problema é relativamente fácil de resolver, não é? Porque dá-se um cheirinho de travão, até com o pé esquerdo, só para acender a luz, e eles percebem a mensagem. Reclamam, espumam, mas desencostam-se da minha traseira. 

Já quando vou de mota, a história é diferente, não é? Eles encostam-se à minha traseira e quem tem traseira, tem medo :-)

 

Irritam-me muito, estes. O que faço normalmente é manter a minha velocidade, deixá-los ultrapassar assim que acaba o viaduto, e lá vão eles, cheios de pressa a acelerar até ao semáforo, momento em que os apanho.

 

Se me irritaram muito, meto-lhes a mota à frente, desço o descanso, desligo e vou lá falar com eles. Se não me irritaram muito, apenas faço as coisas muito lentamente. E depois quando me tentam ultrapassar, furibundos, deixo-os a ver a minha traseira ao longe. Não me põem mais a vista em cima.

 

Mas irrita, sentir-me em perigo, porque esta malta não só não respeita os limites de velocidade, como não respeita os limites da distância que se deve guardar para o veículo da frente. Tenho de retomar a minha ideia da pistola de paintball (auto-link).

 

Mas retomando o tema...... temos um problema endémico de excesso de velocidade. Basta olhar para as reações à instalação de novos radares. Tudo muito furioso e a gritar "caça à multa". Epá, andem dentro dos limites e já não são multados. E se não concordam com os limites, vão atrás e descubram qual é o processo para registar uma reclamação fundamentada e justificada. 

 

Porque o pessoal respeita os radares........ ali na avenida de Ceuta é um mimo, vai tudo ali na casa dos 100, até chegarem perto do radar, passa para 50 (muitas vezes com travagem brusca) e depois, quando chega à distância em que acham que já estão a salvo (aquela distância do "já deve dar"), volta tudo aos 100 e mais.

 

Não ajuda que muitos limites sejam absurdos. Ali no fim da 2ª circular, há um momento em que a velocidade passa dos 80 para os 60 e logo a seguir para os 50. Até hoje não percebi a razão de ser da velocidade ser 50. Vai ali tudo a 50, porque há radar, a olhar uns para os outros com ar de "não me lixem, porra, aqui é seguro ir mais depressa".

 

Eu sou muito a favor da descida da velocidade máxima permitida em muitos sítios das cidades, de 50 para 30. E sou a favor disto há relativamente pouco tempo. Desde que andei de bicicleta em Amesterdão.

O puto vive em Amesterdão. Quando foi para lá, disse-me logo que só ia andar de bicicleta (já era o que fazia por cá), e eu fiquei com medo, claro. Porque sou mãe e, por isso, o medo é condição básica, mas também porque ando no trânsito, aqui, de mota (mesmo que seja uma mota um bocadinho maior do que as scooters) e sei o perigo que é. 

E depois andei de bicicleta lá, e descansei. Um bocadinho, pronto. Porque os carros são menos. E porque andam mais devagar. E porque respeitam os ciclistas. Aliás, tive mais problemas com ciclistas do que com carros (andar de bicicleta não é a minha cena). 

 

Estamos a muitos anos do grau de civilidade ciclística e motora de Amesterdão, mas para diminuirmos essa distância, alguma coisa tem de ser feita, para além da instalação de radares.

 

Não serve para nada, diminuir a velocidade máxima permitida, se ninguém respeita os limites. 

 

Não sei como é que isto se resolve. Melhorar transportes públicos? Melhorar a formação das pessoas, quando tiram a carta? Teriam de começar pelos instrutores. Sensibilizar as pessoas para a empatia? Pensar no outro? Aprender a não fazer razias. Aprender a diminuir a velocidade em contextos onde esta represente um perigo para os outros (motas, bicicletas, trotinetas, peões). 

 

Mas como é que se ensina isto, se depressa e com pressa é o default de toda a gente?

A fundo

Jonasnuts, 25.07.21

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Sempre andei a abrir. Em muita coisa. Na vida, em geral. 

 

Ando, de há uns tempos para cá, a descobrir as delícias do tempo moderado, os compassos de espera, as pausas. Saborear o momento, em vez de o devorar. Tem estado a ser um processo, naturalmente, que estas coisas, de tão entranhadas, não se mudam de um momento para outro. Nem eu quero mudar, tudo, pelo menos. Mas aprender a saborear, tem os seus encantos.

 

Decidi, por causa de notícias recentes, avaliar a forma como uso o espaço público, no que à velocidade diz respeito. E, a verdade, é que se há regra de trânsito que violo com furiosa frequência, é a da velocidade.

Decidi, pois, experimentar abrandar também na condução. Do carro, que de mota nunca fui grande transgressora.

 

De há 3 semanas para cá que sempre que ando de carro (e só tenho podido andar de carro), vou extra atenta e auto-consciente em relação à velocidade e constatei algumas coisas:

 

 - É muito difícil manter-me dentro dos limites legais. Se divago, quando olho para o velocímetro já estou em excesso. Tenho de estar quase sempre a pensar em não ultrapassar o limite. As minhas velocidades de conforto são muito acima do limite legal.

 

- Ninguém anda abaixo do limite máximo. Desde que adotei de forma fundamentalista as velocidades legais, raramente ultrapasso quem quer que seja, e sou ultrapassada a torto e a direito.

 

- O pessoal acha que andar dentro dos limites legais devia ser proibido e reclama muito. Luzes, buzinadelas, insultos, gente que se encosta à minha traseira (salvo seja) numa tentativa de pressionar para que eu ande mais depressa (surte o efeito oposto).

 

- Gasta-se muito menos gasolina, andando dentro dos limites legais.

 

Tenho estado a gostar da experiência. Sentar-me ao volante do carro deixou de ser encarado como uma corrida, passou a ser encarado como um passeio. Saborear a viagem. 

 

Claro que não deixei de ser eu, mesmo saboreando a viagem. Não me deu um ataque zen. Continuo a abominar chico-espertos. Para lhes contrariar a vida, continua a dar jeito ter um carro com bom poder de arranque, e o bocadinho do meu mau-feitio que não pretendo extinguir.

Guarda-se a pressa e a intensidade para ocasiões mais pertinentes e saboreiam-se as viagens.

 

Está-se bem, na calma. 

O pacote de sal

Jonasnuts, 27.11.20

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Sou uma pessoa rápida. A velocidade atrai-me, em quase tudo. A condução é um exemplo óbvio, mas não é dessa velocidade que falo. 

Velocidade de pensamento. É essa a velocidade a que me refiro. Velocidade na tomada de decisões. Decido muito rapidamente. Sempre foi assim. E gosto de pessoas rápidas. 

Um jogo de ping-pong entre duas pessoas com a mesma velocidade é muito estimulante.

Tenho aprendido ultimamente que ter alguma calma nas decisões que tomo tem as suas vantagens. Identificar um dilema, um problema, uma dúvida, uma hesitação e, em vez de tomar a decisão rápida que me apetece e ir por aí afora, passo agora, às vezes, a travar-me, a obrigar-me a ter calma, a identificar todos os cenários possíveis, todos os desfechos, todas as vantagens e desvantagens, todos os meus possíveis estados de espírito e emoções. Porque às vezes, naquele momento, não estou a ver as coisas com toda a clareza, ou estou no calor do momento, ou sou, simplesmente, precipitada.

 

Não é fácil, este treino, por isso desenvolvi uma estratégia. Implica só um bocadinho de disciplina, mas nessa matéria não tenho grandes dificuldades. E só se aplica às coisas sobre as quais tenho poder de decisão. Há coisas que são decididas fora de mim, quanto a essas, nada a fazer, é acompanhar o ritmo da música que toca. Há decisões em que não sou eu o maestro.

Mas, para as decisões em que sou eu que mando e que tenham um impacto razoável na minha vida, a estratégia é simples, uso o método do saleiro.

Sobre o que tenho a decidir, só decido definitivamente, quando tiver terminado todo o sal que está no saleiro da cozinha. E o meu saleiro é grande, leva 1kg de sal.

Se num dado momento me apetece antecipar o prazo, cozinho com mais sal, se me apetece demorar-me um bocadinho mais, cozinho com menos sal. 

Este método tem-se revelado muito interessante, sobretudo se eu comparar a decisão que me apetece tomar no imediato com a decisão que acabo por tomar quando o sal chega ao fim. Às vezes é a mesma, e o processo apenas a reforça. Às vezes é diferente.

No limite, até posso perceber que não havia nenhuma decisão para tomar.

Acabei o sal ontem. Já voltei a encher o saleiro. Sem decisões pendentes.

 

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Estratégia da Segway

Jonasnuts, 09.01.08
De acordo com algumas notícias, como por exemplo esta, o limite máximo de velocidade dentro das localidades vai baixar de 50Km/h para 30Km/h.

Das duas uma, ou é um lobby de gajas que está a propor a lei, ou é um lobby da Segway, para aumentar as vendas.

Porra, 30Km/h?
Já a cinquenta eu vou a stressar com a velocidade, quanto mais se baixam para trinta.

Hélderes

Jonasnuts, 21.10.07
Há 15 dias, na A17, a estrear a A17, por sinal.
Íamos na faixa da esquerda, a passar uma carrinha Audi. De repente, imediatamente antes de passarmos a carrinha, esta assinala pisca para a esquerda e começa, sem razão aparente, a chegar-se para a faixa onde íamos. Atalhou caminho, voltou à sua faixa, assinalando o facto com o pisca da direita.

Quando passámos por eles, olhei-os com insistência.

Como eram? - Perguntou ele.
Eram uns Hélderes - Respondi eu.
Vamos fugir desses gajos, que são um perigo - Acrescenta ele.

Fugimos.

10 Km mais tarde, os Hélderes param na berma, saem do carro, colocam o chapéu típico da farda da polícia de trânsito, e sacam-nos €300. Disponibilizam vários métodos de pagamento. Cheque, multibanco, visa.

Uns modernaços, estes evangelizadores.