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Jonasnuts

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Esclarecimento - a greve

Jonasnuts, 24.11.10

Não fiz greve. Não fiz greve porque achei que não devia. Acho que quem fez greve, se o fez por convicção, fez muito bem. O direito à greve demorou demasiado a conquistar para andar a ser desbaratado (e desvalorizado) por dá cá aquela palha. Mas é um direito. Tal como é um direito não fazer greve. Somos crescidinhos, fazemos as nossas escolhas, respeitamos as escolhas dos outros.

 

Ao não fazer greve eu:

1 - Não validei de nenhuma forma o governo que temos neste momento.

2 - Não coloquei em causa o direito à greve.

3 - Não apoiei quaisquer políticas sociais, económicas ou outras.

4 - Não fiz nenhuma declaração política.

5 - Não passei a ser de direita.

6 - Não me transformei em fascista reaccionária.

 

Custa entender que eu, ao não fazer greve, a única coisa que fiz foi, ir trabalhar?

O pai infértil

Jonasnuts, 18.11.10

Pois, eu sei, o título parece ser contraditório, mas é assim mesmo.

 

Quando alguém se apresenta como pai de algo, ou o pai de alguém, ninguém tem motivos para duvidar, presume-se que sim senhor, aquele tipo que diz que é o pai, é, de facto o pai.

 

O problema é que quando olhamos para a criança começamos a ver que é muito parecida com outras mais velhinhas, mais robustas, mais funcionais, mais bonitas, filhas de outros pais.

 

Há um caso recorrente no panorama nacional, dum auto-proclamado pai, que dá à luz com pompa e circunstância, afirmando-se como o único, o pioneiro, o inventor, o primeiro (e anda por aí tanto homem enganado a julgar que foi o primeiro), o empreendedor, o maior dos bonecos da bola.

 

Até aqui nada de mal, cada maluco com sua mania. O que me preocupa são as virgens, algumas já não tão virgens como isso, que continuam a emprenhar pelos ouvidos, e a dar crédito a alguém que não tem, claramente, competências para assegurar a coisa. Reparem, não sou eu que digo que não tem competência, são os filhos que já teve que, com o tempo, se vieram a provar ser pouco mais que nados mortos.

 

Juro que não percebo como é que depois de tantos anos a copiar terceiros e a vender o seu trabalho como original, este pai infértil ainda tem cara para lançar seja mais o que for e, sobretudo, como é que ainda tem audiência e seguidores clientes a dar-lhe crédito.

 

Bem sei que, em terra de cegos, quem tem olho é rei, mas esta terra não tem assim tantos cegos, e o olho em causa, até é meio vesgo, a julgar pela quantidade de pessoas tecnicamente competentes que se escangalham à gargalhada à simples menção do nome deste pai.

 

Solidariedade sexual

Jonasnuts, 16.11.10

Pronto, eu confesso que o título do post foi clara e propositadamente para chamar a atenção, que aviso já que não vão encontrar neste post as imagens/textos que esperavam e, cheira-me, daqui a uns tempos ainda há-de ser pela pesquisa dos termos "solidariedade sexual" que vêm uns incautos parar aqui.

 

Sou, desde há poucos momentos, rena oficial dos Anjinhos de Natal e, ao andar para cima e para baixo da página dos Anjinhos no Facebook, vejo mulheres, gajas, mulherio, gajedo. Um ou outro gajo lá diz qualquer coisa, lá faz um like e coiso e tal, mas a chegarem-se à frente, só gajas.

 

Porquê? Os homens são menos solidários que as mulheres? Ou quem decide estas coisas são sempre elas, e eles, a única coisa que fazem, é acartar com os saquinhos enquanto elas andam nas compras?

 

Há mais homens que mulheres, no Facebook. Porquê esta ausência de gajos a chegarem-se à frente na acção dos Anjinhos?

 

Amanhã quero ver se corro o departamento técnico (gajos, gajos e mais gajos) do sítio onde trabalho, a ver se os convenço a pedirem autorização às mulheres/namoradas para participarem.

 

Cheguem-se à frente, senhores.

Lisboa parece a casa da D. Lídia

Jonasnuts, 14.11.10

Por motivos profissionais, durante a semana passada passei algum tempo na expo, sim, parque das nações é como lhe chamam, mas para mim aquilo é a expo e mais nada.

 

Morando no outro extremo e tendo de deixar o meu filho na escola, andei a fazer piscinas, o que me permitiu perceber que Lisboa está a engalanar-se para a cimeira da NATO.

 

Ele é bandeiras, ele é buraquinhos de estrada arranjados (mas apenas nos sítios por onde vão passar os VIPs, claro), ele é os jardins tratados, uma festa.

 

Isso recorda-me a casa da D. Lídia. Em dias normais, embora a D. Lídia não deixasse o lixo acumular-se até ao tecto, a casa estava mais ou menos, pronto, boa para os que lá viviam. Mas em dia de receber pessoas, havia longos trabalhos de preparação, arrumação, exposição de bibelots (de preferência ainda com o preço) que voltavam para as prateleiras no minuto seguinte à saída dos convidados.

 

E foi isto que me ocorreu durante as minhas viagens por Lisboa. Uma cidade pimba, que no seu dia-a-dia se borrifa nos seus cidadãos e utentes, mas agora, que vêm aí os estrangeiros, tem de estar em condições para os receber, dando-lhes aquilo que não se esforça por dar a quem cá anda todos os dias.

 

Isto é serôdio, bacoco, saloio, além de pouco inteligente. A minha casa não é o cúmulo da arrumação (longe disso), mas se me serve a mim, serve a quem lá vai. Não ando à pressa a tirar os bibelots (que não tenho), para os expor estrategicamente, nem tiro o serviço de pratos (que não tenho) ou o serviço de copos (que também não tenho) para as pessoas especiais.

 

Especiais somos nós, seus palermas, não são as visitas.

 

E se estamos em contenção, pergunto-me para que é que serve o bandeirame que vejo espalhado pela cidade, senão para gastar dinheiro.

 

Mas pronto, isto devo ser eu e o meu mau-feitio, que gostamos pouco de festas e de nos engalanarmos para as ocasiões.

Os Geeks

Jonasnuts, 13.11.10

Nos últimos 3 dias estive mergulhada no Codebits. Por norma, eu já costumo conviver com muitos geeks, mas a verdade é que os 3 dias de Codebits representam uma amostra maior da geekalhada portuguesa, sobretudo aquela que não conheço pessoalmente.

 

Os geeks são malta divertida, e estranha. Enquanto andam a mexer nos bits e nos bytes e têm um computador à frente, a intermediar-lhes o mundo, são uma coisa, mas, de repente, no Codebits, esse intermediário nem sempre os ajuda, uma vez que têm de interagir, uns com os outros e com os outsiders.

 

Eu, como outsider, pude confirmar no Codebits algumas suspeitas, a saber:

 

Os geeks usam várias linguagens para comunicar com o mundo exterior. Não, não me refiro às coisas complicadas como o perl ou o php e demais parafernália. Refiro-me a 3 opções linguísticas típicas dos geeks:

 

1 - As t-shirts. Os geeks escolhem cuidadosamente as mensagens que levam ao peito. Quanto mais enigmática, mais geek é o gajo que a veste (ou mais wannabee, claro, que anda por aí muito para-geek sem saber o que leva escrito na t-shirt).

2 - O corte de cabelo (ou a ausência de corte) pode ser considerado um statement. Podem identificar-se opções linguísticas de programação, escolha de sistema operativo, telemóvel de eleição, olhando apenas para o corte de cabelo.

3 - Dentro do subgrupo dos que não vestem t-shirts há verdadeiros depoimentos feitos através de calças de pinças (ou sem pinças), de losangos nas meias (ou meias brancas), por sapatos (ou ténis), mas este subgrupo é constituído exclusivamente pelo Rui Carmo, por isso quase não conta.

 

Ainda na vertente linguística, há outra característica que os destaca. Sem razão aparente, de vez em quando desatam a falar inglês uns com os outros. Mesmo que todos sejam portugueses e mesmo que o seu inglês não seja grande coisa. Gostam de se exprimir em inglês. É porreiro, sempre fomos um país de comunicadores, aqui fica um link especial para vocês que gostam de falar (e de escrever) em inglês, mesmo quando o fazem para uma audiência maioritariamente portuguesa.

 

Esta é uma característica que me convém. Da próxima vez que eu for a uma conferência de geeks no estrangeiro, vou exigir que me falem em português, para serem hospitaleiros e bem educados.

 

E por último, ainda ao nível da comunicação, os geeks são um bocadinho esquizofrénicos. Eu explico. No twitter e nos mails tratam toda a gente por tu, mandam grandes caralha*** (a minha mãe e o meu filho lêem isto de vez em quando e eu já preenchi a quota de vernáculo desta década), mas depois, no frente a frente, quando ainda ontem no twitter estavam a dizer barbaridades, de repente, olham para o chão, esfregam as mãos, falam depressa e tratam-me por senhora (ou por Joana, mas isso agora não interessa).

 

Posto isto, resta-me dizer que sim, sim senhor, há excepções, mas apenas para confirmar a regra e concluo dizendo que, debaixo desta capa de timidez presencial e de expansionismo virtual, são, habitualmente, gajos porreiros.

 

Gosto de geeks, sempre gostei de geeks em geral, a que não é alheio o facto de trabalhar há muitos anos rodeada de geeks.

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