Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Jonasnuts

Jonasnuts

Os trolhas

Jonasnuts, 15.10.10

Qualquer gaja, seja qual for a idade e o aspecto físico, já ouviu bocas dos trolhas (os gajos não são esquisitos, marcha tudo). Uns mais ordinários (a maioria), uns mais singelos, uns mais agressivos, há-os para todos os gostos. E deve ser difícil, para um trolha, dissociar-se dos outros. Ser diferente, ser original. Têm de criar estratégias, frases de engate que os distingam do resto da manada. Presumo que não seja fácil.

 

O prédio ao lado do edifício onde trabalho está em obras e, consequentemente, cheio de trolhas. Um dia destes, ao passar, descobri um trolha que desenvolveu uma estratégia especial (e certeira). O gajo mia. Mia, como um gato. E resulta. As gajas olham. Do mal o menos. Miar não ofende, e pelos vistos, cumpre o objectivo, que é fazê-las olhar. Depois disso não sei o que fará, não fiquei para ver. Mas olham.

 

O mais fácil está feito. Sim, atrair a atenção é fácil. Manter essa atenção, nem tanto.

 

É como em publicidade. Aliás, é como quase tudo na vida.

 

Há uns anos, há muitos anos, eu era uma miúda, e passava todos os dias numa rua com fábricas. Passava por lá à hora do almoço, a caminho de casa da minha avó. Os operários reuniam-se cá fora e SEMPRE que eu passava, digamos que não miavam. Eram MUITO ordinários. Aquilo era incómodo. Eu era mesmo muito miúda, há palavras cuja fonética aprendi naquela rua, e cujo significado tive de perguntar em casa.

 

Hoje em dia daria direito a uma queixa na polícia, mas na altura era aceite.

 

As instruções que eu tinha era para não ligar e não responder. Segui-as durante pouco tempo. Rapidamente descobri que aquilo era só paleio, e que se uma pessoa, mesmo uma miúda muito miúda parasse e lhes respondesse colocando o dedo na ferida, eles punham o rabinho entre as pernas e amochavam. O dedo na ferida dos homens é, como se sabe, insinuar que o problema deles era terem a pila pequena. Resulta com TODOS os homens. Resultava lindamente com aqueles. Resolveu-se o problema rapidamente.

 

Mesmo assim não me senti suficientemente vingada. Anos mais tarde, já à frente do departamento de produção duma agência de publicidade, tive de pedir um orçamento a 3 grandes empresas de instalações luminosas. Era um orçamento para cobrir um edifício grande com a imagem duma conhecida marca nacional. Era uma coisa milionária. Uma das empresas era a tal da fábrica dos operários da pila pequena.

 

Não apresentaram o orçamento mais baixo, mas mesmo que o tivessem feito, não lhes teria dado o trabalho.

 

E na sua empresa? Os funcionários miam ou têm a pila pequena? :)

A minha mãe

Jonasnuts, 13.10.10

A minha mãe não é uma senhora. A minha mãe é uma gaja. E isto é, obviamente, um elogio.

 

Muito do que eu sou e do que eu não sou, devo-o à minha mãe. Sendo que me refiro às coisas boas que sou, e às coisas más que não sou.

 

Os defeitos, o feitio, nomeadamente o mau-feitio, não são da minha mãe, são meus.

 

A minha mãe é a pessoa mais paciente que eu conheço. Até irrita, tanta paciência. Mas deu-me jeito, quando andava na escola que ela fosse tão paciente. Abençoadas explicações de matemática e português.

 

E isto tudo a propósito de quê? Ela não faz anos (é de Abril), não se assinala hoje nenhuma efeméride, não é dia da mãe. É por causa do meu post de ontem sobre as obscenidades.

 

A minha mãe não é burra, muito pelo contrário. E sabe que eu uso (na opinião dela, abuso) do vernáculo. Faço-o à sua frente, e até sei quais são os palavrões que a arrepiam. Esforço-me por usar esses, amiúde, na sua presença. Aliás, eu e a minha irmã divertimo-nos imenso com este arrepio da minha mãe face a algumas palavras que lhe fazem mais confusão.

 

Por outro lado, sendo uma mulher que toda a vida trabalhou com palavras, usa algumas que não oiço a mais ninguém, sendo que a que me ocorre agora, assim de repente, é a palavra "pirilau".

 

Voltemos à vaca fria, sendo que com isto não pretendo fazer qualquer analogia entre a minha mãe e a vaca, muito menos a fria.

 

Sempre que uso palavrões, aqui, a minha mãe vê, porque, mais coisa menos coisa, ela lê isto. Lê isto via Facebook o que, no caso do post de ontem dá menos jeito, porque a porcaria do Facebook não mostra os vídeos.

 

Portanto, a minha mãe leu o post, cheio de (não posso dizer caralhad**, está bom assim Nika?) palavrões, e não viu o vídeo.

Escandalizou-se, claro.

 

Levei nas orelhas, quer nos comentários do Facebook quer ao telefone :) Expliquei-lhe que havia um vídeo e tal, mas não me ligou nenhuma. Mais tarde disse-me que, de facto, o texto era brilhante. Está mal, o Miguel Esteves Cardoso e o Miguel Guilherme podem usar vernáculo, que são brilhantes, eu, uso o mesmo vernáculo, e sou obscena.

 

Não prometo que não diga aqui mais palavrões, está-me no sangue (não é o teu sangue mãe, não te preocupes), mas redimo-me desta forma.

Este é um post para dizer que gosto de ti mãe.

E como é para ti, termino duma forma mais prosaica.

 

Gosto de ti, pirilau.

 

P.S.: E o vídeo pode ser visto aqui

Das obscenidades

Jonasnuts, 12.10.10

Toda a gente que aqui passa ou que me rodeia (ou ambos os dois, evidentemente) sabe que gosto de palavrões e que os usos, em determinados contextos (ouviste filho?).

 

O Rui Costa, sabendo disso (e a propósito de um dos meus posts sobre dicionários) deixou-me o link para um vídeo fabuloso.

 

O vídeo, propriamente dito, é uma merda. A qualidade é fodida, e parece ter sido gravado de um lugar de assistência longe do palco como ó caralho, mas o conteúdo, meus senhores, o conteúdo..... Miguel Guilherme interpreta um texto de Miguel Esteves Cardoso. Não se consegue fazer melhor. Mesmo.

 

Quanto maior é o ego, menor é o talento

Jonasnuts, 12.10.10

Este post vai ser um bocadinho enigmático, que eu não sou muito de kiss and tell.

 

Por motivos que não vêm agora ao assunto (enigma número 1), nos últimos dias tenho contactado com inúmeras estrelas e personalidade públicas portugueses. Jornalistas, comediantes, radialistas, políticos, actores, actrizes, cantores, etc. (não vou dizer nomes, portanto, enigma número 2).

 

Tenho feito estes contactos para pedir algo (não para mim, para o SAPO), uma coisa simples, nada de extraordinário, mas mesmo assim, um favor (e eu detesto pedir favores).

 

A reacção tem sido, enfim, surpreendente, pelo menos para mim, porque a conclusão a que cheguei foi que, quanto maior o ego, maior também a arrogância, e menor o talento, já agora.

 

As pessoas MUITO conhecidas respondem de imediato com um "bora lá, faço isso numa boa" (e não há dinheiro metido ao barulho), mas já apanhei alguns, menos conhecidos (MUITO menos conhecidos) que se fazem caros e colocam dificuldades.

 

Chego assim à conclusão que, salvo raras excepções, só chega a estrela quem é realmente boa pessoa.