Agora que fiquei com umas luzes muito básicas, depois das explicações que tiveram a paciência de me dar, reparo que isto da economia e da crise e os jargões e coiso e tal, é muito semelhante ao football (sim Macaco, eu sei que embirras com o football e preferias futebol, atura-me lá esta mania).
Há muitos treinadores de bancada, muitos usam jargões para fingir que percebem quando na realidade andam tão às aranhas como eu, mandam-se muitos bitaites (e nem sequer são dos bons) numa de se atirar barro à parede, para que, num golpe de sorte, algum do barro cole e com a "façanha" surja um novo guru com coluna no jornal.
São poucos os que não se tentam pôr em bicos dos pés, para ver se a crise, no seu caso, não é uma oportunidade.
Curiosamente (ou não), do que tenho lido, prefiro os que andam de saltos rasos, e os que falam deste tema antes dele estar na moda.
Gosto pouco de pessoas que querem ser gurus e que disparam em todas as direcções para ver se têm a sorte de acertar em qualquer coisa de jeito. E conheço algumas assim, que fazem disto a sua regra de vida :)
Anda para aí meio mundo entusiasmado com a campanha da Sumol, porque é inovadora, porque é inspiradora, porque é sei lá mais o quê.
E eu, que até sou apreciadora e consumidora de Sumol, acho que eles erraram o alvo.
Senão vejamos.
Quem é o target do refrigerante Sumol? Teenagers, certo? É para eles que a marca comunica.
Mas as mensagens que usa são para maiores de 30 (ou mesmo de 40).
"Um dia vais achar que tens de ir para onde toda a gente vai"
Quem é que anda em manada? São os teenagers. Só mais tarde na vida é que a maioria(?) das pessoas deixa de ser influenciada pelos seus pares.
É uma campanha derrotista, a tentar dizer aos jovens que o seu prazo de validade enquanto pessoas originais, diferentes e livres é curto. E no entanto, é tão mentira.
Os teenagers não são originais, nem diferentes (uns dos outros), nem livres (da manada), só mais tarde na vida é que se alcança essa originalidade, essa diferença, e essa liberdade. Às vezes.
Tenho estado atenta às emissões da TV da Assembleia da República.
Na minha opinião isto está a correr mal para os deputados, pelo menos na minha perspectiva.
O que se tira é que a grande maioria (sim, há excepções) não sabe falar. Regras de concordância então.....é mentira.
E o que se tira em segundo lugar é que os senhores deputados não fazem a mínima ideia de como funcionam as empresas em Portugal, pelo menos a julgar pelas perguntas completamente básicas que fazem a todos os intervenientes.
Ou isso ou são ingénuos.
Não sei o que é que prefiro, alheamento da relidade ou ingenuidade.
Leio no Público que Mariano Gago disse que "a indústria cultural não deve ver a pirataria como um inimigo, “visto que foi uma fonte de progresso e de globalização".
Minutos mais tarde, leio no mesmo jornal que, afinal, parece que não disse nada disso e que os espanhóis é que perceberam mal.
O que vale é que não sou de entusiasmos, senão, a queda tinha sido grande.
Arrependeu-se? Fez mal.
Falta de cojones, como diriam os mesmos espanhóis e alguns portugueses, eu incluída.
ADENDA: Pronto, vão ao Bitaites ver o que realmente foi dito, e em que contexto, que ele é que sabe ir ao fundo destas coisas :)
"Então vamos lá por partes... Imagina que pediste dinheiro emprestado para comprar a casa. Os ratings são uns bichos que aumentam ou baixam a euribor ". Se os bichos são bonzinhos tipo AAA ++ a euribor " seria baixinha e pagavas menos pelo dinheiro que queres pedir emprestado. Se por acaso andaste na borga, gastaste mais do que devias, recebes menos do que gastas e ainda assim arranjaste dinheiro para alimentar os bichos depois da meia noite, eles transformam-se nuns bichos maus que te baixam o tal rating para A- e ficas a pagar mais pelo dinheiro que queres pedir emprestado. A diferença é que tu pagas a Euribor e o Estado paga uma outra taxa, mas o funcionamento será o mesmo. O que fazer agora? Bem, preparar para pagar mais impostos, seja directos ou indirectos, e na próxima oportunidade votar em alguém que consiga reduzir a despesa do estado (e não aumentar) e que consiga dinamizar a economia. Só conseguimos mesmo andar para a frente quando aprendermos a não gastar mais do que recebemos."
E o Tiago Carvalho diz:
"Não sei como é que se explica tudo de uma vez, parece-me complicado, mas comecemos pelo básico, o rating. Se quiseres depois perguntas mais coisas, e continuamos...
O estado Português costuma ter défice orçamental. Isto é dizer que quase todos os anos gasta mais dinheiro do que aquele que colecta via impostos (os tais 5% que parece que afinal vão ser 9%, para 2010). Como é que é possível? Emite divida, sobre a forma de bonds. Certificados de aforro. Eu dou agora ao estado, e estado devolve no futuro, com juros.
Como é que se define que percentagem pagar de juros? Com base no rating. Num sistema capitalista temos que ver sempre o par risco/retorno. Parece complicado, mas no fundo já todos sabemos isto: se eu estiver disposto a arriscar mais, tenho o potencial de ganhar mais, mas também posso perder. Em alternativa, posso ganhar um bocado menos, mas mais seguro. No caso de emprestar dinheiro ao estado português, como é que posso perder dinheiro? Fácil, se o estado entrar em falência. Isso é possível? Claro. Se algum dia o estado não conseguir colectar dinheiro suficiente para pagar juros de dividas passadas, entrou tecnicamente em falência, porque a duvida nunca mais vai parar de subir.
Podemos ver a coisa desta forma: Imaginemos que a Alemanha e o Uganda pagam os mesmos juros pelos seus "certificados". Alguém vai comprar os certificados do Uganda? É muito mais provável que a Alemanha pague de volta. Qual é a forma do Uganda conseguir emitir divida? Paga juros mais altos, de modo a compensar o risco.
O rating não é mais que isto. Um pais com um rating elevado tem "boa fama no mercado", e consequentemente pode pagar juros baixos. Paises com um rating mais baixo têm um custo de divida mais elevado.
Naturalmente quando a Grécia diz que está à rasca e pede dinheiro à UE as agências de rating adequam o rating grego para baixo.
O estado portugues sofre do mesmo problema, como baixou o rating, custa mais hoje em dia ao estado pedir dinheiro do que antes.
O que são as casas de rating? São instituições privadas que fazem uma análise fundamental do estado financeiro do país e definem aquela que é, na sua opinião, a credibilidade do país como bom pagador. (não têm muito jeito para o que fazem, como se viu na crise que começou nos EUA, com bancos a falir, apesar de terem um bom rating).
O que é que nós, como indivíduos, temos a ver com isso? Um estado em falência gera o caos. Leia-se o caso da argentina. No limite podemos ficar sem o dinheiro que temos em contas a prazo, se chegar a tal.
Isto depois torna-se uma espiral. O pessoal recebe um choque, com a descida do rating, e fica com medo da falência. Começa a poupar, protela compras maiores, pensa em trocar de carro para o ano, afinal. Isto só piora as coisas: as empresas portuguesas dependem muito do consumo interno. Quando o pessoal se amedronta, elas vendem menos, perdem valor em bolsa e, acima de tudo, perdem facturação. Baixar a facturação reflecte-se no ... PIB! O PIB é o total de produção do país, e é aquilo sobre o qual o estado recebe impostos. Quando o PIB baixa (ou cresce menos, vá), o estado fica em piores lençóis do que estava antes, porque ainda tem menos dinheiro para gastar... "
Acrescento que hoje o noticiário das 8 da noite (que é extremamente sintético, porque só tem 15 minutos) mostrou imagens do encontro entre Sócrates e "Paxux Coelho" - tanto tempo dedicado a Portugal, só pode ser sinal de que a coisa está mesmo preta.
O Jorge Bateira também traça hoje um quadro bastante dramático da situação no ladrões de bicicletas.
O pior de tudo é que temo que ele tenha muita razão. Não sei se punha o filho na escola pública, mas há uma coisa que neste momento não faria: comprar a crédito"
Fiquei esclarecida, pelo menos bastante mais do que estava antes, e agradeço a todos os que gastaram o seu tempo para partilhar informação :)
Um crédito e agradecimento especial para o autor da imagem que ilustra este post, que é o Zentopeia :) No dia em que e escrever o tal livro, esta será a capa :)