Sou Benfiquista. Sempre fui. Antes de nascer já era sócia, depois tiveram de trocar o nome, porque estavam à espera de um João Maria e saí eu, uma Maria João. Portanto, era inevitável.
E isto é uma coisa que se passa aos filhos. Não baptizei o meu filho, ele que escolha a religião que quiser, quando tiver idade para o fazer, enfim, as escolhas, em todos os campos, são dele, mas não no campo desportivo, aí só tem uma opção, e é inapelável e irrevogável, ser Benfiquista não é uma opção, é assim que somos, obrigatoriamente. É de família (embora nem toda a minha família fosse do Benfica, tive uma avó lagarta, mas era a excepção).
Para consolidar o espírito Benfiquista do puto é preciso trabalhar. Fartei-me de lhe dizer que o Benfica tinha sido campeão, mesmo e anos em que isso não aconteceu, quando ele não tinha idade para obter a informação doutra forma :) Neste tema não faço prisioneiros, e uso todos os argumentos. Enfim, sou uma política, desportivamente falando.
Mas, no meio de tanto trabalho, ainda não fiz algo que considerava imprescindível para esta consolidação ou confirmação. O puto ainda não foi à Luz ver um jogo do Glorioso. Não é por falta de tempo, nem de dinheiro, eu até sou sócia, pelo que os preços são mais em conta. O problema é que eu sou Benfiquista mas também sou mãe. E eu sou maluca, mas não sou estúpida.
Não levo o meu filho a ver um jogo de football no estádio. O risco da coisa dar para o torto é cada vez maior, e mesmo que não nos acontecesse nada a nós, a perspectiva de ter uma cena de pancadaria ali ao pé, ao vivo e a cores, não me agrada.
Ah, porque és super protectora, ah porque mais tarde ou mais cedo ele vai ver essas coisas, ah, porque quanto mais cedo ele for confrontado com a realidade melhor.
Uma merda. Sou super protectora sim e até acho que tenho feito nesse campo um trabalho razoável, porque se eu achasse que ver porrada lhe fazia bem deixava-o ver rodos os programas de televisão que ele quer, ou começava a dar-lhe porrada desde cedo, para o ajudar a perceber que a vida é mesmo assim, e que passamos a vida a levar porrada.
Tenho pena, mas enquanto não achar que estão asseguradas as condições de segurança que eu considero mínimas para o meu filho e para mim, não vou à bola.