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Jonasnuts

Jonasnuts

Colectividade pacífica de revoltados

Jonasnuts, 31.01.18

Miguel Torga

 



A frase do título é brilhante. E não é minha, obviamente. Tropecei nela há uns anos, algures durante a época de batatada da primeira ronda da lei da cópia privada e com o barulho das luzes, não a registei. Sabia que era do Torga e pouco mais.

 

Procurei-a. Debalde (adoro debalde).

 

Há duas ou três semanas, enquanto tentava perceber melhor esta coisa das leis e dos motos e das 125 e das declarações do ministro, para escrever o post A política como ela é - Manual para principiantes (auto-link) dei com ela outra vez. Decidi registá-la, para não voltar a perdê-la, daí este post.

 

Acho curioso o momento. A frase completa, que caricatura de forma escandalosamente perfeita o português, diz:

 

«É um fenómeno curioso: o país ergue-se indignado, moureja o dia inteiro indignado, come, bebe e diverte-se indignado, mas não passa disto. Falta-lhe o romantismo cívico da agressão. Somos, socialmente, uma colectividade pacífica de revoltados.»



O retrato do Miguel Torga que ilustra este post é do Rui Zilhão.

Nónio

Jonasnuts, 31.01.18

nonio.jpg

 

De vez em quando faço aqui um disclaimer (auto-link)...... ia linkar, mas são 5 páginas de resultados (auto-link) da pesquisa à palavra disclaimer aqui na chafarica. Considerem-se disclaimerados.

 

Ouvi falar do Nónio pela primeira vez já lá vão uma décadas. Refiro-me, obviamente ao "dispositivo de medição inventado pelo matemático português Pedro Nunes. Através do Nónio era possível efectuar medições com rigor de alguns minutos de grau, permitindo planear a navegação com uma margem de erro da ordem da dezena de quilómetros.", que é o que diz a Wikipédia.

 

Há pouco mais de um ano ouvi falar pela primeira vez desta coisa, que não vou linkar, que não se chama Nónio, porque perdeu o acento, é um nonio. Para além de perder o acento perdeu também o .pt que alguém, com tino, registou e tornou útil.

 

Curioso, há 500 anos precisávamos do Nónio para navegar, agora há que dispensar o nonio, para navegar. Outros tempos, outros mares.

 

A maioria do que penso sobre o nonio, pode ser lido aqui.

 

É uma questão de tempo até os senhores decidirem fechar os seus conteúdos a quem lhes fornecer tudo e um par de botas de dados pessoais e até estranho que não esteja nos termos de utilização qualquer referência a primogénitos.

 

Neste momento ainda estão na fase de recolha de dados. Depois fecham. Depois batem com os nariz na porta, com os burros na água, estrepam-se, claro. Mas eles ainda não sabem.

 

Não percebo como é que não sabem. Basta olhar para exemplos "lá fora" e percebem que quem tentou fechar, fechou. Perdeu. Morreu. Não é por aí.

 

Mas, lá está, tal como outros senhores, também velhos, esta malta está agarrada a modelos de negócio do século passado, que querem à força transpor para a realidade actual, mesmo que tenham de o fazer artificialmente e à força de estratagemas. Não souberam acompanhar. Pararam no tempo. Querem sol na eira e chuva no nabal. 

 

Outra coisa que me encanita é a parte das competências. Uns gajos que não se entendem o suficiente para assegurar o registo de um domínio vão conseguir entender-se para coisas um pouco mais complexas?

 

Não me cheira.

 

Seja como for, não tenciono dar-lhes os meus dados.

 

O que lhes deixo é uma alternativa

 

Mas é uma alternativa que obriga a que os conteúdos sejam de qualidade e jornalisticamente inatacáveis. Sustentadamente. 

 

Percebo que não encarem como alternativa.

Fobias

Jonasnuts, 30.01.18

Pedro NevesNão tenho muitas. Aliás, assim de repente, só me ocorre mesmo uma, a das alturas. 

Tenho medo de alturas.

Penso que isto me vem do facto da minha mãe ter o mesmo problema e de mo ter transmitido.

Mãe consciente, já me encarreguei de fazer o mesmo com o meu filho. Coitado.

 

Ver uma pessoa pendurada numa janela, a lavar vidros, toda esticada do lado de fora, a não ser que seja num rés-do-chão, é coisinha para me estragar o dia. 

Quando lavam as janelas no edifício que está em frente ao do sítio onde trabalho, tenho de me pirar para o outro lado. 

 

Sorte das sortes, moro num 11º andar. Estender roupa e tirar roupa da corda, que são tarefas minhas, são sempre muito conscientes e racionalizadas. Moro nesta casa há mais de uma década.

 

Lendo sobre o assunto, vi que a exposição é a melhor forma de combater a coisa. Não sei me mais exposição posso arranjar se, morando num 11º andar não tem sido, aparentemente, exposição suficiente, mas decidi experimentar.

 

Inscrevi-me na corrida que passa na ponte 25 de Abril (não é a meia maratona, que eu sou maluca mas não sou estúpida).

 

Chama-se a isto matar dois coelhos duma só cajadada. Ia dizer juntar o útil ao agradável, mas não. 

 

Depois da S. Silvestre percebi que tinha de dar corda aos sapatos, para não voltar a fazer tempos miseráveis (já sei, não há tempos miseráveis, todos os tempos são bons, yada, yada, yada). Tenho andado a treinar para fazer a coisa em menos de 1 hora.

 

A altura da ponte vai servir como incentivo para que, pelos menos o princípio da corrida seja num pace espectacular.

 

A foto é do Pedro Neves

Mulheres do caraças

Jonasnuts, 25.01.18

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O título é da Cocó, que foi como cheguei à coisa.

 

É um tema que diz respeito a todos. Porque todos, duma forma ou de outra, contactámos, contactamos e contactaremos com um cancro. Seja nosso ou do nosso círculo de pessoas, se ainda não tocou, há-de tocar-nos na rifa.

 

A mim já me tocou, por mais do que uma vez, de diferentes formas.

 

Portanto, temos todos que assinar esta petição. (Assinar a petição e confirmar a assinatura seguindo o link do mail que a plataforma envia).

 

Sim, eu percebi que já há uma reunião marcada para dia 31, na Assembleia da República, mas sei, por experiência própria, que a atenção que recebemos neste tipo de reuniões é proporcional ao número de pessoas que representamos. Quantos mais, melhor.

 

É assinar e chatear os amigos e os conhecidos para que assinem. 

 

Porque é uma questão de tempo, até que esta petição seja acerca de nós ou dos nossos.

AMA Agência para a Modernização Administrativa

Jonasnuts, 24.01.18

Preciso de mudar a morada no meu cartão de cidadão.

Desloco-me fisicamente ao balcão e tiro a senha 156. Olho para o monitor e vejo que a pessoa que está a ser atendida tem a senha com um número que ainda não chegou aos 100. 

 

Bom, enquanto espero vou ver o que é que é preciso, não vá dar-se o caso de ser necessário uma folha ou um papel ou um comprovativo ou uma coisa do género que eu não tenho. Assim escuso de ficar à espera.

 

Agarro no telemóvel. No piso -1 não tenho Internet. Subo para o piso da rua, sento-me nas escadas e faço uma pesquisa no Google. Alterar a morada no cartão de cidadão.

 

É logo o primeiro resultado. Muito bem.

Sigo o link e, de repente, surge-me uma informação extraordinária. Um botão, que vale mais que ouro.

 

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Maria João, vieste tu para o balcão quando podias ter tratado de tudo sem levantar o rabinho da cadeira. Nem parece teu.

Entusiasmada, sigo o link.

Pedem-me alguns dados. Sem stress, assim como assim, são coisas que já lá têm. Autorizo.

 

iPhone - Photo 2018-01-24 15_12_39 (1).png

 

Ok. Preciso duma chave móvel digital. Seja lá isso o que for. Não tenho. Sigo o link para saber mais sobre a chave móvel digital.

 

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Vou ter a este ecrã onde hesito. Sim, o que eu quero é pedir uma chave. Mas como é que peço? Está ali um botão que diz "Entrar". Mas entrar onde?

Leio um pouco mais abaixo, O pedido da Chave Móvel Digital pode ser realizado por cidadãos de idade igual ou superior a 16 anos, que não se encontrem interditos ou inabilitados, online ou presencialmente. 

      - Online para cidadãos portadores de cartão de Cidadão, leitor de Cartões e código PIN de autenticação.

            Faça o seu pedido aqui.

 

 

iPhone - Photo 2018-01-24 15_13_36 (1).png

 

 

E eu clico em "Faça o seu pedido aqui". Chego a um ecrã que me parece vagamente familiar. Estou já a achar que isto se calhar é bom demais para ser verdade. Autorizo mesmo assim.

 

 

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E, cá está, o loop completo.

 

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 Podia passar horas nisto, enquanto esperava que chamassem o 156. Mas achei que era melhor não.

 

Alguém pode avisar a Agência para a Modernização Administrativa que existe todo um mundo novo à espera de ser descoberto, chamado mobile? Expliquem também que é através de mobile que a maioria dos menores de 30 anos acedem a conteúdos online. O futuro é móvel.

 

(Eu até acho que têm sido feitos progressos assinaláveis no que diz respeito ao acesso online a serviços do estado. Mas ainda há muito caminho para fazer. Muito.). 

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