Feministas de Lisboa - Pior a emenda que o soneto
Isto vai ser comprido, vou já avisando.
As feministas do título são as que compõem o coletivo "Assembleia Feminista de Lisboa", que tem uma página de Facebook e uma conta de Twitter.
Ontem no final da tarde, comecei a ver, em ambas as redes, partilhas de um cartaz.
Achei a campanha interessante, embora me faça sempre alguma confusão este tipo de comunicação, porque ao comunicarem massivamente estão a informar todos, mesmo os agressores, o que faz com que o código deixe de fazer sentido, porque passa a ser do conhecimento de todos.
De qualquer forma, a lógica e as premissas por trás da campanha pareceram-me óbvias; tudo fechado em casa, tudo mais irritado, menos hipóteses de fuga, menos hipóteses de contacto com pessoas a quem pedir ajuda...... é um momento ainda mais difícil para quem é vítima de violência doméstica.
No geral, achei que a iniciativa era positiva e alavancava na proximidade que as farmácias (ainda) têm e no facto de estarem abertas e de ser verosímil uma ida à farmácia, sob um pretexto qualquer.
No entanto.......uma das partilhas que vi fazia perguntas..... isto é onde? Está a ser feito com a Associação Nacional de Farmácias? De quem são os logótipos no fundo do cartaz, que não se percebem bem? A Shyznogud foi a primeira a fazer estas perguntas.
Fui ver.
Vai-se a ver e a iniciativa é promovida por esta "Assembleia Feminista de Lisboa" para UMA farmácia, no Porto.
Quem ler o post todo que publicaram no Facebook, percebe o contexto e percebe que se trata da farmácia do hospital de S. João, no Porto.
Mas, quem partilha, quer no Facebook quer no Twitter, partilha o cartaz, a imagem, que é o que a grande maioria das pessoas vê e lê.
No momento em que este post foi escrito, havia 147 retweets do post. Os RTs partilham, obviamente, o cartaz, ficando tudo a pensar que se trata de uma iniciativa nacional.
No Facebook, a mesma coisa. A esta hora vai com quase 500 shares.
Rapidamente começam a ver-se os comentários a chamar a atenção para o erro e para o problema. Quer no Twitter, quer no Facebook.
E qual é a reação das senhoras às chamadas de atenção para a dimensão do erro e para as potenciais consequências?
Remetem a iniciativa e a responsabilidade da campanha para o Centro Hospitalar Universitário de S. João, no Porto, apesar de eu não conseguir encontrar, por parte desta instituição, qualquer referência à campanha.
Em cima disso respondem torto, não percebem o erro, não compreendem a dimensão do disparate nem a irresponsabilidade e escondem os tweets que não lhes agradam, e os comentários de Facebook que lhes chamam a atenção para o erro. E banem quem lhes faz perguntas.
Enfim, uma ideia que tinha potencial e que podia ir muito mais longe, lixada à partida por uma Assembleia de Palermas com excesso de voluntarismo e falta de dois dedos de testa e que não percebe que com esta campanha, é pior a emenda que o soneto. Não saber aproveitar aquilo que a comunidade lhes está a dizer para melhorar a coisa é só a cereja no topo do bolo.
Palermas pá.