Fobias
Não tenho muitas. Aliás, assim de repente, só me ocorre mesmo uma, a das alturas.
Tenho medo de alturas.
Penso que isto me vem do facto da minha mãe ter o mesmo problema e de mo ter transmitido.
Mãe consciente, já me encarreguei de fazer o mesmo com o meu filho. Coitado.
Ver uma pessoa pendurada numa janela, a lavar vidros, toda esticada do lado de fora, a não ser que seja num rés-do-chão, é coisinha para me estragar o dia.
Quando lavam as janelas no edifício que está em frente ao do sítio onde trabalho, tenho de me pirar para o outro lado.
Sorte das sortes, moro num 11º andar. Estender roupa e tirar roupa da corda, que são tarefas minhas, são sempre muito conscientes e racionalizadas. Moro nesta casa há mais de uma década.
Lendo sobre o assunto, vi que a exposição é a melhor forma de combater a coisa. Não sei me mais exposição posso arranjar se, morando num 11º andar não tem sido, aparentemente, exposição suficiente, mas decidi experimentar.
Inscrevi-me na corrida que passa na ponte 25 de Abril (não é a meia maratona, que eu sou maluca mas não sou estúpida).
Chama-se a isto matar dois coelhos duma só cajadada. Ia dizer juntar o útil ao agradável, mas não.
Depois da S. Silvestre percebi que tinha de dar corda aos sapatos, para não voltar a fazer tempos miseráveis (já sei, não há tempos miseráveis, todos os tempos são bons, yada, yada, yada). Tenho andado a treinar para fazer a coisa em menos de 1 hora.
A altura da ponte vai servir como incentivo para que, pelos menos o princípio da corrida seja num pace espectacular.
A foto é do Pedro Neves.