Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Jonasnuts

Jonasnuts

Fobias

Jonasnuts, 30.01.18

Pedro NevesNão tenho muitas. Aliás, assim de repente, só me ocorre mesmo uma, a das alturas. 

Tenho medo de alturas.

Penso que isto me vem do facto da minha mãe ter o mesmo problema e de mo ter transmitido.

Mãe consciente, já me encarreguei de fazer o mesmo com o meu filho. Coitado.

 

Ver uma pessoa pendurada numa janela, a lavar vidros, toda esticada do lado de fora, a não ser que seja num rés-do-chão, é coisinha para me estragar o dia. 

Quando lavam as janelas no edifício que está em frente ao do sítio onde trabalho, tenho de me pirar para o outro lado. 

 

Sorte das sortes, moro num 11º andar. Estender roupa e tirar roupa da corda, que são tarefas minhas, são sempre muito conscientes e racionalizadas. Moro nesta casa há mais de uma década.

 

Lendo sobre o assunto, vi que a exposição é a melhor forma de combater a coisa. Não sei me mais exposição posso arranjar se, morando num 11º andar não tem sido, aparentemente, exposição suficiente, mas decidi experimentar.

 

Inscrevi-me na corrida que passa na ponte 25 de Abril (não é a meia maratona, que eu sou maluca mas não sou estúpida).

 

Chama-se a isto matar dois coelhos duma só cajadada. Ia dizer juntar o útil ao agradável, mas não. 

 

Depois da S. Silvestre percebi que tinha de dar corda aos sapatos, para não voltar a fazer tempos miseráveis (já sei, não há tempos miseráveis, todos os tempos são bons, yada, yada, yada). Tenho andado a treinar para fazer a coisa em menos de 1 hora.

 

A altura da ponte vai servir como incentivo para que, pelos menos o princípio da corrida seja num pace espectacular.

 

A foto é do Pedro Neves

Correr

Jonasnuts, 17.10.15

Eu tenho uma irmã. A minha irmã é maluca e mais nova que eu, 3 anos. A minha irmã, entre muitas outras coisas, corre. Sempre correu, desde miúda. Sempre gostou. Há uns anos começou a correr mais a sério, e a treinar, e a fazer provas. 

 

Diz-me a minha irmã que correr, em Portugal, é uma dor de alma. Sobretudo a partir do momento em que se faça provas fora de Portugal e se tem o termo de comparação. 

 

A minha irmã fez a primeira maratona em Barcelona, no ano passado. Diz que nos 42km da prova, não houve um metro em que não tenha havido apoio de quem estava a assistir, ao longo do percurso. 

 

Esta coisa de apoiar quem corre é um programa de família. Sai tudo de casa de manhã, e vão para um ponto do percurso, com cartazes e boa disposição, e gritam por quem passa. Não que os conheçam de algum lado, mas gritam na mesma. Às vezes, quando os dorsais têm os nomes dos atletas, quem grita, chama pelo nome; "Ânimo Ana". Diz que ajuda. 

 

Em Portugal, povo que gosta de apresentar-se como festivo, as corridas têm o ambiente de um funeral, e às vezes nem isso, que todos sabemos que não há como um velório para que o português mande umas larachas e conte umas piadolas. Esta parte, do ambiente de velório nas corridas, em Portugal, sei por experiência própria, porque sempre que a minha irmã corre perto, lá vou eu, apoiá-la. Tudo caladinho, à passagem dos atletas. Só olham. Ninguém bate palmas, ninguém ri, ninguém grita.

 

De vez em quando lá aparece um maluco, que manda uns gritos de apoio, mas os poucos que por ali estão parados olham de forma tão insistente que o coitado não tem outro remédio senão calar-se. É a pressão silenciosa.

 

A minha irmã diz que correr fora de Portugal é uma festa, correr em Portugal é silencioso. Silencioso não. Ouve-se o ruído dos ténis no asfalto. Ouvem-se as escarradelas dos homens. Ouvem-se as fungadelas de toda a gente. Descreve-me outras coisas que não se ouvem, mas que se cheiram e às quais vos poupo, porque é tudo muito escatológico (parece que há malta que não é amiga do banho, e que é, por outro lado, amiga do pum).

 

Sempre que vou ver passar a minha irmã junto-me ao coro silencioso e fico ali, a olhar, a ver se a vejo, no meio de toda aquela gente vestida de igual e que passa demasiado rápido. Às vezes são rebanhos........ descobrir uma pessoa numa manada de gente toda vestida de igual é difícil. Normalmente é ela que me descobre a mim.... "João" grita. E eu vejo-a, rio-me, grito-lhe "Vais ganhar" e pronto, já passou. E olho à minha volta e vejo as pessoas a olhar para mim..... esta maluca, tanta gente que já passou e ela está a dizer que a outra vai ganhar. São burros. Não percebem que ela ganha sempre. 

 

Ando há que tempos para escrever este post, aliás, ando há que tempos a pedir à minha irmã que me escreva este post, na perspectiva de quem corre, mas ela, lá está, porque está sempre muito ocupada, tem mais que fazer. Apanho a boleia da Cocó, que vai correr amanhã e que pede ajuda

 

Amanhã vai estar um bom dia para correr uma maratona. Pouco vento, nada de muito calor. Uma chuvinha molha parvos até pode servir para refrescar. Vamos apoiar quem corre? Já há quem esteja a organizar grupos de apoio, é ver aqui.

 

A minha irmã não vai correr. Mas vai apoiar. Eu aproveito que é de manhã, está tudo a dormir cá em casa, e vou com a minha irmã. Duas malucas, ao pé da antiga fil? Somos nós :)

 

Deixo-vos com a foto da minha irmã, a cortar a meta da sua primeira maratona, em Barcelona. A melhor foto de meta que já alguma vez vi na vida.

 

maratona.jpg

 (Este foi o tempo que fez em 2014 em Barcelona. No mês passado, na de Berlim, já quase baixou das 4 horas (04:03:09).

 

Rally de Portugal

Jonasnuts, 07.04.09

Não sou muito de corridas de automóveis. Fórmulas isto e fórmulas aquilo nunca me interessaram muito. Rallys nem pensar. Mas, nos dias que correm, por afinidade, levo com a pastilha.

 

Por isso, no passado fim-de-semana, vi em directo não sei o quê do Rally de Portugal. E, meu senhores, a verdade é que o Rally de Portugal está completamente descaracterizado. Sem nunca me interessar sobre o tema, eu tinha acesso a notícias sobre a principal característica do Rally de Portugal; os espectadores. Presumo mesmo que no Rally de Portugal houvesse pontuação extra para quem conseguisse chegar ao fim sem dar umas traulitadas naqueles atrasados mentais que queriam assistir à coisa do sítio privilegiado que era o exacto sítio por onde o carro ia passar, isso mesmo, o meio da estrada. Hoje em dia parece que não, parece que o público português, qual sueco ou norueguês, vê os bólides de onde é suposto que estes sejam vistos. Atrás das barreiras de segurança. Isso, não só descaracteriza o Rally de Portugal, tornando-o completamente insonso, como impede que se façam vídeos destes: