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Jonasnuts

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Os novos abutres

Jonasnuts, 28.02.10

Os novos abutres somos nós.

 

Somos todos os que se colam à televisão para ver um tsunami em directo, enquanto têm no colo o computador para ver as imagens do Chile, e pelo caminho vai-se dando uma espreitadela pela timeline do Twitter para ver como se está a aguentar a Madeira, mas mantemos as os estores recolhidos, para ver se o vendaval afinal chega ou não chega.

 

Mas, acima de tudo, os novos abutres, os mais modernos, os especialistas, são os jornalistas que não conseguem esconder uma nota de desilusão na voz, porque, afinal, o Tsunami pariu um rato.

 

A CNN começou com o Chile, mas aos primeiros avisos de tornado virou as baterias para a linha do horizonte no Hawai, e durante horas, o que se viu foi isso mesmo, a linha do horizonte, enquanto havia relatos, ao centímetro, das águas que recolhiam. Quando se aperceberam que afinal não iam conseguir transmitir em directo o desastre, a destruição, a miséria que esperavam (e que tinham empolado ao máximo), mudaram o discurso para um "felizmente" e regressaram ao Chile.

 

E nós, a papar aquilo tudo.

 

Às vezes, gostava de ser ignorante, e de viver numa terrinha perdida, sem computadores, sem televisão, sem rádio, sem porra nenhuma a não ser os meus.

 

Era, de certeza absoluta, mais feliz.

O problema é que já não somos coitadinhos

Jonasnuts, 21.02.10

Esta história das veemência de opinião dos que dizem defender a família tem-me feito alguma confusão. Eu percebo que haja formas diferentes de pensar e de sentir as coisas, mas não compreendia a veemência e até o desespero com que muitas pessoas defendiam a exclusividade de direitos a uma certa casta, a deles, claro.

 

A resposta não me bateu de repente, foi uma coisa que foi crescendo, e que se passou comigo há uns anos. Eu explico.

 

Grávida de muitos meses mudei-me para a província. Fica a 40Km de Lisboa, mas é Portugal profundo na mesma. Ora, aquela malta, estava fartinha de conhecer mães solteiras (que era o meu caso). Não lhes fazia confusão nenhuma que eu estivesse grávida, sendo solteira, o que lhes fazia muita confusão, era eu não ser coitadinha. Mãe solteira sim, mãe solteira por opção já não percebiam. A minha opção tirava-lhes a oportunidade de poderem ter pena de mim, na sua superioridade moral. Não era a gravidez que lhes colidia com o sistema, era a opção.

 

Nesta história das "famílias a sério", eu acho que é isso que se passa. Foi retirada a esta gente a possibilidade de se sentirem superiormente morais, porque os outros, que antigamente eram coitadinhos, agora já não são e, heresia, até querem os mesmos direitos e deveres. Então, se querem os mesmos direitos e deveres, nós já não podemos ser superiores. Vai-se-nos o último reduto de superioridade, o moral (que o financeiro e o social já foram há muito tempo).

 

E é isto que lhes estamos a tirar, ao não sermos coitadinhos, ao não pedirmos desculpa por sermos mães solteiras, pais solteiros, com orientação sexual a, b ou c, estamos a tirar-lhes a possibilidade de se sentirem superiores, moralmente superiores. É o último bastião.

 

Daí a veemência. Coitaditos.

The moon, come to earth

Jonasnuts, 18.02.10

Há mais ou menos um ano escrevi aqui sobre as fabulosas crónicas que um professor americano, Philip Graham escrevia sobre Portugal, os portugueses, as nossas idiossincrasias, manias e maneirismos.

 

Na altura disse-o, as crónicas souberam-me a pouco e já não sei porquê, fui ver se por acaso, neste entretanto, não lhe teria passado pela cabeça escrever mais qualquer coisinha sobre a sua estadia em Lisboa.

 

Passou. Não escreveu mais crónicas, mas escreveu um livro sobre a coisa.

 

 

 

As crónicas foram todas muito boas. Tanto, que faz todo o sentido, para mim, comprar o livro.

 

Recomendo-vos o mesmo.

 

 

E de caminho podem ler o Blog do Philip Graham.

Contradições maternais

Jonasnuts, 13.02.10

Hoje, depois de uma manhã na ronha, saímos para ir comprar ingredientes biológicos para fazer brownies (pedido específico da criança).

 

E expliquei-lhe tudo (pelo menos o que sei), sobre as vantagens da alimentação mais biológica, e sem insecticidas, e sem aditivos, e cultivado, e sem frutas de estufa, e sem frutas que não são da época e que por isso não têm de viajar nos aviões que poluem, e tudo e tudo e tudo. Lá comprámos o que tínhamos de comprar, depois de andarmos a olhar para as prateleiras e para os rótulos esquisitos, que não são os habituais e que temos mesmo de ler porque não os conhecemos e não queremos correr o risco de trazer coisas que não queremos.

 

Foi tanto o parlapié que ficou tarde para o almoço.

 

Fomos almoçar ao McDonalds.

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