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Jonasnuts

Jonasnuts

Mundo Maravilhoso

Jonasnuts, 10.02.23

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A primeira vez que ouvi o Rui falar do Mundo Maravilhoso, foi quando o conheci, no dia 4 de novembro de 2019.

Na altura, impressionou-me muito a paixão com que descreveu história, e a viagem da Flora Blue. E a história, a premissa, o contexto, tinham a minha cara. Criei muitas expectativas.

Dois anos mais tarde, tive o privilégio de ser uma das pessoas com acesso a uma espécie de draft do livro. E as expectativas foram cumpridas.

O que é a felicidade? O que é a auto-determinação? Queremos mesmo ser livres? De que é que estamos dispostos a prescindir, em troca de um mundo maravilhoso? Se o nosso mais ínfimo desejo é satisfeito à partida, poderemos ser felizes? Que deuses estamos dispostos a criar e a sacrificar?

Num momento em que os temas do dia são a inteligência artificial, a internet das coisas, os chats e os , a desinformação, os conflitos e já que parecemos estar a caminhar a passos largos para um futuro parido pela imaginação mista do Orwell, da Atwood, do Bradbury e do Huxley, o Mundo maravilhoso, do Rui Cordeiro, é uma reflexão essencial e imprescindível, embrulhada numa história irresistível.

Foi o meu presente de Natal para a minha miudagem quase toda.

 

O Rui, sabendo do meu interesse por este tipo de temas, e porque as nossas conversas são sempre animadas, achou que era boa ideia convidar-me para com ele debater e refletir um bocadinho sobre a premissa do livro. E eu disse que sim. E numa #booktalks da Fnac, no próximo dia 15 de fevereiro, às 18h30, na Fnac do Colombo, lá estaremos.

 

Apareçam também.

GATAfunho

Jonasnuts, 17.04.16

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Não é de agora, este meu amor/ódio pelas livrarias. Estou fartinha de escrever sobre livros, livrarias, editores, insucessos (muitos) sucessos (poucos), a indústria, a feira do livro, formas de ler, e o diabo a quatro. Caramba, até já fui convidada por mais do que uma vez, para escrever livros. (tudo auto-links).

 

Percebi que muito do que escrevo (e que reli, quando andei à procura destes links) tem a ver com duas coisas diferentes. A minha irritação e frustração com os editores e livreiros, por um lado, e por outro, o facto de querer muito que o puto ganhe gosto pela leitura.

 

A segunda tem tido prioridade sobre a primeira. É mais importante para mim que o puto goste de ler do que a frustração que sinto, quando, para preencher a primeira, dou com os burros na água na segunda.

 

O puto cresceu, e já entrou numa idade em que os temas de que gosta se aproximam mais das coisas que eu conheço. Por isso, há já algum tempo que andava à procura de um livro específico. Que tive, em tempos, mas que, por tanto o ler e por tanto o emprestar (e por tantas mudanças que fiz), ficou todo despencado e perdeu páginas e se tornou ilegível. Wilt, do Tom Sharpe.

 

São muitos os livros que já me fizeram chorar, mas são muito poucos os livros que me fizeram chorar, de tanto rir. O Wilt é um desses livros (bem como muitos outros, do mesmo autor). Decidi que era capaz de ser uma boa, o puto ler Tom Sharpe, agora que já tem idade.

 

E já ando há quase um ano, à procura do Wilt. Na grande maioria das livrarias onde tenho entrado, nem sequer conhecem o livro, quanto mais tê-lo.

 

Mas sou teimosa. Por isso, mais uma vez, deitei para trás das costas a tal frustração e ontem, entrei numa livraria. Local, claro, que das grandes já desisti de forma definitiva. Pelo aspecto, parecia ser diferente. Não engana, o aspecto. Quem mora na linha de Cascais (Oeiras e redondezas) e goste de livros não pode deixar de visitar.

 

Entrei na GATAfunho

 

Duas mulheres, ao balcão. Uma jovem, outra menos jovem. 

 

Digo ao que vou, Wilt, do Tom Sharpe.

 

Ambas as caras se iluminam, em simultâneo, com um sorriso. Conhecem bem, têm, e o respectivamente pai e marido foi o editor do livro há uns anos. A mais nova, a Inês, vai direitinha ao sítio onde está o Wilt e outros títulos do mesmo autor. Não preciso dos outros, que os tenho a todos.

 

Compro logo.

 

Explico a razão de ser da compra, recomenda-me na hora outro autor, de que o puto também poderá gostar. Roald Dahl. Short stories. Mas só em inglês. Não é problema, explico. Traz-me também estes dois. E fala dos livros, e do autor, e ri-se. Ri-se muito. Trago ambos.

 

Mais conversa, e internet, e facebook e twitter e o concurso da APEL (por quem tenho, explico, particular ódio de estimação, e cópia privada e coiso), e dizem-me que está a decorrer um concurso, promovido pela tal da APEL, para melhor livraria, onde não constam as pequenas livrarias. Mas que se pode votar na mesma. "Mesmo que não vote em nós, vote numa pequenina, para ver se não ganham os do costume."

 

E pronto..... por tudo isto,  tornei-me, em 15 minutos, cliente fiel da GATAfunho. Adoro pessoas que gostam de livros e que falam de livros com um entusiasmo genuíno. E gosto de pessoas com mau-feitio. E gosto dos outsiders. E dos underdogs, embora, no caso, se aplique mais os stray cats.

 

Já votei na GATAfunho, claro. Quem quiser fazer o mesmo, votando na GATAfunho ou em qualquer outra livraria pequenina, porque não são tratadas em igualdade de circunstâncias com as grandes, por uma associação que deveria representar todas, basta ir aqui. A probabilidade de não verem a vossa livraria na lista é grande. A GATAfunho não está lá, mas isso não impede de votar. Basta escolher «Lisboa» (para quem for de Lisboa, claro), «D-I» e finalmente a opção OUTRA, QUAL?  GATAfunho.

 

Estou numa de fazer campanha, apesar de ser uma coisa da APEL, e da probabilidade de serem sinceros e honestos com os resultados ser pouca ou nenhuma. A coisa não é pública, portanto, no fundo, ganha quem eles quiserem que ganhe. Basta anunciar o vencedor, e ninguém tem forma de saber se quem eles anunciaram foi de facto quem recolheu mais votos. 

 

Que se lixe.

 

VOTA GATAfunho!

Pontaria

Jonasnuts, 13.11.14

Está provado. Tenho pontaria certeira.

 

Então, depois de finalmente conseguir encontrar o Fahrenheit 451 (auto-link), o puto já o despachou, evidentemente.

 

Ainda ele estava a começar, já eu estava à procura do próximo da lista. A Fundação, do Isaac Asimov.

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Não é só um livro, são pelo menos 7. Sempre me daria algum descanso enquanto o puto lia a coisa.

 

Eu não sou esquisita. A única coisa que preciso é que seja em português de Portugal. Não ando à procura da edição xpto três vezes nove vinte e sete, noves fora nada, vintage, autografada.

 

Não há. Nem em livrarias físicas, nem online, nem em alfarrabistas (online) nem no OLX nem no Custo Justo, nem no raio que os parta.

 

Jonas, dizem-me vocês, tu és uma esquisitinha que só queres coisas que não lembram nem à cabeça de um tinhoso. Epá, pois, é possível. Mas o Asimov não é assim um desconhecido tão grande. Usando um argumento muito relevante nos dias que correm, já viu a sua obra adaptada ao cinema por mais do que uma vez. 

 

Mais, no Brasil, parece que a coisa é até pujante. Há edições com menos de 5 anos. E à venda. Sem estarem esgotadas há anos.

 

O que é que me vai safar, desta vez? Um amigo que vai à arrecadação buscar um caixote e olhar lá para dentro, para ver se descobre as coisas e o facto de já ter feito o pedido do cartão da biblioteca.

 

E link para o pdf ou para o mobi, Jonas, encontraste? Sim, com relativa facilidade (embora apenas para versão de português do Brasil que para este caso não me interessa).

 

Ai, mas o negócio dos livros está muito mau, as pessoas não compram, coitadinhas das editoras, que não conseguem sobreviver, e tudo por causa das fotocópias, e temos todos de fazer um esforço, para que a cultura não morra. Porque se não salvarmos as editoras, e os autores, e os intermediários, estamos todos perdidos.

Olhem, senhores. Trabalhem mazé. Não é normal, eu passar a vida a querer comprar livros que vocês não têm para vender. Mas depois queixarem-se da falta de vendas. Claramente, andam a tentar vender as coisas erradas.


Caras Editoras portuguesas

Jonasnuts, 04.11.14

Ou eu tenho uma pontaria desgraçada, ou estou coberta de razão e vocês não sabem o que andam a fazer.

 

O tema não é novo, e estou farta de vos chamar a atenção para a coisa. Mas não me ouvem. 

 

Eu e os livros somos grandes amigos. Leio que me desunho (e já li mais). E gostava que o meu filho lesse mais, em português (que o puto lê muito, mas é em inglês). E então toca de começar à procura de coisas que lhe possam interessar. Muitos tenho na minha biblioteca, outros não. O kindle, para livros em português é para esquecer porque não há à venda. Façamos marcha atrás e regressemos ao papel.

 

O puto gostou do 1984, do Orwell. Vamos lá ao Farenheit 451 do Bradbury. Ora o Bradbury não é um desconhecido, muito pelo contrário. E o Farenheit 451, imagine-se, até deu um filme

 

Comecei pela Wook. Há. Mas em espanhol. Ok, vamos às livrarias físicas. Aqui à volta do meu trabalho há 3 livrarias. Duas grandes uma pequena. Nada. Fui a, pelo menos, 10 livrarias diferentes. Nada. Por descargo de consciência, até fui ver à Fnac (onde deixei de comprar fosse o que fosse). Nada. E reparem..... nas pesquisas que fiz online, foi muito fácil encontrar links para o livro, em pdf, em português de Portugal. Nenhum dos links me vendia o livro, era só fazer o download e está a andar. Mas eu sou teimosa.

 

Acabei por conseguir comprar o livro por €3 + portes (ficou-me em seis euros e qualquer coisa, paguei mais pelos portes do que pelo livro), a uma particular, no OLX. Encomendei num dia, chegou no dia seguinte.

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Agora eu pergunto, caras editoras portuguesas. Vocês queixam-se de que não têm clientes, e que estão a perder vendas, e que assim não conseguem subsistir. E apoiam a criação de taxas sobre dispositivos de storage, por via das cópias privadas que são feitas das obras que vocês vendem. E eu pergunto...... que obras são essas? É que já não é a primeira (auto-link), nem a segunda (auto-link), nem a terceira (auto-link) vez que eu tento comprar um livro, e apenas o consigo fazer com MUITA dificuldade. E só porque sou realmente teimosa. 

 

Alternativamente, já tive oportunidade de explicar como é que a coisa se faz (auto-link). 

 

Mas vocês não querem saber, pois não? Ou melhor, estão fartos de saber, mas não vos interessa. Porque dá trabalho. É muito mais fácil não fazer pela vidinha, e esperar que vos caia nos bolsos os dinheiros provenientes de taxas cobradas sobre indústrias alheias.

 

Não contem comigo. 

 

 

Cara Gradiva - Crítica literária limitada (ou limitada literária)

Jonasnuts, 13.08.14



Sei que és uma editora de livros em papel. Sei porque sou curiosa e atenta e até leio bastante (embora seja raro comprar livros em papel, nos dias que correm).

 

E escrevo-te esta missiva porque sei que o teu negócio está em crise, e que as editoras se queixam da queda das vendas, e da falta de leitores, e da falta de quem lhes compre livros.

 

Confesso que não sei se estás neste pacote, das editoras queixosas, mas presumo que sim.

 

E vem esta conversa a propósito de quê? Perguntarás (ou não).

 

Vem a propósito do último livro do João Magueijo. Bifes (ainda por cima) mal passados. O rapaz tem 3 livros publicados. O primeiro, e mais conhecido, é aquela coisa da velocidade variável da luz. Foi o que lhe trouxe alguma notoriedade na nossa comunicação social, aqui há uns anos. Não li. Pareceu-me ser demasiada areia para a minha camioneta de pouco amante da física, característica que me persegue desde que a Setoura Carepa entrou na minha vida, no 8º ano.

 

Tem um segundo livro, sobre o Majorana. Esse li e gostei.

 

Não é portanto de estranhar que, tendo visto um terceiro livro do rapaz em exposição na Fnac, eu me tenha aproximado, para aprofundar. Na contracapa li o resumo, que por sinal vocês têm disponível online:

"...João Magueijo é um estudioso do Cosmos, tendo sido um dos pioneiros da teoria da velocidade da luz variável. Está radicado no Reino Unido há mais de vinte anos, sendo actualmente Professor Catedrático no Imperial College, em Londres. Nas duas ocasiões em que foi à pesca apanhou um salmonete e uma piranha (um facto real, mas a melhor comédia é a que se passou mesmo, como mostra neste livro). Os seus livros Mais Rápido Que a Luz e O Grande Inquisidor estão publicados em Portugal pela Gradiva. "

 

E é aqui que a porca torce o rabo. Ora eu, que estou longe de ser especialista, sei que a teoria do João Magueijo é sobre a velocidade variável da luz, e vocês dizem que o rapaz é um pioneiro na teoria da velocidade da luz variável.

 

Das duas uma, ou vocês não conhecem o trabalho do autor que publicam, ou não sabem a diferença entre velocidade variável da luz e velocidade da luz variável. Ou ambas as duas. 

 

Em qualquer um dos casos, é grave.

 

Não comprei o livro (não compraria na Fnac, mas compraria noutro sítio).

 

Assim sendo, podem adicionar-me à coluna dos "deixaram de comprar livros". E a responsabilidade é toda vossa.

Ai Jonas, és uma fundamentalista, e por causa de um detalhe menor cais logo em cima dos desgraçados da Gradiva. Deixa lá isso e compra o livro do rapaz, que tu até queres ler, e não sejas radical. (sim, mãe). 

Pois que não. Se num detalhe tão básico e insignificante falham de forma tão clamorosa, o que é que me garante que não falhem noutras coisas mais importantes? Nada.

 

E numa side note, com o seu quê de cómico, adoro a descrição técnica da capa, disponível no site da Gradiva:

 

 

A sério? Não encontram outra forma de descrever um livro de capa mole? Tinha mesmo de ser brochado? Por mais que seja esse o nome técnico adoptado pela indústria a que pertencem, para as pessoas normais, brochado não é sinal de capa mole.