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Jonasnuts

Jonasnuts

Fuga para a frente

Jonasnuts, 30.09.20

epicondilite é a inflamação dos tendões (tendinite) extensores dos músculos do antebraço, na região do epicôndilo, que, para leigos, é no cotovelo. Sim, evitem as piadas sobre dores de cotovelo porque, lá está, já as ouvi todas.

Resulta com frequência de muita dedicação ao ténis ou ao golf, no meu caso, resulta de muita dedicação ao rato e ao teclado. É uma doença profissional, por via de anos a fio a usar equipamento pouco ou nada ergonómico. 

O que isto faz é que haja dores no cotovelo, que depois vão alastrando para os ombros (em casos mais graves continuam por ali fora) e para os pulsos e mãos. 

Há quase 4 anos que detetei este problema que foi inicialmente mal endereçado o que fez, provavelmente, com que isto se tornasse crónico. Mas isso são outros quinhentos. 

Shots de relaxantes musculares, shots de analgésicos, shots de anti-inflamatórios, vários ciclos de fisioterapia, sem resultados extraordinariamente promissores, porque, basta um pequeno esforço, e lá volta tudo outra vez.

Não me dá jeito nenhum isto. As dores ainda é como o outro, porque foi para isso que se inventaram os analgésicos, mas chateia-me, não ter a força do costume nos ombros, nos braços, nos pulsos e nas mãos.

De modo que decidi adotar uma estratégia muito pessoal, com resultados já provados noutros contextos, o fuga para a frente, meia bola e força, nem que a vaca tussa. Depois de falar com muitos médicos, de ortopedia e de medicina desportiva, fisioterapeutas, fisiatras, personal trainers e amigos vários que padecem do mesmo mal, identifiquei uma linha de ação.

Nada de extraordinariamente inovador. Fortalecer os músculos adjacentes e que dão apoio às estruturas afetadas, de forma a que se exija o mínimo possível aos tendões que não se aguentam nas canetas.

E de que forma é que vais incrementar essa musculatura, Jonas Maria? Começar a fazer musculação, devagarinho? Falares com um PT e em conjunto delinear um plano que vise o aumento lento e sustentado da massa muscular? Veres com o teu fisioterapeuta um programa de aumento destes músculos? Qualquer coisa deste género, calma, ponderada, equilibrada e harmoniosa?

Não. 

 

Inscrevi-me no remo.

 

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A caminho da carta - a condução

Jonasnuts, 27.09.20

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Esta é uma história daquelas, que ficam para contar aos netos que um dia venham a existir. Os meus, os do instrutor e os da dona da escola de condução, presumo.

Então....... a "minha" escola de condução é pequenina, não é a do monopólio, que eu optei por reforçar o comércio local. O instrutor de código é um porreiraço e calha de ser também o instrutor de condução. No dia e à hora marcados, lá estava eu, as primeiras aulas são feitas numa 125 com mudanças. Esta da foto.

Lá fomos até ao local da aula, ele na mota da escola, eu na minha. Estaciono a minha e lá vou eu aprender o básico do básico e montar pela primeira vez numa mota com mudanças, e com embraiagem, e com travão no pé direito. E lá visto a porra do colete e lá ando com a bolsa do tablet que me mede a quilometragem, salvo seja,

O conceito da embraiagem é igual ao dos carros, não é difícil, larga-se até ela começar a querer ir, faz-se uma ligeira pausa e depois liberta-se à medida que se vai dando gás do outro lado. Pacífico.

A mudanças já é diferente, aquela coisa da primeira para baixo, as outras para cima e para baixo e agora, estás em qual? Terceira? Quarta? Segunda? Enquanto uma pessoa não aprende a perceber em que mudança está apenas pelo barulho do motor, e uma vez que não há qualquer referência visual, é preciso andar a fazer contas de cabeça. Não é difícil, é só completamente novo e é uma questão de se mecanizar. É, no entanto, uma experiência muito diferente da de conduzir uma scooter com mudanças automáticas.

Travão de trás, é uma novidade absoluta e completa. Mas, dizem-me, é fundamental aprender a usá-lo para mais do que não deixar descair a mota nas subidas (ou descidas).

Então o plano era começar a familiarizar-me devagarinho, com todas estas novidades, no parque de estacionamento por trás da escola primária. Num sítio que não me é familiar (é melhor ir contextualizando). 

O instrutor deu-me umas luzes, explicou-me os factos da vida, e disse, agora vá até ali ao fundo e depois volte, e vá dando aqui umas voltas até se sentir mais confortável. E eu lá fui. E voltei, e fui e voltei, enfim, o clássico de uma primeira aula de condução.

O instrutor ia corrigindo e dando dicas, sempre que eu passava por ele. Já se lembrou do travão de trás? Não. Já meteu uma terceira? Sim, e uma quarta também, mas depois baralhei-me nas contas e já não sabia em que mudança estava. Já deixou a moto ir abaixo? Ainda não (isso foi depois). Enfim, quase 10 minutos disto.

E é neste momento que o instrutor comete um erro capital; Olhe...... se já se sente mais à vontade, pode chegar lá a cima e em vez de fazer inversão de marcha, sai, vai por ali, e depois vira, e vem por fora e vem ter aqui a este lado. Muito bem..... eu já me sentia mais à vontade, o parque de estacionamento não tinha assim muita amplitude de recursos, pelo que aqui vai disto, bora dar a volta por fora.

Aquilo era uma subida, e eu tive de parar à saída do parque de estacionamento, e arrancar é o mais difícil, sobretudo se tivermos de fazer ponto de embraiagem, tanto que foi nessa altura que a deixei ir abaixo pela primeira vez. Sem stress, volta a ligar, mete a primeira, solta devagarinho, não vem ninguém, larga o travão, solta mais um bocadinho, cheirinho de acelerador, aqui está ela, pausa, larga tudo suavemente e já está na altura de meter a segunda, e isto não está aqui ninguém mete-se também já uma terceira, reduz que está aqui a rotunda, podes avançar, não te esqueças do pisca, sai na primeira, podes meter já a terceira, então........ mas onde é que eu estou? 

Pois que de repente me vi no meio de Algés de Cima ou Linda-a-velha, não sei, o meu sentido de orientação fugiu para parte incerta, isso, mais umas vias de sentido único, fizeram com que eu me perdesse, num sítio que não me era familiar (mas neste momento já é, até demais).

Ao princípio não me preocupei, aliás, até achei piada. Quão difícil iria ser, descobrir o caminho de volta para o parque de estacionamento da escola primária? A resposta, porém, revelou-se bem mais complexa do que o que eu imaginava.

Já vai longa a história e, encurtando a coisa, passei toda a santa aula à procura do sítio certo, sem dar com ele, quando perguntei, mandaram-me para outra escola (acho que há muitas, por ali), e só quando finalmente consigo falar ao telefone com o instrutor "então, mas onde é que a Maria João está?", é que ele me deu a porra da morada e eu fui de waze.

O senhor estava aflito, claro, que já estava atrasado para a aula seguinte, e estava preocupado comigo (e não é suposto uma pessoa que está a aprender andar assim de rédea solta), e "em 30 anos de instrutor é a primeira vez que me acontece uma coisa destas". E eu aflita porque estava a atrapalhar-lhe a vida e porque não foi uma situação simpática.

 

As vantagens, porém, foram algumas. Já domino Algés de Cima e Linda-a-Velha, já distingo as escolas todas umas das outras, e a cena das mudanças, já está oleada, que aquilo está cheio de bandas sonoras e por isso fartei-me de andar para cima e para baixo nas mudanças. Travão da roda de trás, ainda não, mas lá chegaremos, que isto resolve-se alugando uma 125 com mudanças e passando uma tarde a mecanizar estes processos todos.

 

Assim, para a próxima, posso concentra-me a olhar para a porra do caminho.

Ensaios

Jonasnuts, 18.09.20

Para que uma coisa corra bem, é preciso sempre ensaiar muito. Muita gente não dá o devido valor, nem investe horas suficientes, não dedica atenção suficiente ao processo. Aliás, amiúde (palavra de que gosto quase tanto como de debalde), amiúde, dizia eu, oiço dizer "não ensaio muito, porque isso tira a autenticidade", ou "prefiro improvisar".

Oh meus amigos........ a autenticidade e a improvisação implicam muito treino, muito trabalho, lá está, muito ensaio.

E os ensaios podem ser excelentes, porque são espaços em que o erro é bem-vindo, em que se pratica muito, em que se aperfeiçoa, em que aprendemos a conhecer-nos e a conhecer quem nos rodeia, e a falhar em conjunto e a aprender em conjunto, que tem (quase) sempre muito mais piada, e é muito mais rico.

Às vezes, os ensaios são melhores que o concerto. Não é frequente, é até bastante raro, mas acontece.

Um desses casos é o deste "Somebody to love", de 1992. Ora.... eu sou uma forte apreciadora de Queen. Atenção, por Queen entenda-se a banda que acabou no momento em que Freddie Mercury bateu a bota, e não aquele sucedâneo que anda por aí a passear-se pelo mundo e que por sinal, contrariada e com razão para isso, já vi (auto-link). 

Muita gente se arrisca a fazer covers de Queen, raras são as que o conseguem fazer com algum sucesso.

O que o inusitado George Michael conseguiu fazer com este "Somebody to Love", no ensaio do concerto de tributo ao Freddie Mercury foi extraordinário e sublime. Vou especular, achando que a presença de David Bowie na audiência terá sido fator de elevado contributo para o sucesso. Aliás, o extraordinário da prestação pode ser aferido pela cara do próprio Bowie, e pelo seu aplauso e, atrevo-me a dizer, pelo seu olhar guloso. Tudo bom.

O ensaio não foi isento de erros, que não foi, mas é um registo a que regresso com muita frequência, porque TUDO neste vídeo é bom, até os erros, que fazem parte e devem saber bem.

Ensaiemos portanto. Muito. Muitas vezes.

 

 

Regressos

Jonasnuts, 16.09.20

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Regresso a casa, e à rotina, e ao reencontro das caras com que me cruzo nas minhas manhãs no Jamor.

O casal sénior que faz sempre uma enorme festa à Uma, a corredora que já não precisa de me perguntar as horas, porque eu me adianto, o corredor velhote que me perguntou por onde tinha eu andado, o trio que treina quase todos os dias e me acena, o outro que enquanto corre, sorri e encolhe a barriga quando passa, a corredora que nunca olha para mim mas que ri para a cadela (é a minha preferida). As caras das pessoas que aprendi a reconhecer e que fazem parte das minhas manhãs. Não sei o nome de ninguém. Minto. Sei os nomes dos cães, claro.

Tenho de comprar uns ténis de caminhada, que os de verão não me mantêm os pés secos, e a mata já está cheia de orvalho.

Mas também regressam as cores, as vegetações e as temperaturas de outono. Os patinhos bebés que nasceram na primavera estão gigantes. Já é mais agradável andar de moto, pelo menos não fico com a sensação de que estou atrás de um secador de mãos com o termostato encalhado na temperatura mais alta. Por outro lado, a parte final do duche, com água fria, começa a tornar-se difícil, mas já sabe bem o aconchego do edredon na cama.

Vem aí o frio. E eu, sendo a pessoa mais friorenta que conheço, adoro o frio. 

Tempo de regressos, de começos e de recomeços.

Asul

Jonasnuts, 14.09.20

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Já escrevi e reescrevi este post uma série de vezes. A coisa não estava a querer sair. Até me focar no essencial.

Umas férias que começaram por ser a sul, mas que arrepiaram rapidamente o caminho e acabaram por ser, premonitoriamente e muito de acordo com o meu atual mood, na Margem Sul. 

Foram excelentes. Vai na volta e repito brevemente. 

Fotografei demasiado os meus pés (e não só). Partilhei demasiadas fotos dos meus pés (e não só). Muitas drenagens linfáticas. Muitas conversas boas, umas à distância, outras nem por isso. Tive umas saudades loucas da minha mais velha, e dos passeios que damos todos os dias. Do meu mais velho também, menos a parte dos passeios.

Curti muito, saí com amigos, fugi de Sesimbra, explorei a marginal do Seixal e a sua baía (eu avisei, Margem Sul pura e dura), fiquei a saber da existência da Catrapona, fui ao Zagaia E à Casa Mateus, que isto não há fome que não dê em fartura e recomendo ambos, 


Este meu recente e atual mood "Margem Sul" se calhar não foi nada mal pensado. 

 

Persistamos. A Sul.

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