Regressos
Regresso a casa, e à rotina, e ao reencontro das caras com que me cruzo nas minhas manhãs no Jamor.
O casal sénior que faz sempre uma enorme festa à Uma, a corredora que já não precisa de me perguntar as horas, porque eu me adianto, o corredor velhote que me perguntou por onde tinha eu andado, o trio que treina quase todos os dias e me acena, o outro que enquanto corre, sorri e encolhe a barriga quando passa, a corredora que nunca olha para mim mas que ri para a cadela (é a minha preferida). As caras das pessoas que aprendi a reconhecer e que fazem parte das minhas manhãs. Não sei o nome de ninguém. Minto. Sei os nomes dos cães, claro.
Tenho de comprar uns ténis de caminhada, que os de verão não me mantêm os pés secos, e a mata já está cheia de orvalho.
Mas também regressam as cores, as vegetações e as temperaturas de outono. Os patinhos bebés que nasceram na primavera estão gigantes. Já é mais agradável andar de moto, pelo menos não fico com a sensação de que estou atrás de um secador de mãos com o termostato encalhado na temperatura mais alta. Por outro lado, a parte final do duche, com água fria, começa a tornar-se difícil, mas já sabe bem o aconchego do edredon na cama.
Vem aí o frio. E eu, sendo a pessoa mais friorenta que conheço, adoro o frio.
Tempo de regressos, de começos e de recomeços.