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Jonasnuts

Jonasnuts

Regressos

Jonasnuts, 16.09.20

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Regresso a casa, e à rotina, e ao reencontro das caras com que me cruzo nas minhas manhãs no Jamor.

O casal sénior que faz sempre uma enorme festa à Uma, a corredora que já não precisa de me perguntar as horas, porque eu me adianto, o corredor velhote que me perguntou por onde tinha eu andado, o trio que treina quase todos os dias e me acena, o outro que enquanto corre, sorri e encolhe a barriga quando passa, a corredora que nunca olha para mim mas que ri para a cadela (é a minha preferida). As caras das pessoas que aprendi a reconhecer e que fazem parte das minhas manhãs. Não sei o nome de ninguém. Minto. Sei os nomes dos cães, claro.

Tenho de comprar uns ténis de caminhada, que os de verão não me mantêm os pés secos, e a mata já está cheia de orvalho.

Mas também regressam as cores, as vegetações e as temperaturas de outono. Os patinhos bebés que nasceram na primavera estão gigantes. Já é mais agradável andar de moto, pelo menos não fico com a sensação de que estou atrás de um secador de mãos com o termostato encalhado na temperatura mais alta. Por outro lado, a parte final do duche, com água fria, começa a tornar-se difícil, mas já sabe bem o aconchego do edredon na cama.

Vem aí o frio. E eu, sendo a pessoa mais friorenta que conheço, adoro o frio. 

Tempo de regressos, de começos e de recomeços.

Não há bela sem senão

Jonasnuts, 16.05.20

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Silver linings, como diria o meu filho.

As minhas rotinas matinais não se alteraram muito em termos de pandemia. Os passeios que dava com a Uma todas as manhãs (e todas as tarde, já agora) mantiveram-se sempre, sendo a única diferença percetível o número de pessoas com quem me cruzava.

Desde meados de fevereiro que o número de pessoas começou a diminuir até haver uma quebra drástica a partir do início de março. Basicamente, era sempre a mesma meia dúzia de gatos pingados que partilhava o Jamor. E foi muito bom. Poder andar à vontade, sem me preocupar com carros e bicicletas, sem me preocupar com as figuras tristes (eu oiço música enquanto passeio e, por isso, às vezes danço), sem ter de me preocupar com ser atropelada por corredores mais distraídos, enfim, ter o Jamor praticamente todo só para nós foi um privilégio.

Desde há 2 semanas que comecei a notar um acréscimo de pessoas. Primeiro foram os ciclistas, depois a malta das corridas, depois as famílias inteiras e os grupos grandes de amigos. E hoje foi o apogeu.

Saí de casa mais tarde que o habitual, eram quase 9 horas, por via de ter ficado a assistir ao natal de ontem à noite. E se calhar isso também não ajudou.

Mas, de repente, o Jamor está ao rubro, cheio de malta. Atenção, nada contra, é só uma questão de hábito.

Terei de me habituar a gerir os grupos de pessoas que têm a mesma capacidade e noção de distanciamento social que um grupo de lapas, e os desportistas cuja ideia de etiqueta respiratória passa por se assoarem aos dedos para sacudirem depois as ranhocas para o chão. Super higiénico.

Por outro lado, o passeio passou a ser mais agradável à vista porque, apesar de nem todos serem uns albanos a maioria é, e é sempre agradável passear por sítios onde haja boas vistas. É um gosto ver gente com ar saudável. 

E, já que tenho de partilhar o meu quintal com pessoas, ao menos que sejam pessoas com muito bom aspeto.

 

Pelo sim pelo não, vou investir nos horários madrugadores, que é quando há mais belas e menos senões.

Boletim dos passeios

Jonasnuts, 18.03.20

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Eu tenho álibi para sair de casa, para além das compras. Chama-se Uma. Damos grandes passeatas todos os dias. Uma logo de manhã muito cedo, outra ao final do dia. Nisso, os hábitos não mudaram.

No sítio onde passeio, durante a semana, de manhã, nunca havia muita gente. Hoje há um bocadinho menos. E há os regulares, com quem já estava estabelecida uma ligação. Os 3 corredores que me dizem "olá" quase em uníssono, a miúda que corre com um pedal desgraçado e que mesmo assim arranja energia para me acenar, dizer bom dia e sorrir (é profissional das corridas de certeza absoluta), a senhora de meia-idade que faz sempre uma festa enorme à Uma e que me liga muito pouco (my kind of girl),  a dona da Maré, e os velhotes. Há vários tipos de velhotes, uns sozinhos (elas) outros acompanhados e há um casal.

 

Este post é sobre esse casal. São velhotes. Mais de 75 anos. Andam juntos, mais ou menos, porque ele vai à frente, sempre com um speed do caraças, e ela vai mais calmamente, atrás, de vez em quando ele para e fica à espera que ela percorra os 200 metros que os separam, e quando ela se chega, ele zarpa outra vez. Há uns tempos comentei com ela "o seu marido vai sempre cheio de pressa" e ela riu-se e disse que ele gostava assim, e que era uma companhia, e que sem ele ela não vinha, portanto, estava tudo bem. Ela tem dificuldades a andar. São os dois muito simpáticos.

 

Ontem vi-os ao longe e perguntei-me se teriam algum apoio. Ele aproxima-se e pára ao pé de mim, eu meto conversa, assim como quem não quer a coisa, a tentar perceber se precisam de ajuda ou se têm rede, mas sem perguntar diretamente, para que o senhor não se sentisse ofendido. Eles são mais susceptíveis que elas. A conversa foi hilariante.


Oh menina, isto não é nada. Nós vivemos em Moçambique, quando eles estavam em guerra, e era uma fome terrível, vínhamos a Portugal, nas férias, engordávamos 20kg porque já sabíamos que no regresso, não havia nada e era preciso criar reservas. Não é agora esta bicheza que vai dar cabo de nós. E eu a pensar, oh caraças........ andam a fazer a vidinha de sempre. A senhora vem a meio caminho, ainda há tempo para mais conversa. 

Nós temos uma filha que é médica pediatra e que todos os dias telefone e quer um relatório (ok, fico descansada, têm apoio), e nós mentimos, porque sabemos que ela fica muito aflita. No primeiro dia dissemos que tínhamos vindo para aqui passear, e ela proibiu-nos (e ria-se muito, com a proibição da filha), agora dizemos que não saímos, só para ela ficar descansada. Mas fazemos a nossa vida normal, só com alguns cuidados, que isto é tudo um exagero.

A senhora chegou, parou a uma razoável distância, e ele também está bem longe. Ri-se e diz que exagero por exagero, mais vale prevenir que remediar. 

A Uma está impaciente - lá está esta na conversa - chama-me, os senhores têm apoio e uma filha que se preocupa e é aldrabada à força toda nos relatórios diários, só para ficar mais descansada. Os papéis estão invertidos. Mas eu também fico mais descansada.

Sigo o meu caminho, despeço-me com um aceno, enquanto ele ensaia o início de mais um sprint e ela se ri enquanto quase encolhe os ombros. 

Não sei o que é pior, aldrabarem a filha ou fazerem uma vida normal. Esta malta mais velhota está muito afoita. Amigos e conhecidos, a dizer que a miudagem se porta lindamente, mas que os pais estão a dar problemas.

Vocês querem ver que é por causa da população sénior que vamos levar mesmo com o estado de emergência? (sim, eu sei que há outros mecanismos para obrigar ao confinamento obrigatório, como os que estão a ser adotados em Ovar).

 

Cambada de insubordinados, pá.

 

Se lá chegar, vou ser TÃO assim :)

De mim para mim

Jonasnuts, 03.02.20

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Hoje recebi um mail meu.

Dizia eu que estava com saudades minhas. Da minha escrita aqui neste Blog e que já tinham passado mais de 60 dias desde a última atualização.

No final já não sou eu que assino, o que é bom, porque tornaria a coisa ainda mais estranha.

Retomemos o blog. Sem promessas. Sem obrigatoriedades. 

Uma boa forma de começar é o post de hoje no instagram.

É verdade que estou cada vez mais alta.

 

 

 

 

 

 

1990, és tu?

Jonasnuts, 05.02.18

Por motivos que agora não interessam mas que é uma questão de tempo até por aqui aparecerem, fui dar com o site do Instituto do Desporto e Juventude.

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Isto é um tema com potencial para conteúdos do caraças. Um tema com  potencial para criar uma comunidade do caraças (ou, melhor dizendo, uma federação de comunidades). Um tema com tudo para dar certo e ser um case study em termos de estratégia digital.

 

Mas, aquilo a que temos direito é um site pobrezinho mora longe, anos 90 no seu auge, onde encontrar informação é difícil, não é responsive e onde não há, sequer, referência a redes sociais.