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Jonasnuts

Jonasnuts

Community Manager

Jonasnuts, 22.01.18

Este é um tema recorrente aqui da chafarica, porque é uma das vertentes do meu trabalho e porque sou formadora na área. Interessa-me sempre.

 

Já em tempos descrevi aqueles que deveriam ser os requisitos essenciais de quem gere uma comunidade (auto-link). E aqui sobre ter ou não comunidades.

 

É com alguma frequência que vejo anúncios de emprego a pedir community managers e vou sempre meter o nariz. O resultado é quase sempre o mesmo. Para além de escrever os posts que linkei ali em cima, dou sempre por mim a pensar "mas o que estes gajos querem é uma pessoa para gerir redes sociais, não é uma pessoa para gerir comunidade".

 

O problema está na definição. Quem faz like numa página de Facebook não constitui, juntamente com todos os outros autores de likes à mesma página, uma comunidade. 

Quem segue uma marca no Twitter não faz parte duma comunidade.

Quem usa um determinado serviço de mail, ou de blogs, ou de vídeos ou whatever, não faz automaticamente parte duma comunidade.

 

Entre um conjunto de seguidores (ou fazedores de likes) numa rede social e uma comunidade vai uma enorme distância.

 

Para que haja uma comunidade é preciso que haja sentido de pertença, sentido de identidade partilhada, sentido de diferenciação em relação aos que não pertencem.

 

Quando, há muitos anos, comecei a aceder à Internet e tive mail (olgajoao@telepac.pt - foi o meu primeiro mail), encontrar outra pessoa que também acedesse à Internet era raro. Quando acontecia, era uma festa, era um sentimento imediato de cumplicidade, por partilharmos algo que era estranho à maioria. Era uma comunidade, não formal. Havia sentimento de pertença, de identidade e, claramente, de diferenciação em relação aos que ainda estavam a leste do paraíso.

 

Uma pessoa que faz like numa página, ou que segue uma conta, dificilmente se sentirá, só por isso, como fazendo parte duma comunidade. Na maioria dos casos, não sente nada a não ser que ganhou o direito de participar em passatempos, ou em receber correspondência, ou ficar a par do que aquela marca tem para dizer às vezes. 

 

Para gerir estas pessoas não é necessário alguém que faça gestão de comunidades, basta uma pessoa que faça gestão de redes sociais. Não estou a minimizar o trabalho de quem gere redes sociais. Estou a diferenciar do trabalho de quem gere comunidades.

 

Não há muitas comunidades grandes, em Portugal. Há os clubes desportivos, obviamente, têm de facto comunidades, e são um desafio muito interessante, do ponto de vista profissional. 

 

Mas, assim de repente, exceptuando as desportivas, não me ocorrem comunidades grandes existentes em torno de uma marca. Uma coisa tipo Tifosi (os maluquinhos pela equipa de Fórmula 1 da Ferrari, embora o termo seja mais genérico).

 

É difícil, criar uma comunidade, mais difícil ainda mantê-la, sobretudo quando cresce e passa de um nicho para algo mais robusto e com vida própria, mas é um desafio extraordinário e muito interessante (enfim, dependendo do tema e da liberdade que um gestor de comunidades possa ter).

 

Mas isto não interessa para nada, porque não há necessidades de contratação de gestores de comunidade. O que se pretende, na grande maioria dos casos, são gestores de redes sociais.

 

Anda é meio mundo enganado com a definição da coisa.

A minha família é melhor que a tua

Jonasnuts, 19.01.18

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A priberam diz-me que "família" é uma quantidade de coisas.

 

Curiosamente, em nenhum momento me diz que uma família é constituída por um par de adultos e um par de crianças. No entanto, essa parece ser a única definição que o estado aceita, pelo menos quando se refere ao acesso a sítios, museus, monumentos e património que se encontra sob a responsabilidade da Direcção Geral do Património Cultural.

 

Sim senhor, têm a indicação de que há descontos para famílias, aliás, como eles dizem "Estão também criadas condições de [...] promoção da visita familiar, entre outras gratuitidades e descontos.".

 

O problema é que, por exemplo, eu e o meu filho, que constituímos uma família, não podemos, nem nunca pudemos, usufruir destes descontos de família. 

Na visão do estado, no que ao acesso à cultura diz respeito, família, é sempre constituída por dois adultos e duas crianças. 

 

O resto são famílias de segunda. Não interessam. Descarte-se.

 

Alguém, em Agosto do ano passado, escreveu uma cartinha toda bonita à DGPC, expondo este tema e, inclusive, enviou os resultados do último census feito em território português, que demonstrava a diversidade das famílias e a sua representatividade.

 

A resposta foi dada no mesmo dia. Muito obrigada, vamos reencaminhar para o serviço competente (que não explicaram qual é) e até hoje, batatas.

 

A mesma pessoa contactou a Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género (CIG), dando conta da mensagem enviada à DGPC.

A CIG foi muito diligente e, no mesmo dia respondeu com um "informamos que a CIG solicitou a apreciação da sua questão aos Conselheiros Ministeriais para a Igualdade na área das Finanças e da Cultura, uma vez que o Despacho n.º 6473/2014, publicado no DR, 2.ª série, n.º 95, de 19/05/2014, na redação dada pelo Despacho n.º 5402/2017, publicado no DR, 2.ª série, n.º 118, de 21/06/2017, que fixa o desconto para o “bilhete família" é um despacho conjunto destes dois ministérios.". Resultado? Batatas.

 

Não me parece que isto seja um tema fracturante. Não me parece que isto seja subjectivo. Não me parece que haja dúvidas quanto ao que deve ser feito.

 

Aparentemente, os Conselheiros Ministeriais para a Igualdade na área das Finanças e da Cultura têm mais que fazer. 

 

Aproveitem o fim-de-semana para visitar um museu, ou então não.

Novo look

Jonasnuts, 19.01.18

O blog, não eu.

Desta vez a iniciativa foi minha.

 

Fartei-me das 3 colunas e tinha mais umas coisitas e pedi ao Pedro se lhe dava um jeito, e ele fez a magia dele e mais umas coisas em que eu não tinha reparado mas que a ele lhe faziam confusão. É sempre a melhor estratégia, dar carta branca ao Pedro.

 

Portanto, se gostam, a responsabilidade é do Pedro, se não gostam, a culpa é minha, que fui eu que pedi.

 

Se não dão pela diferença não se preocupem, se eu não fosse a dona do blog, provavelmente também não me apercebia :)

Os adolescentes e o detergente

Jonasnuts, 18.01.18

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A ligação não é óbvia, entre adolescentes e detergentes, mas ganhou protagonismo nos últimos dias. 

E é um protagonismo justificado, perguntam vocês. E eu respondo que não, que não é justificado e que nasce por um lado da ignorância e por outro da necessidade de audiência.

 

A história é simples. Nos Estados Unidos da América, o país que elegeu Trump, na primeira quinzena de Janeiro, em resposta a um desafio colocado no Youtube por algum adolescente imbecil, começaram a surgir alguns casos de adolescentes igualmente imbecis, que metem à boca uma cápsula de detergente da roupa, daquelas transparentes cheias de molhanga, e depois acontece o óbvio...... aquilo sabe mal, cospem tudo, os mais sortudos safam-se com sintomas muito ligeiros, os mais incautos têm de ir ao hospital, porque, lá está, ingerir detergente para a máquina de lavar roupa não dá saúde a ninguém. Nunca deu, por isso é que é recomendação geral que este tipo de produtos esteja, guardados longe do alcance de crianças.

 

Mas é isto. Nos States, onde há 310 milhões de habitantes, houve um grupinho que nem meia centena é, que decidiu ser imbecil.

 

Como seria de esperar, por lá, obteve alguma cobertura mediática. Justa, se formos pelo grau de estupidez e pela necessidade de exercer alguma pedagogia.

 

Mas, repito, é uma coisa nos Estados Unidos da América, e estamos a falar de meia dúzia de adolescentes. Não é a primeira vez. Não será a última.

 

E porque é que isto é notícia por cá?

 

Porque a nossa comunicação social adora dar a conhecer cenas que não eram conhecidas nem relevantes, na esperança de que peguem por cá, para que possam ter notícias acerca dos resultados dramáticos.

 

Isso e a conta de Facebook da PSP, que decidiu partilhar a coisa com um "Há um novo desafio viral na Internet que consiste na ingestão destas cápsulas ou na sua colocação na boca, filmando e partilhando nas redes sociais.".

A Internet é uma rede de redes que conta com milhões de milhões de milhões de ocorrências por segundo pelo que uma coisa viral é algo que tem um volume extraordinário e um impacto grande. Não é o caso. 

 

Em Portugal, se não fosse o Facebook da PSP e alguns órgãos de comunicação social tradicional, a coisa não teria passado dos comentários jocosos no Twitter de "olha lá o que meia dúzia de palermas americanos andam a fazer agora" e isto por causa das notícias em órgãos de comunicação social americanos. 

 

Isto é um não tema. É um não problema. É uma inexistência. É um inconseguimento.

 

Até a PSP e os jornais se meterem ao barulho. 

 

Irresponsáveis.

 

A política como ela é - Manual para principantes

Jonasnuts, 18.01.18

Embora não pareça, este é um post sobre motos. Ou talvez não.

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Tenho carta de condução de ligeiros de passageiros há mais de 30 anos. Conduzo carro todos os dias há mais de 30 anos.

Fruto de cenas diversas, há 6 meses comprei uma scooter 125cc em segunda mão. A da foto. 

Nunca tinha tido um moto. Sabia andar de bicicleta. Enfim, mais ou menos.

 

Comprei aulas numa escola de condução, para lá chegar e perceber que a moto em que ia praticar não era uma scooter (tinha mudanças) e perceber também que os senhores queriam pouco ensinar-me a andar de moto e queriam muito era que eu tirasse carta de moto. Não aprendi porra nenhuma na primeira aula. Não fui às restantes aulas que já tinha pago.

 

Fiz uma pesquisa sobre o equipamento de que necessitaria. Fiz perguntas a amigos reais e virtuais. Vi vídeos. O básico foi um australiano que me ensinou, o Ken Whitehouse. Aqui.  

 

Depois foi ganhar experiência. Andar no bairro e em parques de estacionamento, devagarinho, ao fim-de-semana. E ir ganhando experiência e ir cada vez um pouco mais longe. Fazer perguntas (auto-link). E depois comecei a vir para o trabalho e agora faço 1000km por mês e cada vez gosto mais.

 

Foi portanto com muita preocupação que vi uma notícia, no Expresso, com um título altamente preocupante "Conduzir motos com carta de ligeiros abre caminho ao aumento de mortes". Fui ver.

 

O  "jornalista" Paulo Paixão limitou-se a transcrever aquilo que lhe foi dito pelos "especialistas e intervenientes no sector" sem sequer ter tido o cuidado de olhar para os números para perceber que NADA naqueles números permite concluir tudo o que ele conclui e tudo o que deixa os "especialistas e intervenientes no sector" concluir.

E os "especialistas e intervenientes no sector" são pessoas com interesses muito específicos nesta área. 

 

O que me leva ao título do post. É um padrão. Se eu quiser que uma determinada lei seja aprovada preciso de convencer o decisor (neste caso o governo e a assembleia da república) e preciso de criar boa vontade na opinião pública, e isso consigo através de manipulação da comunicação social. Deparei com esta sequência quando me envolvi mais a sério no tema da lei da cópia privada, aqui há uns anos.

 

Convencer o decisor é fácil. Os almocinhos, os joguinhos de golfe, a troca de favores, a ignorância, a manipulação de dados e em alguns casos, presumo, a corrupção pura e dura. Todos têm o seu papel. Sendo que a ignorância e a troca de favores são, na minha opinião, os que mais contribuem. Neste caso, o decisor ou o iniciador é o ministro da administração interna que numa entrevista à Antena 1 (a parte que interessa começa ao minuto 32), começou a manobra. Questionado pela jornalista, começou por falar do aumento do número de acidentes e do aumento do número de vítimas mortais sobretudo resultado de atropelamentos. E depois deste contexto, identifica 3 medidas para mitigar estes números:

1 - Reduzir a velocidade máxima permitida de 50km/h para 30km/h dentro das localidades.

2 - As motos passarem a ter inspecções.

3 - Ser obrigatório ter carta de condução de motos para conduzir motos de 125cc.

 

E está montado o circo. Parece haver aqui uma causa/efeito. Este é um ponto importante, porque tudo o resto vai decorrer desta associação. Há mais acidentes porque as motos não são inspeccionadas e porque os condutores das 125cc não têm formação específica.

 

Ora, os dados disponíveis, da Autoridade Nacional da Segurança Rodoviária, não permitem estabelecer esta relação. Pode ser que o senhor ministro tenha outros dados. Gostávamos de saber quais são e onde podem ser consultados, então.

 

Isto é uma técnica de manipulação muito conhecida, muito antiga, mas cujo exemplo mais mediático e recente é toda a máquina de comunicação do Trump. Metem duas coisinhas uma a seguir à outra, e as pessoas preenchem o vazio, fazendo uma associação que não está explícita (porque não existe ou não se consegue provar). A associação passa a ser verdade. Estão a ver as fake news? É a mesma coisa. 

 

Portanto, ao que parece, o decisor, o originador público da coisa, o ministro, já está no barco e muito disponível para fazer a associação que não existe (ou cuja existência não se prova a partir dos dados disponíveis) seja por conivência, seja por ignorância, seja por falta de sentido crítico, seja por excesso de confiança em quem lhe preparar o discurso e o pensamento.

 

Foi dado o arranque. Agora, interessa aos promotores destas ideias, que são os reais interessados, que a opinião pública seja levada a pensar o que eles querem. No fundo, interessa-lhes criar boa vontade e apoios na opinião pública, porque se não a tiverem, os decisores ficarão mais renitentes. Ninguém quer aprovar medidas que lhes possam custar votos, ou créditos. 

 

E é aqui que entram os órgãos de comunicação social. Meia dúzia de jornalistas, a quem se envia um press release ou com quem se têm umas conversas e que se manipulam, duma forma ou de outra, para que as notícias saiam. Interessa que saiam duma determinada forma, numa determinada perspectiva. 

 

O slogan do Expresso era, até há pouco tempo, um extraordinário "Faz opinião". E faz. E não faria mal nenhum, se houvesse isenção, profissionalismo, competência, vontade de fazer perguntas....... enfim, jornalismo. Sei que há, mas neste caso não houve.

 

O Expresso não é caso único, mas eu distingo o Expresso do Jornal de Notícias, ou do Correio da Manhã, ou do Notícias ao Minuto. Sou, por isso, mais exigente com o Expresso do que sou com os outros.

 

No artigo do Expresso, que refere os números da Autoridade Nacional da Segurança Rodoviária é dada voz aos "especialistas e intervenientes no sector", a saber, Carlos Barbosa, presidente do Automóvel Clube de Portugal. Sendo um interveniente no sector, não se pode dizer que seja isento, porque tem interesses, nomeadamente em ter mais negócio por via das inspecções, e por ter mais negócio por via das cartas de moto.

O Presidente do Automóvel Clube de Portugal que, já vimos, tem interesse específicos na matéria, faz afirmações extraordinárias, como por exemplo "O aumento brutal de sinistros com motos deve-se em boa parte à falta de habilitação para conduzir. Devia ser obrigatório fazer um exame para se poder conduzir uma 125cc, tal como existia antigamente para as motos de 50cc". Não há, nos dados referidos no artigo, qualquer diferenciação entre cilindradas de motos. Não há forma de saber se foram motos com 125cc que provocaram os acidentes. Não há um aumento brutal. Há um aumento, durante 2017, do número de sinistros com motociclos. É isto que se sabe. 

 

Que o presidente do ACP diga isto, não estranho, já estranho porém que, ao jornalista, não lhe ocorra raciocinar sobre o tema e fazer perguntas.

 

No mesmo artigo, "Para o presidente do ACP, outra causa do actual aumento da mortalidade com motociclos “prende-se com o disparate que foi a permissão de circulação nas faixas Bus;é altamente perigoso colocar motos nesses corredores e o resultado está à vista”." Novamente, isto é imbecil. Que o presidente do ACP profira imbecilidades, é problema dele, de quem o elegeu e dos associados do clube, que ao jornalista não lhe ocorra informar-se e questionar a coisa, publicando sem sequer saber de que é que está a falar, já é um problema meu, porque, lá está, contamina a opinião pública com uma mentira que, validada por órgão de comunicação social, passa a ser verdade.

 

A permissão de circulação nas faixas de BUS não existe em todo o território. Existe no Porto desde 2016, em Lisboa desde Setembro de 2017, e em mais cidades espalhadas pelo país. Não há dados que permitam verificar se passou a haver mais acidentes depois de se dar início à circulação de motociclos em faixas de BUS. Aliás, em Lisboa a permissão surge na sequência de uma experiência piloto, que decorreu durante 9 meses e que abrangia apenas 3 vias da cidade. Quero presumir que, se os resultados desse piloto tivessem demonstrado um acréscimo de acidentes, a Câmara Municipal de Lisboa teria optado por suspender a coisa, em vez de a alargar a quase todas as faixas de BUS.

Mais uma vez, o "jornalista" não questiona, não pergunta, não quer saber, não informa.

A lei que permite a condução de motos até 125cc de cilindrada por pessoas com mais de 25 anos e com carta de ligeiros de passageiros foi aprovada, em Portugal, em 2009. Não houve, neste período, um aumento do número de sinistros com motos, pelo contrário, exceptuando 2017, o número de sinistros tem vindo a diminuir. Mais, uma vez que a venda do motos aumentou substancialmente, a queda no número de sinistros é ainda mais expressiva do que à primeira vista poderia parecer.

 

Outro "especialista e interveniente no sector" que o "jornalista" decide ouvir é um ex-presidente da ANIECA, apresentada no Expresso como sendo a Associação Nacional de Escola de Condução, mas que na verdade é a Associação Nacional dos Industriais do Ensino da Condução Automóvel. Mais uma vez, uma pessoa/entidade com interesses muito específicos em fazer negócio. Não é uma opinião isenta. Faz o mesmo que o ministro e o mesmo que o presidente do ACP, opina, relaciona implicitamente dois dados que não podem ser relacionados através dos factos, e subentende-se o resto.

José Manuel Trigoso, presidente do conselho de direcção da Prevenção Rodoviária Portuguesa é muitíssimo mais cauteloso e diz o óbvio; a lei das 125cc tem quase 10 anos, todos os anos a sinistralidade tem vindo a diminuir, ter aumentado agora não pode ser relacionado de forma precipitada, à falta de carta de condução. 

 

Por último, Manuel Marinheiro, presidente da Federação de Motociclismo de Portugal que, obviamente, tem uma leitura diferente e diz, preto no branco, uma coisa não tem a ver com a outra. Mesmo assim, o jornalista consegue espremer um "assume" e um "admite". A falta de honestidade é extraordinária.

 

Gostava que este Paulo Paixão explicasse como é que tendo opiniões contrárias por parte dos entrevistados, não vai atrás dos factos, não soma um mais um e não se informa um bocadinho antes de escrever. Não é papel do jornalista papaguear tudo o que lhe dizem. Convém que pensem e façam perguntas, senão, basta-me um microfone. Depois de opiniões contrárias, o título da notícia é "Conduzir motos com carta de ligeiros abre caminho ao aumento de mortes" e todo o texto manipula nesse sentido.

 

E é assim que se faz. Manipula-se o poder (de uma forma ou de outra), manipula-se a opinião pública, facilita-se a coisa, quem se lixa é o mexilhão, que não tem grande poder de manipulação e já está. 

 

Da mesma forma que a lei da cópia privada passou, para grande benefício de poucos privados, obliterando os direitos de milhões, esta intenção vai transformar-se em lei, porque, lá está......... o poder é desinteressado (ou excessivamente confiante, ou corrupto, ou ignorante, é escolher a que der mais jeito), a comunicação social extraordinariamente maleável e a opinião pública mais interessada em saber os resultados da bola.

 

Termino com um link para um artigo de opinião do Vitor Martins, um senhor que não conheço, mas que faz as perguntas que eu gostaria que o "jornalista" do expresso tivesse feito. Aponta caminhos. Dá explicações. Não tem muitas certezas. E é motard. Pode ser que o "jornalista" se inspire.

 

Somos todos culpados, mas uns com mais responsabilidade do que outros, senhor ministro e senhores do Expresso.