De quem terá sido a ideia?
A sério........
Quem é que pensou que isto era boa ideia?
E quem é que aprovou a ideia?
E quem é que, depois de ver a coisa já feita, achou que continuava a ser uma boa ideia?
A sério. Expliquem-me.
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A sério........
Quem é que pensou que isto era boa ideia?
E quem é que aprovou a ideia?
E quem é que, depois de ver a coisa já feita, achou que continuava a ser uma boa ideia?
A sério. Expliquem-me.
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Vou só deixar isto aqui numa de "how not to". É um problema antigo, acerca do qual já escrevi várias vezes. Todos os dias me chegam propostas idiotas à caixa de correio.
É raro chegar-me uma proposta bem feita, mas já aconteceu. O conceito não me repugna, e sou gaja para escrever sobre coisas que experimente, com marcas com que me identifique, que tenham a ver comigo. Mas a coisa tem de ser bem feita.
Respondo sempre às raras propostas de jeito que me chegam. Aceito ou não aceito, e se não aceito digo porquê.
Às outras, não respondo e vão directamente para o lixo. E depois há algumas que, por um motivo ou outro, me chama a atenção. Foi o caso da de hoje.
Começou por me chamar a atenção o destinatário. Enviaram este mail para 3 pessoas. Eu, uma a_espuma, que não conheço e um outro senhor, que sei quem é. Quando vejo o meu nome misturado com o do senhor, normalmente rio-me.
E depois o texto, "tomem lá o privilégio de partilharem o nosso novo conceito, se quiserem imagens peçam, adeusinho e até à próxima."
A sério, senhores. Eu tenho uma empresa de consultoria digital, trabalho nesta área, antes de enviarem uma mensagem destas, para quem quer que seja, consultem-me. Não sou assim tão cara. Tomem lá um cheirinho (auto-link), de borla, com umas dicas de como fazer.
Assim, estão a deitar dinheiro fora.
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Opá.... gosto do spot, gosto do produto..... e da campanha. É tudo bom.
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Como o título do post indicia, já falei deste tema aqui, aqui, aqui e aqui (tudo auto-links).
É um tema que me interessa, quer como ex-publicitária, quer como crente na teoria de que a publicidade no long tail é um dos caminhos, quer como autora de um blog quer, ainda, como ex-responsável por uma plataforma de Blogs (esta, a do SAPO).
Quase sempre que escrevo um post deste género é porque recebi um mail. Hoje não é excepção.
Não vou repetir o que já escrevi nos posts anteriores. Mas continua a surpreender-me a falta de senso comum e de know how demonstrado por pessoas que se dizem especialistas na matéria.
Esta malta deve achar que um bom community manager, é aquele que consegue escrever para um maior número de pessoas, parecendo que fala em exclusivo com cada uma dessas pessoas.
Não é isso, gerir uma comunidade. Gerir uma comunidade é conhecê-la, e antes de geri-la, há que criá-la, que elas não nascem, normalmente, de forma espontânea (embora possa acontecer).
Neste caso em específico..... acho piada que entrem a matar, pedindo o tráfego do Blog para verem que campanhas é que se adequam. Não perguntam se estou interessada ou se nem por isso. Dá cá os dados de tráfego, que a gente logo vê se isso nos serve, ou não.
Claro que percebo, mas não é isso que lá diz, que a quantidade é importante e que se o blog não tem tráfego suficiente (e este, clara e felizmente, não tem) não interessa. O que lá diz é, mande-me os dados de tráfego, para vermos o que é que se adequa. Ora..... o que se adequa é temático, não é numérico. Eu posso ter 100.000 visitas por dia (e não tenho), falando exclusivamente de ovos (para referir um tema recente), mas essas 100.000 visitas de nada servirão, a uma campanha que esteja a promover bicicletas. Lá está.... é preciso conhecer a comunidade de que dizem ser managers.
E, por último..... os beijinhos.
Quer dizer...... nem sequer um Olá Jonas, ou um Olá Maria João. Um texto que claramente indica ser generalista (blog/plataforma). E no final..... beijinhos.
Ah, faltou-me o detalhe mais delicioso...... o "sempre em consonância com o mundo da blogosfera". O que raio é consonância com o mundo da blogosfera? E.... que blogosfera? Qual delas?
A sério..... anda aí gente a trabalhar nesta área sem fazer a mais pálida ideia de como é que se fazem, realmente, as coisas.
E tanta gente boa no desemprego.
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A filha da Olga sou eu, e este é um post sobre a minha mãe.
A minha mãe recebeu ontem o prémio carreira do Clube de Criativos de Portugal. Pois, sempre tive uma mãe muito à frente. As mães dos outros meninos da escola tinham profissões chatíssimas, e a minha mãe era publicitária, numa altura em que a publicidade era um mundo extraordinariamente masculino (estão a pensar em Mad Men? Não... uns anos depois disso, mas em Portugal). Era copy, passou depois a directora criativa, e acabou em directora de agência. Nada mau.
Sempre foi discreta, a minha mãe. Nunca foi um pavão, o que é ainda de maior valor, tendo em conta a comunidade pavoneante que caracterizava a coisa. Não sei se ainda é assim, presumo que sim. Já não é a minha guerra.
Mas é por causa da minha mãe que o Omo lava mais branco, ou que houve, em tempos, glutões no Presto, ou que Skip foi, durante muito tempo, o detergente recomendado por 67 marcas de máquinas. Por causa da minha mãe, a Denim era para o homem que sabe sempre o que quer, e o Harpic, líquido, super concentrado, era um jacto que de facto, chegava a qualquer lado, limpava, desinfectava e num instante, wc brilhante.
Também a minha mãe dizia que os filmes Kodak eram para mais tarde recordar (com música do Luís Pedro da Fonseca) , e se muita gente diz um corneto para mim, um corneto para ti, olá, olá, e a vida sorri, foi porque a minha mãe juntou as palavras, e o Pedro Osório fez a música (ou adaptou-a, já não sei, foi há mais de 30 anos). E o famoso filme de Old Spice, com o caramelo a fazer uma onda de surf ao som da Carmina Burana, foi adaptado pela minha mãe. O very nice a gritar, "Aquela máquina" para o gajo da Regisconta passar, também era da minha mãe.
A sabedoria da minha mãe, fez com que em Portugal fosse lançado o sabonete Rexina, e não Rexona, porque, como se sabe, Rexina é um sabonete que lava e perfuma, e Rexona é um sabonete que serve para lavar..... partes do corpo que naquela altura, ninguém tinha, vá.
Lembro-me de um filme de preservativos, Control? Durex? Que não passou no crivo da censura, por ser demasiado explícito (metia uma demonstração de como se colocava, numa banana), e de outro da Renova, que chegou a ir para o ar, mas que foi retirado, porque a "esposa" não sei de que administrador tinha ficado afogueada com a coisa (sim, uma campanha a papel higiénico deixava "esposas" afogueadas).
As contas que trabalhou foram muitas, não me lembro de todas. Zanussi, Ricard, Omo, Presto, Skip, Tulicreme, Nesquik (o Kangurik, sim), Milo, Moulinex, Renova, Braun, Red Bull, Benetton, Old Spice, Denim, Atlantis, Kodak, Olá, Yoplait, e mais umas tantas que, se me lembrar (ou ela me ajudar) eu acrescento aqui. Mas faltam aqui mais do que as que estão. Escrevo isto de memória. A minha mãe sempre levou trabalho para casa. A maquete do jingle da Olá foi para o cliente numa K7, cantada pelo meu pai, gravada lá em casa, na noite da véspera.
Pelo meio, teve duas filhas maravilhosas (enfim, uma mais maravilhosa que outra) que ontem, orgulhosas e tendo levado representantes da descendência - que também estavam todos inchados - ouviram os aplausos, e perceberam que ela estava contente, comovida, satisfeita e feliz. E os aplausos do público eram sinceros, não eram só da claque.
Teve ainda tempo para ajudar muitas pessoas ao longo do seu percurso. Ainda há pouco tempo, encontrei por acaso uma dessas pessoas "tu és filha da Olga? A tua mãe ajudou-me imenso e ensinou-me muito, manda-lhe um beijinho muito grande". Na sua vertente de professora, inspirou algumas pessoas na escolha de carreira "és filha dessa Olga? Foi a tua mãe que me fez decidir ir para comunicação" - já ouvi.
Filha dedicada, enough said. Travou muitas batalhas, duas das quais decisivas. Ganhou ambas (auto-link).
Ontem, perante a fauna que entretanto tomou as rédeas da indústria, estava nervosa ao aceitar o prémio, e sei que tinha muito mais coisas para dizer, mas, sempre a pensar nos outros, não se estendeu..... muito.
Uma palavrinha para o Manzarra (desculpa mãe, não resisti), a quem coube o frete de ser o anfitrião da noite (pelo menos era com ar de frete que estava); quando um dia fores receber um prémio de carreira, e estiveres ali na presença dos teus pares e da tua família, eventualmente comovido e nervoso, também desejo que o palhacito de serviço, enquanto falas e agradeces, passe o tempo a fazer gags, e palhaçadas, e também não seja suficientemente profissional para perceber que há um momento em que a atenção não tem de ir para o apresentador, mas sim para o apresentado. Ficamos assim, que eu prometi à minha mãe que não falava do tema e, sobretudo, que não usava palavrões.
Não tive acesso ao discurso completo, mas sei que há algo que gostava de ter dito, e é algo importante a que dedicarei alguma atenção mais tarde, não aqui.
A minha mãe ficou com ZERO arquivo. Não tem um filme, não tem um folheto, não tem um spot de rádio, um mupi, um outdoor, um anúncio de imprensa (a não ser aqueles que guardou porque ou eu ou a minha irmã entrávamos, e de que já falei aqui, aqui, aqui e aqui (tudo auto-links).
Numa época em que o revivalismo está na moda, um desafio interessante para o Clube de Criativos de Portugal (e não só, as marcas e anunciantes também beneficiariam), era fazer uma recolha (e digitalização) de todo o arquivo publicitário português. Há kilos de material por digitalizar, nos arquivos das produtoras, e nas caves dos jornais, e nas salas dos fotógrafos, no acervo de cada anunciante. Som, imagem, vídeo. A história da publicidade em Portugal, contada através do que viu a luz do dia (fora o resto, muito mais, que nunca chegou a sair).
Dava um site do caraças (nessa parte eu posso ajudar). E a minha mãe sempre ficaria com algum arquivo :)
Este relambório todo, no fundo, só para dizer, que gosto de ti, mãe, e tenho muito orgulho na tua carreira, mas especialmente, em ti :)
(Aproveita, que, como sabes, isto não é sempre).
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