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Jonasnuts

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Publicidade nos Blogs - Take 2 - O que não fazer

Jonasnuts, 20.05.11

Tendo em conta os comentários que me têm chegado (por diferentes vias), achei que seria interessante exemplificar boas e más práticas de propostas de parceria. Começo pela negativa (que é a mais frequente, sendo que de propostas positivas só tenho um exemplo, fica para o post a seguir).

 

Então, aqui ficam algumas recomendações acerca do que NÃO fazer, se está a pensar entrar em contacto com um Blog (ou com um conjunto de Blogs) com uma proposta de parceria:

 

1 - Não use um mail @hotmail (ou @gmail, etc...). Use um endereço de mail que confira credibilidade à sua proposta.

2 - Use português correcto, quer na ortografia, quer na dactilografia, quer na construção.

3 - Não lamba as botas do autor (ou autora) do Blog, chamando-lhe representativo da blogosfera portuguesa" (embora, em alguns casos, isso possa funcionar).

4 - Não misture alhos com bugalhos. Um blog é um Blog, uma conta de twiter é uma conta de Twitter.

5 - Não diga ao autor do Blog que pode tornar-se fã do produto (que ainda não foi lançado) na página do Facebook.

6 - Não ofereçam coisas "muito giras" que nada têm a ver com o produto.

7 - Não sejam vocês a definir as regras da experimentação do produto/serviço.

8 - Não digam NUNCA o que é que o blogger tem de escrever no post. Coisas do género "a ideia é que escreva um post no seu Blog a explicar a sua experiência e a recomendar aos seus leitores que visitem a página X" são absolutamente proibidas.

 

Aqui vai um exemplo, real e verídico, que recebi há relativamente pouco tempo:

 

 

E teve direito a segunda mensagem e tudo, apesar de eu não ter respondido à primeira. Assina a mesma pessoa, o mail remetente é diferente (mas o erro persiste):

 

 

 

 

 

Acho que estes dois exemplos, são muito bons quanto ao que NÃO se deve fazer. Já de seguida, assim que encontrar o mail da proposta boa, publico-a aqui.

Publicidade nos Blogs

Jonasnuts, 20.05.11

Estou aqui no início do post e já estou a pensar que isto vai dar um lençol. Não sei. Talvez.

 

Acho, desde sempre, que os anunciantes em geral e as agências de publicidade em particular ainda não sabem explorar devidamente o potencial da publicidade online. Salvo raras e honrosas excepções, tratam o online como tratam os outros meios. Imprensa (um banner fixo) ou televisão (um banner animado). Sabem vender volume, mas não sabem vender especificidade. Interessa-lhes que os banners sejam "vistos" muitos milhares de vezes, mas preocupam-se pouco com a eficácia real das campanhas, sobretudo porque nos outros meios, não têm como medir essa eficácia, descartam essa medição neste meio, deitando à rua aquela que é uma das (muitas) enormes vantagens deste meio de comunicação.

 

Mas se isto é verdade no online em geral, é ainda mais escandalosamente verdade no que diz respeito aos Blogs. Quando falamos em Blogs, assim, no geral, eu compreendo que os anunciantes e as agências desconfiem. Afinal de contas, debaixo do chapéu de chuva da palavra "Blogs" cabe de tudo.... muita coisa boa, muita coisa má, muita coisa péssima.

 

Há quem se aperceba do potencial, e tente fazer publicidade em blogs, mas usam os métodos antigos. Espetar com um banner num blog, mesmo que seja um banner duma campanha que possa ter interesse para os visitantes desse Blog, não é mau, mas podem ir muito mais longe.

 

Os Blogs criam empatia com os seus leitores (os bons, pelo menos). Interagem, respondem pedem ajuda. Uma recomendação sincera num blog, vale muito mais do que uma campanha de banners.

 

Por exemplo; mais depressa compro uma Actifry por causa deste post, do que por causa de qualquer banner ou folheto que me passe à frente dos olhos. Porquê? Porque não é a marca que está a louvar as características do produto, é um utilizador, é um de "nós". É alguém que tem reputação online. Sim, que esta coisa da reputação é importante. As marcas que criam fake blogs de consumidores fantasma, que só escrevem dois ou três posts a dizer bem de um determinado produto estão a dar tiros nos pés, estão a chamar burros aos consumidores. E ninguém gosta de ser tomado por burro, nem mesmo os burros.

 

O Pedro não recebeu um tusto para escrever aquele post. Fê-lo porque lhe apeteceu e porque achou útil. É aliás frequente ver no Blog dele reviews sobre produtos vários, assim de repente e sem ir ver, lembro-me de aspiradores, da Bimby, de brinquedos sexuais, duma catrefada de equipamento tecnológico de que não pesquei um boi, enfim, para todos os gostos. Ora, o Pedro não recebeu nada, mas podia (e devia) ter recebido. Os senhores da Actifry, se fossem espertos, tinham-lhe oferecido qualquer coisa. Vales para outros produtos da marca, sei lá, qualquer coisa. Mais, se fossem realmente espertos, teriam incorporado uma série de Blogs numa campanha, oferecendo o seu produto a vários Bloggers, pedindo como contrapartida um post sobre o produto. Um post a relatar com honestidade a experiência de utilização. Não me refiro a um post com a cópia do press release, que isso não serve de nada. Claro que só pode fazer isto quem tenha confiança na qualidade do seu produto, e quem tiver inteligência e capacidade para se aguentar à bronca, no caso de num post, serem escritas coisas menos positivas. É isso que confere veracidade à coisa. A experiência total, com os pontos positivos e com os pontos negativos.

 

Dá trabalho, planear uma campanha que inclua este meio? Dá. Muito. Porque não basta chegar aos Blogs e fazer uma pesquisa, e ver quem é que fala de cozinhados, para se tentar vender fritadeiras. É preciso conhecer. Saber quem são as pessoas. Saber se são honestas. Não se vai lá pelos números de tiragem, ou pela classificação dos targets. Não é uma ciência exacta. E é isso que trama os anunciantes, habituados a fazer cruzinhas num papelucho, quando planeiam a compra de media duma determinada campanha.

 

Querem uma dica? A Cocó fez uma pergunta no Blog dela. Pediu por feedback acerca de Cavitação (tive de ir ver o que era :). Alguém duma das clínicas onde se faz essa coisa da cavitação já a deveria ter contactado, no sentido de lhe explicar em que é que consiste a coisa, como é que funciona, e a oferecer-lhe um tratamento completo, de forma a que ela pudesse relatar no Blog a sua experiência (boa, má, assim-assim). Mais.... para ser em grande, ainda faziam uns pacotes especiais Cocó na Fralda, para que a Cocó pudesse, no final do seu "tratamento" e caso recomendasse, oferecer a algumas leitoras. Quanto é que isto custava efectivamente à clínica? Peanuts. Publicidade, da boa, baseada na utilização do produto/serviço, praticamente à borla.

 

Eu sei que a minha área de trabalho faz com que eu esteja mais desperta para estas coisas do que o comum dos mortais. Acresce a isto que trabalhei muitos anos em publicidade, mas a verdade é que isto é uma conclusão a que qualquer pessoa com dois dedos de testa chega.

 

Há assim tanta falta de gente com dois dedos de testa?

As caras das vozes

Jonasnuts, 03.04.11

As vozes são coisas curiosas. Se as ouvimos antes de conhecermos as suas donas, imaginamos o aspecto físico de quem fala. Normalmente enganamo-nos. Para se ser bom locutor de publicidade não basta ter boa voz, às vezes nem sequer é preciso. É uma questão de entoação, boa dicção, timing e profissionalismo. Por acaso, as vozes que "locutaram" 90% dos spots publicitários nos últimos anos, reúnem todas as condições. Isso e o facto de serem excelentes pessoas. O Zé Ramos já morreu (e era TÃO novo), mas estes dois aqui de baixo, o Carlos Duarte e o Luís Gaspar fizeram (e fazem) milhares de spots de publicidade e são, de certeza absoluta, os donos das vozes mais usadas. Gosto muito de ambos, porque me ensinaram muito, quando eu era apenas uma jovem bebé na área da produção (a até antes disso). O Luís Gaspar impediu mesmo que a Braun tivesse no ar um spot em que a minipimer afirmava picar alho, cebola e tomate (digam isto depressa e percebem).

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Era sempre uma farra, ir para estúdio com um destes dois e é porreiríssimo ver que, passados tantos anos, quase nada mudou. Se há coisas de que tenho saudades da publicidade (e são poucas), as tardes em estúdio com um destes senhores é uma delas. Obrigada a ambos :)

 

Publicidade como deve ser

Jonasnuts, 21.05.10

A propósito do meu post anterior, aqui fica um exemplo de como a coisa deve ser feita (embora nem sempre seja necessário gastar os milhões que a Nike gastou).

 

A melhor forma de usar estes novos meios, é fazer coisas que as pessoas QUEIRAM mostrar. A Internet não é um veículo, são muitos veículos, muitos Blogs, muitas contas de Facebook, muitas contas de Twitter. E só partilha um determinado tipo de conteúdos, quem gosta e quem acha que a sua audiência vai gostar. Não conheço outro meio que faça uma selecção natural e automática de target/audiência.

 

 

E, que fique a nota, eu nem gosto do Cristiano Ronaldo, mas acho que este spot está fabuloso, e por isso, apesar de não ser paga para isso, disponibilizo um anúncio da Nike neste meu espaço. Atinge uma grande audiência, aqui? Não. Mas outros farão aquilo que eu acabei de fazer (e outros já fizeram). Neste preciso momento, o vídeo tem cerca de 700.000 visualizações. Vamos ver como estará para a semana.

O poder dos sobrinhos

Jonasnuts, 21.05.10

Ultimamente tenho falado muito de sobrinhos.

 

Tenho falado dos sobrinhos bons, os meus, mas neste caso em específico vou falar doutro tipo de sobrinhos.

 

É aflitiva a forma pouco profissional e ignorante como certos "especialistas" aconselham os seus clientes no que aos novos meios de comunicação diz respeito. E a isto, quero juntar o conceito do "giro". Este é um post que ando para fazer há algum tempo, mas tem andado emperrado, claramente à espera da conjugação dos astros, parece que estão alinhados hoje.

 

E alinharam-se graças à Mitsubishi, com a ajuda da Sarrafada.

 

 

Quanto dinheiro foi gasto nesta campanha? Não sei, mas sei que os outdoors não são baratos.

 

Quem é que propôs esta campanha ao Cliente?

 

Ou, tendo sido proposta do Cliente, quem é que lhe disse que sim e não o alertou para o facto desta campanha não ter pés para andar? Uma campanha que viola os termos de utilização da maior rede social do mundo, e que por sinal é conhecida por ser violenta na aplicação desses termos de utilização e protecção da sua imagem, não tem pés para andar. O que é que leva uma agência e um cliente a investirem numa campanha que mais tarde ou mais cedo vai rebentar, porque o perfil vai ser removido?

 

"ADENDA: O JC chamou-me a atenção, nos comentários, para o endereço que foi impresso no outdoor. Falta-lhe o .com. Em cima de tudo o resto, gastaram um dinheirão a comunicar um endereço que não existe :) É a cereja no topo do bolo."

 

Mais, qual foi o argumento para vender isto ao cliente? Qual é a estratégia por trás da campanha?

 

Eu aposto que os argumentos foram: O Facebook está na moda, vejam as estatísticas (americanas, claro), há milhões de utilizadores, dá ideia de modernidade e é giro.

E deve ter ficado por aí.

 

Há uns anos, trabalhava eu numa agência de publicidade, tentei chamar a atenção para a Internet, dizendo que devíamos investir recursos na aprendizagem deste novo meio. Bem sei que foi há muitos anos (15, mais coisa menos coisa), mas é assustador ver que, depois destes anos todos, está tudo mais ou menos na mesma.

 

Não há pessoas competentes e com know-how nos sítios onde deveriam estar. As agências (e os Clientes, já agora) não sabem criar nem produzir para o online. Continuam a criar como se estivessem num meio tradicional. Anúncios de jornal ou spots de televisão. Muito flash (é assustador ver a quantidade de sites institucionais feitos exclusivamente em flash, lá está, porque é giro, mas que não são depois apanhados pelos motores de pesquisa - que não consegue penetrar no flash - e que consome imensos recursos e largura de banda, e que não é lido por muitos browsers, já para não falar daqueles que, como eu, têm inibidores de flash, e só vêem os conteúdos em flash se lá clicarem. Enfim, ignorância e incompetência, mas cobrada a bom preço.

 

Depois também temos, para ajudar à festa, os auto-intitulados, gurus. Os que se apresentam como especialistas, sendo que de especialistas têm muito pouco, são habitualmente curiosos da coisa, com a tradicional chico esperteza tuga.

 

E, para último ingrediente deste cocktail, temos os vendedores de publicidade online que são, isso mesmo, vendedores de espaço. Tanto podiam estar a trabalhar no online como no papel, são vendedores de espaço, sem a mínima noção de que o meio que estão a vender tem idiossincrasias próprias que podem ser exploradas e que, bem geridas, são uma mina. Dá mais trabalho do que vender espaço? Certamente, muito mais, que isto de vender num meio interactivo não termina quando a coisa está impressa, pelo contrário, começa aí.

 

Tudo isto junto dá a actual situação do mercado publicitário online em Portugal. Na maioria dos países, enquanto os números da publicidade nos meios tradicionais desce vertiginosamente, os números da publicidade online crescem. Em Portugal, tanto quanto sei, os números da publicidade online acompanham os restantes meios na descida.

 

Há 2 anos, quando se começou a falar na crise, eu disse que a crise ia ser uma oportunidade para o online. Não estava errada, mas aparentemente deveria ter nascido noutro país.

 

Continuamos a fazer coisas giras, fashion, e pouco eficazes.

 

O que me leva ao ponto inicial, o dos sobrinhos. O meu sobrinho mais velho (7 anos) saberia programar campanhas com mais interesse do que muitos profissionais e gurus que por aí andam.

 

O que só confirma a minha afirmação inicial, os meus sobrinhos são dos bons. Aliás, são os melhores sobrinhos do mundo.