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Jonasnuts

Jonasnuts

No início, era o Verbo

Jonasnuts, 02.04.16

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O meu post "Community Manager" (auto-link) recebeu um inesperado feedback. Fosse aqui, no Facebook, no Twitter, no Linkedin, pessoalmente, em público e em privado, fui contactada com solicitações várias. Todas interessantes e, a maioria, manter-se-á em privado.

 

Porém, alguns desses contactos surgiram de pessoas que estão agora a começar, ou que começaram há pouco tempo. E as perguntas eram as mesmas; "Como é que eu faço? Por onde é que eu começo? Como é que eu melhoro? Como é que arranjo experiência? Como é que me informo? Como é que preencho as lacunas da minha licenciatura/mestrado onde não falámos sobre estes temas do digital? Para que lado é que me viro?"

 

Decidi por isso escrever uma série de posts para essa malta que está agora a começar. Suspeito que poderão ser úteis para quem já começou e, em alguns casos, podem também revelar-se interessantes para quem já cá anda há algum tempo. É a minha visão de como a coisa deve ser feita, e são as recomendações que sempre passei a quem estagiou comigo (e se me passaram estagiários pelas mãos, nestes quase 20 anos). 

 

E aqui chegamos ao título do post. O João tinha razão. No início, é o verbo. 

 

Das muitas ferramentas de trabalho que usamos para comunicar (já que é disso que se trata), a língua em que o fazemos é a base de tudo. Centremo-nos no português, já que é em português que escrevo neste blog embora, para ser franca, o inglês seja hoje também fundamental.

 

Quando comunicamos com má ortografia, má dactilografia, erros de concordância, ou erros de construção, estamos a cometer erros básicos e estamos a prejudicar a mensagem que queremos transmitir.

 

Há diferença entre erros de dactilografia e erros de ortografia. Estatisticamente, quem lê, chateia-se mais com o erros de dactilografia (que denunciam falta de atenção) do que com erros de ortografia (que denunciam falta de conhecimento). Na dúvida, evitem ambos.

 

O domínio da língua escrita não é algo com que se nasça. É algo que vamos aprendendo e que melhora substancialmente com a prática. O estilo, o nosso estilo pessoal, é algo que evolui. Vão aos primeiros posts deste blog, leiam meia dúzia,  depois leiam alguns posts de uns anos mais tarde, e depois uns dos últimos posts. Concentrem-se na forma, não no conteúdo. Há diferenças substanciais. Houve uma evolução, ao longo dos anos, à medida que eu aprendia às minhas custas, com a mão na massa (que é a melhor maneira de aprender, para mim) o que é que funcionava e o que é que não funcionava. Neste caso em particular, o funcionar ou não funcionar não se traduz em número de visitas, links, pageviews, comentários ou engage (que são as medidas mais frequentes), traduz-se em eu gostar ou não gostar. Neste blog, é esse o meu único critério.

 

No início eu nem queria ter um blog. Obriguei-me a ter um blog porque estava a gerir a plataforma de blogs do SAPO e queria ter a mesma experiência de utilização que a comunidade que estava a gerir (isto dará outro post, mais lá para a frente). 

 

Portanto, escrever, ensina-nos a escrever. E quanto mais escrevemos, mais aprendemos. 

 

Mas escrever não é a única forma de aprender a escrever. 

 

Ler. Ler muito. Jornais, revistas, livros, blogs, bulas, folhetos, rótulos, embalagens, anúncios, press releases, comentários, convites, posts de Facebook, tweets. Não interessa. Quanto maior for a diversidade, melhor. Porque a forma como escrevemos tem de se adaptar ao meio para o qual escrevemos. Escrever um texto para um blog é diferente de escrever um texto para um press release, já para não falar da adaptação ao target.

 

Portanto, para quem quer começar, esta é a minha primeira recomendação. Dominem o verbo. 

 

Criem um blog e comecem a escrever. Nos intervalos, leiam.

 

Usem as ferramentas básicas à vossa disposição para melhorar a qualidade do vosso português. Encontram alguns links úteis na barra lateral deste blog (a minha fixação pela correcta utilização da língua não é recente).

 

Façam como eu e tornem-se bilingues dentro da vossa própria língua. Quando escrevo a título pessoal (como aqui), não uso o novo acordo ortográfico. Profissionalmente sou obrigada a fazê-lo. Tive de aprender as novas regras, por isso e porque o meu filho adolescente já só usa o novo acordo, dá jeito, para corrigir trabalhos e apresentações :)

 

Usem o corrector ortográfico sempre. Não resolve tudo. Um corrector ortográfico não distingue entre um "há" e um "à", mas ajuda noutras coisas.

 

Leiam e releiam os vossos posts antes de os publicar.

 

A sério. Leiam e releiam os vossos posts antes de os publicar. 

 

Peçam ajuda. Há uma seita na Internet que são os grammar nazis (olá, Mª João Nogueira, muito prazer), que adora chamar a atenção para os erros. Não é bem adorar, é ser mais forte que eles. Usem a seita a vosso favor e digam de caras, no blog, que correcções ao português são muito bem-vindas. Provavelmente terão mais ajuda do que aquela de que precisam. Se tudo correr bem, cada vez precisarão de menos ajuda. Mas precisarão sempre.

 

Obriguem-se a escrever. Nem sempre vos vai apetecer, nem sempre saberão sobre o quê (essa é sempre das primeiras grandes dificuldades - que raio tenho eu de interessante para dizer?), mas inventem. Forcem-se. Saibam à partida que terão sempre mais facilidade em escrever sobre temas de que gostam e sobre os quais sabem alguma coisa do que sobre temas que podem ser mais eficazes (do ponto de vista da audiência) mas acerca dos quais vocês não saibam porra nenhuma.

 

Isto já vai muito longo, TLDR nos comentários nunca é bom sinal, e já têm aqui muita sarna com que se coçarem.

 

No próximo "capítulo", a vossa marca, o nome e o endereço do blog, tipo de linguagem, periodicidade, frequência, temática e mais algumas sugestões.

 

Não sei se já disse, leiam e releiam os vossos posts antes de os publicar, que é o que eu vou fazer agora (e fiz, e alterei algumas coisas, acrescentei outras, tirei algumas e corrigi os gatos - agora - publicar).

O tema do dia

Jonasnuts, 16.10.08

Parece que há já algum tempo anda a ser debatida a forma como correu e decorreu a formação proporcionada aos professores/coordenadores de TIC, no âmbito do Magalhães.

 

É ver o post que deu origem à coisa, que me chegou via Chichas.

 

Eu, por acaso, tenho uma opinião ainda mais radical que a da maioria das pessoas (pelo menos do que vi, quer nesse post quer nos comentários).

 

Qualquer professor/corrdenador de TIC que precise de formação para usar o Magalhães, principalmente se se tratar de uma formação de 2 dias, não merece ser professor/coordenador de TIC.

 

O Magalhães é um computador para crianças, qualquer professor, com dois dedos de testa, sobretudo se for competente na área que lhe compete (TIC), esmifra aquilo em meia dúzia de horas, sem precisar de fadunchos, folclores, senhoras estrangeiras e demais fantochadas.

Não se esqueça da escova de dentes

Jonasnuts, 15.11.06
Depois do sucesso do meu último post, que resultou num único (e muito apreciado) comentário, e em muitas palmadinhas nas costas, resolvi lançar mais uma ideia que me ocorreu também há relativamente pouco tempo, e que tem a ver com formação.

Em todas as avaliações, projecções e balanços anuais, o tópico "formação dos colaboradores" é sempre um tema ao qual é dada muita importância, como sendo um aspecto valorizado quer pela empresa quer pelo colaborador.

A verdade é que, em 6 anos que levo como trabalhadora desta empresa, já sugeri, por diversas vezes, a minha participação em conferências, workshops, simpósios, cursos e afins e, de todas as vezes, ou não recebi qualquer resposta, ou a resposta foi negativa.

Estas duas verdades pareciam-me contraditórias, e decidi aprofundar a questão. O que é que leva uma empresa a NÃO querer que os seus quadros ganhem mais conhecimentos numa área de negócio importante?

O problema é a percepção. Como não há forma de quantificar directamente quais as mais valias da presença de um colaborador numa determinada conferência, parte-se do princípio de que é apenas uma mais valia pessoal.

Parte-se também do princípio que, para o colaborador, ir uns dias para uma cidade estrangeira, participar numa conferência, funciona como umas férias e portanto, as deslocações a acções de formação funcionam como uma espécie de prémio, uma benesse que a empresa decide dar a alguns colaboradores, sem tirar daí qualquer partido ou benefício.

E estão TÃO errados. Grande parte dos projectos relevantes efectuados em 2005 e 2006 pela empresa foram o fruto directo da presença de 3 pessoas da equipa (técnica) na ETech de 2005. Não só por causa dos contactos que estabeleceram, e do conhecimento que adquiriram, mas também porque puderam avaliar as tendências, ver o que os principais dealers mundiais estavam a fazer, nas suas áreas, e antecipar esse movimento, acompanhando-o.

Somos a empresa líder de mercado na Internet, temos a marca mais reconhecida do mercado, e temos de inovar. Para inovar, temos de conhecer as coisas na sua origem e não apenas quando são lançadas pela concorrência. A nossa concorrência não é nacional. Temos de ir aos mesmos eventos, participar nos mesmos workshops, intervir nas mesmas conferências, partilhar informações.

Assim de repente, sei de 3 conferências onde seria interessante e importante estarmos presentes.
(LeWeb3 - Paris Dezembro, The Future of Web Apps - Londres, Fevereiro e a mãe de todas as conferências desta área, onde deveriam ir pessoas de várias equipas, a ETech - San Diego, Março).

Valerá a pena propor, mais uma vez, a minha/nossa presença em algum destes 3 eventos, ou vão apenas achar que quero umas férias para descontrair?