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Jonasnuts

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Lóbis

Jonasnuts, 28.10.14

Parece existir um movimento para debater a legalização do lóbi em Portugal. Curiosamente, e na sequência do post anterior, o movimento é constituído por "profissionais do sector, docentes da matéria, um secretário de estado adjunto, e o presidente da comissão parlamentar para a Ética, a Cidadania e a Comunicação". Tudo partes interessadas. Pois claro.

 

Gosto da definição de lóbi. "... as actividades que num sistema democrático “visam influenciar os poderes públicos (apenas o legislativo e o executivo) na defesa dos interesses de uma empresa, instituição, região ou país”. "

 

Eu por acaso não concordo. Não acho que seja uma actividade que promova a democracia. Acho que é uma actividade que promove a oligarquia.

 

Os ricos têm poder (leia-se, dinheiro) para influenciar os decisores. E o resto do mundo (os restantes 99%) têm, única e exclusivamente, o poder do voto que, como se sabe, é cada vez menor. 

 

O lóbi tem má fama em Portugal porque os portugueses, ao contrários dos americanos, por exemplo, não são burros. O lóbi não é corrupção, nem tráfico de influências, porque isso são duas actividades ilegais e o lóbi pretende-se legalizado. Portanto, tornar legal uma actividade que é ilegal. 

 

O presidente da comissão parlamentar para a Ética, a Cidadania e a Comunicação, José Mendes Bota, sintetiza a coisa numa frase "Há uma grande confusão sobre o que é a actividade do lóbi profissionalizada e regulamentada e o que é o conflito de interesses por baixo da mesa, o que é o Portugalinho das cunhas, em que à mesa de um restaurantezinho porreiro faz-se a cunha de uma forma menos correcta”

 

Lá está, a cunha faz-se de forma menos correcta. Porque se a cunha for feita de forma correcta (legal, portanto legalize-se o lóbi) já não há problema nenhum. Não deixa de ser cunha, mas é correcta. Porque é legal. 

 

Diz ainda a mesma notícia que "Bota foi eurodeputado seis anos e meio diz que, em muitos relatórios, teve a ajuda “preciosa” de lobistas que lhe forneceram informação.".

Não me deixa nada descansada que um eurodeputado acredite em informação fornecida por lobistas (portanto, representantes de parte interessada), e use essa informação para formular opinião e para tomar decisões. É informação suspeita. Potencialmente tendenciosa. Não credível. Se os decisores precisam de informação, que a obtenham de fontes independentes, de preferência, mais do que uma.

 

Não concordo com a regulamentação e legalização do lóbi. Prefiro que a corrupção e o tráfico de influências se mantenham ilegais. Assim, podem fazê-lo, mas com eventuais consequências funestas. Legalize-se a coisa e é feita sem consequências para os envolvidos.

 

E o que eu odeio a palavra lóbi? Está ao mesmo nível que o futebol.

Aprendam com os políticos brasileiros

Jonasnuts, 26.09.09

Esta é uma mensagem aos senhores políticos, principalmente a alguns candidatos a presidentes de câmara e de juntas de freguesias.

 

Há uns anos valentes, no Brasil, havia um candidato chamado Adhemar de Barros, que queria ser prefeito. Não, não é erro, é mesmo assim que os brasileiros chamam ao presidente da câmara lá do sítio.

 

Ora este senhor Adhemar tinha fama de corrupto. Esperto, chamou um caramelo do marketing para lhe orientar a comunicação e convencer o povo a votar no Adhemar. Este consultor, esperto, olhou para a coisa e disse-lhe, olhe, o senhor da fama de corrupto já não se livra, pelo que mais vale assumir a coisa, e fazê-la jogar a seu favor.

 

E foi assim, que o slogan de candidatura do Adhemar de Barros, nas eleições de 1957 foi: "Adhemar rouba, mas faz".

 

Adhemar ganhou as eleições.

 

Presumo que cá, como lá, haja quem também vá ganhar as eleições, embora dispensando a honestidade do candidato brasileiro.