Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Jonasnuts

Jonasnuts

Os chico-espertos do plágio - Take 2

Jonasnuts, 11.04.16

Há chico-espertos para todos os gostos. Aqui há uns tempos, falei (auto-link) dos chico-espertos profissionais, que se aproveitam do trabalho alheio para ganhar dinheiro. Mas há os outros, os que se aproveitam do trabalho alheio para passarem por espertos, sem ser chico, mas sendo. É desta segunda figurinha que venho falar, com um exemplo prático ocorrido no fim de semana.

 

A coisa passa-se no Facebook.

 

No dia 8 de Abril a Helena escreve um post sobre a cena do "E se fosse eu?" Como é habitual, o post estava bem escrito, com inteligência, alguma piada, e era certeiro.

 

Naturalmente, foi parar ao Facebook, onde, aliás, ainda está.

 

No sábado, dia 9, acordo muito cedo, por motivos que não interessam para nada (a sério, são motivos de merda) e dou um pulinho ao facebook, para encontrar um post da Helena, divertida com o facto de ter havido uma abécula a usar as palavras que ela escreveu, como se tivessem sido escritas pela abécula. Sem aspas, sem créditos, sem links, sem porra nenhuma.

 

rogerio.jpg

 

 

 

Dizia a Helena, com mention ao senhor, que agradecia muito o elogio, já que o plágio era uma forma de reconhecimento, mas que vá...... umas aspas não faziam mal a ninguém. 

 

E isto apareceu no mural dela, e no mural dele. 

 

E a partir daí foi uma festa. 

 

Team Helena começa a deixar comentários ao post.

 

Primeiro foi a Catarina Ivone, que disse: "Este post não é da sua autoria, mas sim de Helena Araújo. Tenha vergonha! !!! vá pedir-lhe desculpa e a seguir apague-o".

 

Depois fui eu: "Muito bom, este texto. Tão bom que nem lembrava de o ter lido, por quem o escreveu originalmente. http://conversa2.blogspot.pt/2016/04/esefosseeu.html
Se queremos usar o jeito que outros têm para escrever, normalmente fazemos a fineza de citar a origem e creditá-la. De outra forma, é roubo e tentativa de enganar os nossos amigos, levando-os a pensar que somos mais espertos e inteligentes do que de facto somos. Não?"

 

plagio-1.jpg

 

Depois veio a Helena, que perguntou: "Rogério, o seu teclado não tem aspas?" A seguir o Lutz que afirmou "O senhor não tem aspas no seu teclado, nem vergonha na cara".

 

E mais uma catrefada de malta que estava animadíssima para a hora a que aconteceu a coisa. Não tenho o resto dos comentários (devem estar algures nas notificações de mail, mas não justifica o trabalho de andar à pesca).

Reparem...... isto foi praticamente de madrugada, para um sábado. Ainda não eram 9 da manhã e a festa estava lançada. E divertida.

Eu já cá ando há uns anos, por isso, não só fiz alguns screenshots como comentei a dizer que o senhor deveria estar a dormir depois de uma noite de borga, e que quando acordasse ainda ressacado, teria 3 reacções.

 

A primeira seria assustar-se, ao ver tanta notificação, julgando que tinha Facebookado enquanto bêbedo.

A segunda de regozijo, ao ver que os comentários eram a um post feito ainda sóbrio.

E a terceira de horror, ao ver o pandemónio que ali se instalara, e que havia uma catrefada de gente a descobrir-lhe a careca junto de amigos a quem ele queria enganar fazendo-se de esperto.

 

Preconizei também que a reacção do "senhor" seria apagar tudo e bloquear toda a gente, por falta de "material testicular". Eu só não acerto nos números do Euromilhões.

 

Meu dito, meu feito. A meio da manhã, desapareceu tudo. O post, os comentários, a festarola que tínhamos andado a fazer em mural alheio. 

 

Visitei o perfil do Rogério Gomes. Conhecimento é poder. Vi que tínhamos 14 amigos em comum. Fixei 3. Serão tagados nos comentários ao post do Facebook que há-de acontecer automaticamente assim que publicar isto.

 

Caro Rogério Gomes, mais depressa se apanha um mentiroso que um coxo. O Luís Aguiar-Conraria que é um gajo simpático, diz que apaga o post dele se aparecer um pedido de desculpas à Helena. Eu não sou uma gaja simpática.

 

Não sou simpática, mas tenho a minha veia de Cassandra. Coberta de razão, quando falei na ausência de material testicular.

 

Community manager

Jonasnuts, 30.03.16

Há quase 20 anos que tenho imensa dificuldade em responder, nos formulários que me caem no colo, à questão "profissão?".

 

Antes era mais fácil; "publicitária" ou "produtora de publicidade", que era esquisito, mas mesmo assim, era minimamente conhecido e modernaço.

 

Quando mandei a publicidade às favas e passei a fazer profissionalmente algo ainda mais esquisito, a dificuldade agravou-se. Ao princípio escrevia "Internet", porque era suficientemente vago e ninguém sabia bem o que era, só sabiam que era moderno. Depois passei a escrever "gestora de serviços de comunidade", que era mais exacto, mas que literalmente ninguém sabia o que era. Foram muitas as vezes em que, à minha frente, era riscada a parte dos "serviços de comunidade" para ficar apenas o "gestora". 

 

"Gestora" eles percebiam bem o que era, embora, na minha perspectiva, "gestora" seja quase tão abrangente como "Internet". Mas era um abrangente mais conhecido e, sobretudo, na perspectiva "deles" tinha mais élan.

 

Mas, na realidade, o que eu faço há quase 20 anos, entre muitas outras coisas, é mesmo isso; gestora de comunidades online. Devo ser a pessoa que, em Portugal, o faz há mais tempo.

 

Tive a enorme vantagem de poder aprender com as mãos na massa, e tive a sorte de, quando comecei, não existirem redes sociais, pelo que os erros que naturalmente cometi enquanto aprendia a coisa, não tomaram nunca proporções bíblicas. Fui uma privilegiada, na medida em que pude aprender à minha custa e à custa das comunidades que geri, e que me ajudaram, a perceber os "dos and don'ts" duma actividade acerca da qual havia muito pouco know how e o que havia era estrangeiro, que não é facilmente transponível para as idiossincrasias portuguesas. 

 

Foi por isso com muita satisfação que, de há uns meses para cá, vi começarem a aparecer anúncios de emprego para "Community Managers". Olá, pensei, as coisas começam a animar.

 

Vi muitos desses anúncios.

 

A grande maioria deles pede pessoas recém-licenciadas, com frequência, o que oferecem é um estágio (normalmente não remunerado). Pedem pessoas que saibam de SEO e SEM, e de Google Analytics, e de Facebook Ads, e de html e css, e de criação e gestão de conteúdos, e competências de design são factor preferencial. Estou a excluir os pedidos mais idiotas, como php, python, javascript e outros que tais, que se vê mesmo que não sabem muito bem de que é que estão à procura.

 

Em NENHUM anúncio eu vi pedidas as características que são mais importantes num community manager: disponibilidade e bom senso.

 

Disponibilidade, porque se é online, a coisa tem de funcionar 24/7. Bom senso porque é uma característica muito subvalorizada e é a que impede de fazer disparates, num mundo em que é preciso ser-se rápido no gatilho. Comunicação (quase) em tempo real exige MUITO bom senso. 

 

 

Foram raros os anúncios em que foram pedidas as segundas características mais importantes num community manager; a utilização irrepreensível da língua portuguesa e a cultura, quer geral quer específica do meio.

 

Um recém licenciado não sabe escrever. E não me refiro aos recém-licenciados das engenharias. Refiro-me a todos os recém-licenciados, e passaram-me muitos pelas mãos. Mas, pelos vistos, isso não interessa para nada, porque a utilização irrepreensível da língua portuguesa não é fundamental para quem anda à procura dos novos community managers, pelo menos a julgar pelos anúncios que vi.

 

Para mim, sempre foi fundamental, para qualquer posição, mas especialmente para aquelas que contactam directamente com os clientes/utilizadores, customer care incluído.

 

Cultura geral e cultura específica do meio, porque quem gere uma comunidade comunica com muitas pessoas diferentes e quanto mais o seu discurso estiver adaptado a cada interlocutor, mais eficaz será. Cultura geral impede argoladas básicas, cultura específica do meio permite uma resposta no mesmo tom, e deixa antever modernidade e actualidade que são muitas vezes (mas não sempre) factores decisivos. 

 

LuisB.jpg

 

Outra ausência gritante dos anúncios é a valorização da presença online dos candidatos. Em nenhum anúncio vi serem pedidos o endereço do Blog, do Facebook, do Twitter, do Instagram, etc....

Peço sempre isto, nos anúncios que coloco. Permite-me ter uma ideia acerca da personalidade da pessoa, da forma como escreve, há quanto tempo usa determinadas ferramentas, com que frequência, etc..

Tudo dados fundamentais para se desempenhar uma função de gestão de comunidades.

Já me aconteceu, no passado, ter de encontrar alguém que tivesse, também, competências (ou potencial) de community manager (enfim, de acordo com a minha definição da coisa). Não me enganei.

 

E, por último, os salários. À partida, um estagiário, não ganha grande coisa. Se não ganha grande coisa e é estagiário, é sinal de que está a aprender (o que contradiz o pedido frequente para estagiários, com experiência), ora, eu não quereria entregar a comunicação da minha marca ou do meu serviço a alguém que está a aprender porque, lá está, se está a aprender, que não seja às custas da minha marca e do meu serviço. Para community manager, nunca quereria ninguém com menos de 5 anos de experiência específica nesta área, mas essa não parece ser uma preocupação de quem recruta. Confirma-se assim o "If you pay peanuts, you get monkeys".

 

Vai na volta e a definição corrente de community manager é muito diferente da minha. Um community manager, na versão actual, é um gestor de redes sociais. Portanto, algo muito mais simples do que criar e gerir uma comunidade usando, entre outras ferramentas, as redes sociais. 

 

Para mim, community manager é a pessoa que cria e mantém uma comunidade. Por comunidade entende-se um grupo de pessoas que, por usarem o mesmo serviço ou o mesmo produto ou frequentarem o mesmo sítio se sentem incluídas e como pertencentes a algo que as diferencia de quem não tem essa presença ou utilização. E criar essa noção e esse sentimento de pertença num grupo (desejavelmente cada vez maior) de pessoas, não é tarefa fácil.

 

Criar e gerir uma comunidade não é um sprint (como muitos parecem achar), é uma maratona. É um trabalho que exige paciência, tempo, entrega, pertença à comunidade que se quer gerir e, muito importante, ouvir. Uma comunidade que não participa no processo de decisão, ou que não é ouvida nesse processo, não é uma comunidade.

 

Fazer like na página duma marca, no Facebook, não faz de mim membro de nenhuma comunidade. Seguir uma marca no Twitter ou no Instagram não faz de mim parte duma comunidade. 

 

E é assim que chego à conclusão de que hoje, tal como há 20 anos, a profissão de community manager é uma raridade. O resto da malta é gestor de redes sociais e, para mim, isso é muito diferente (faz parte, mas está longe de ser a única competência). 

Acho que vou regressar ao "Internet", nos formulários, para não correr o risco de acharem que sou só gestora de redes sociais.

Geração da partilha

Jonasnuts, 23.03.16

Partilhar teve em tempos um significado simpático. Era o que se dizia aos miúdos, quando estes manifestavam o egoísmo típico da idade. Tens de partilhar. Era uma coisa boa. Partilhávamos o que era nosso, porque gostávamos do outro (ou porque nos diziam que era preciso, pronto).

 

Hoje em dia, partilhar tem um significado completamente diferente. É uma espécie de doença.

 

Partilhar é, para alguns, viver.

 

E o sentido crítico que se deseja, está ausente. O acto de partilhar é mais importante do que aquilo que se partilha. Precisamos de partilhar para nos sentirmos validados.

 

Não me refiro apenas à malta miúda. Refiro-me a toda a gente.

 

E vem isto a propósito de quê? De duas coisas, que são reflexo da mesma base.

 

Há neste momento, no Facebook, duas "promoções" que incentivam os incautos a fazer share, e a tagar os amigos nos comentários.

 

(1) Passatempo Anel Diamante - Tiffany & Companhia 🔊.jpg

 

(1) Range Rover PT 🔊.jpg

 

As duas páginas são obviamente falsas. E quando eu digo obviamente, não estou a ser fundamentalista. Ambas são muito recentes (um ou dois dias). Não têm qualquer enquadramento ou validação das marcas que dizem representar. Não são oficiais. Têm apenas um post, que é precisamente o da "promoção".

 

Apenas isto deveria servir para que as pessoas percebessem que se trata de páginas falsas, e devia originar uma acção apenas: denunciar a página.

 

No entanto...... olhem para os números. Milhares de likes, milhares de shares e milhares de comentários.

 

Ok. Vai na volta e eu ando nisto há mais anos e estou mais habilitada que o comum dos mortais para identificar este tipo de esquemas. Não creio, mas vamos assumir que sim. 

 

Pedagógica, aviso as pessoas que fazem parte da minha lista de amigos. Olha..... isso é um esquema. A página é falsa. Apaga, reporta e avisa os teus amigos. Pronto, nem sempre de forma tão cordial, mas tentando sempre ser construtiva.

 

Um comentário deste género deixado numa das páginas deu origem a uma série de insultos, à minha pessoa, em privado (claro), porque o que eu queria era ficar com o anel só para mim. Eu, que nem uso anéis.

 

A maioria das pessoas que avisei, agradeceu e apagou o post.

 

Depois temos a excepção. A que agradeceu, queixando-se que o meu comentário não tinha sido nem cordial nem educado. Enganou-se. Não sendo cordial, o meu comentário não era mal educado. Pedi desculpas pela falta de cordialidade.

 

Regresso hoje ao perfil da dita cuja pessoa, e lá está na mesma, o post da patranha. E o argumento para a manutenção do post é hilariante "Está e estará o tempo que eu quiser porque este é o Meu espaço pessoal na internet e aqui mando eu.".

Não deixa de ser verdade, no mural de cada um, manda cada um. 

 

Mas alguém que, sabendo que se trata de um esquema, que prejudica terceiros, que é uma falsidade, opta por, mesmo assim, manter o post porque aqui mando eu, é alguém que não tem noção. É alguém que é palerma.

 

Nada contra. Apenas não me interessa. Unfriend.

 

São estas pessoas que provavelmente se queixam de que a comunicação social tradicional andou a veicular durante todo o dia de ontem um vídeo de 2011, em Moscovo, como sendo dos atentados de ontem, de Bruxelas, mesmo apesar dos vários avisos para a falsidade da coisa.

 

Vai na volta e não, não são estas pessoas. Estas pessoas são as que vêem o vídeo de Moscovo e acreditam que se trata de um vídeo de Bruxelas. Engolem tudo o que lhes põem à frente. Não engulam pá, cuspam.

 

Estas pessoas são o nosso amanhã. A elas, recomendo vivamente que vejam um filme em que são heróis e heroínas.

O poder das palavras

Jonasnuts, 11.05.10

Escrevi um desabafo no Facebook, face para os íntimos.

 

Confesso que não sou do Facebook, sou do Blog, um bocadinho do Twitter (mais por dever profissional que outra coisa), mas não sou do Facebook.

 

Vou lá uma vez por semana, ignorar a grande maioria dos convites de "amizade", aceitar os que acho que devo aceitar, e pouco mais. Misturam-se ali demasiadas coisas. Pessoal, familiar, profissional, tudo ao molho e fé em Deus. Não tenho tempo, nem pachorra. O mail daquela porcaria nem funciona como deve ser.

 

Escrevi um desabafo, dizia eu, e escrevi como falo. De coração na boca, à flor da pele, sempre a abrir.

 

Eu sou assim e, as minhas desculpas a quem não conhece esta minha faceta, eu digo muitos palavrões quando falo. Digo. Reforça a mensagem. Não digo palavrões por tudo e por nada. Não digo palavrões em casa. Não digo palavrões ao volante quando há menores dentro do carro. O meu filho nunca me ouviu dizer um palavrão (a não ser que me tenha apanhado quando eu julgava que ele estava a dormir). Conscientemente, o meu filho nunca ouviu um "merda" sair-me boca fora.

 

Mas, nas outras circunstâncias, e quando estou rodeada de pessoas que conheço e com as quais tenho confiança, uso palavrões. De novo, reforça a mensagem. São muito eficazes os palavrões, principalmente se proferidos por uma mulher.

 

A minha mãe e a minha irmã ouvem-me falar, sabem que falo com palavrões, mas fez-lhes confusão verem o palavrão escrito.

 

Lamento imenso, mas eu escrevo como falo. Este falo, não tem segundo significado. Mas podia ter.