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Jonasnuts

Jonasnuts

São Nicolau

Jonasnuts, 26.12.12

Não aprofundei o suficiente, porque nem sequer tenho andado por aqui, mas de repente, no Twitter, só oiço falar do Nicolau Santos. Uns são contra, outros são a favor. Ora, eu não conheço muito bem o Nicolau Santos, a não ser pelo facto deste ser figura pública, com quem simpatizo (talvez por causa do laço que lhe dá uma certa panache), mas costumo vê-lo associado a comentários de economia, e não a vigaristas.

 

Fui ver. Ontem, ou coisa que o valha.

 

Vi um pedido de desculpas. Aprofundei ligeiramente. Vão-me desculpar, mas a verdade é que o vígaro do Artur só me entrou pelos olhos adentro ontem. Nem sequer sei os contornos da coisa (e pelo que li, nem eu, nem ninguém).

 

Então, parece que andou por aí um vigarista a enganar meio mundo e mais uns quantos. Parece que agora é fácil identificar a marosca, mas pelos vistos, enquanto ninguém deu pela coisa, não foi assim tão fácil, e foram muitos os que caíram na esparrela.

 

Qual é a diferença entre estes muitos e o Nicolau Santos? A meu ver, a única diferença, é que o Nicolau percebeu o erro, assumiu e pediu desculpas. Sem tretas, sem subterfúgios, sem salamaleques, sem paliativos.

 

Li o comunicado do Nicolau Santos, ontem. Disse-o no Twitter, e mantenho: "e aqui está, como depois de um erro, se mantém a credibilidade. Muito bem."

 

Quando peço credibilidade a um jornal (e caramba, se tenho aqui dito que a credibilidade é algo em que a comunicação social devia investir), não defendo que não se erre. Só quem não trabalha, não erra.

 

Mas acho extraordinariamente saudável que alguém, sobretudo com os anos de carreira que o senhor tem, assuma, admita, peça desculpas e prometa corrigir. Mais pessoas, com mais anos de carreira, fizeram maior cagada, sem nunca o admitir ou pedir desculpas.

 

Há muitos casos de erros clamorosos na comunicação social. E há muitos casos de órgãos de comunicação social que são propositadamente enganados. Mas são lamentavelmente poucos os casos em que assumem o erro e pedem desculpa.

 

A TVI (sim, a própria TVI) fê-lo, no caso Cacharel, e fê-lo em prime-time, por uma das estrelas jornalísticas da estação (é ver o vídeo, a partir do minuto 12). Hey, no melhor pano cai a nódoa, e quando digo melhor pano, refiro-me à MSNBC, à ABC News, ao New York Times, entre outros. E não foi há tanto tempo como isso.

 

Quando um jornalista assume o erro e pede desculpa, na minha perspectiva, isso só o credibiliza. É sinal de que não se vai esquecer.

 

Há mesmo quem saiba de cor as datas das borradas, e lhes assinale as efemérides.

 

Não é para todos, lá está.

 

Só os realmente bons são capazes de fazer isto.

 

Já disparates, isso sim, é para todos.

 

Hoje, para além de gostar do Nicolau Santos por causa do laço, gosto também porque me merece confiança. Olha, é humano, erra como os outros todos, mas ao contrário de muitos (tantos), não se esconde, nem usa analgésicos.

 

Mr. Nicolau, well done, sir.

Jornalismo

Jonasnuts, 22.02.11

O Correio da Manhã tem neste momento disponível na sua página de entrada um título e um vídeo. O título "Engenheiro mata com neta ao colo".

 

Um vídeo e uma foto acompanham a "notícia".

 

Nada contra, até aqui, no vídeo até avisam que as imagens podem ofender susceptibilidades mais susceptíveis (eu sei, é de propósito).

 

A questão é que a notícia é só isso.

 

Ficam por responder aquelas que eu acho que são as perguntas a que qualquer notícia deve responder. Não sei, presumo que as ensinem nos cursos de jornalismo. O onde, o quando, o como, o quem, o porquê. Sabem, aquelas coisas que constituem a notícia propriamente dita.

 

Se eu quiser ver um gajo a matar outro, vou ao cinema, e fico mais bem servida, as pistolas fazem um barulho de jeito, o morto cai dramaticamente e está vestido de branco, para se ver o sangue, há diálogos bem construídos, enfim, o que se quiser.

 

Aqui, não percebo, sinceramente, o que é que aquele vídeo lá está a fazer.

 

 

UPDATE: Explicam-me no Twitter, o user do Correio da Manhã @cmjornal, que se trata duma secção que diz "Exclusivos em papel" (e diz). O jornal, em papel, era uma coisa que o meu avô comprava. Esta geração não compra em papel, ou, vá, está a deixar de comprar. Eu, que nem sequer sou da geração web (sou mais velha), resolvi o tema doutra forma. Mas não comprei papel.

Os cépticos

Jonasnuts, 02.11.10

Ontem à tarde, numa esplanada de Cascais. Ele lê o Público.

A notícia "IVA a 23% eleva a conta anual do supermercado em 38 euros" despoleta o seguinte diálogo:

 

Ele: Iva a 23% eleva a conta anual do supermercado em 38 euros?

Eu: LOL

Ele: O Público é do PS?

Eu: Não, é do Belmiro.

Ele: aaaaahhhh!

 

Somos uns cépticos do jornalismo, essa é que é essa.

O debate iô-iô

Jonasnuts, 14.04.10

Chamo-lhe o debate iô-iô porque desde que conheci o primeiro blog português, há uns anos valentes, que a discussão é a mesma. A sério. Anda tudo a debater a mesma coisa há anos, e anos, e anos.

 

Passo a explicar: Jornalismo versus Blogosfera

 

A sério, já cansa, volta não volta, regressa o tema, por qualquer razão, agora parece que foi o facto de Pedro Passos Coelho ter tido uma conversa só com autores dos Blogs acreditados no último congresso do PSD. Houve jornalistas que não gostaram, congressistas que não compreenderam, e órgãos de comunicação social tradicional que estrebucharam.

 

Vamos lá ver se a gente se entende (e de caminho passem por aqui, por aqui e por aqui para se esclarecerem melhor).

 

Um Blog é um Órgão de Comunicação Social. Este blog é um órgão de comunicação social, é a minha plataforma de comunicação com quem me rodeia (e está para ler os meus disparates, mas se lêem os disparates de um jornal porque é que não hão-de ler os meus?).

 

A diferença entre os órgãos de comunicação social (Blogs, twitter, Facebboks, Homepages, MySpaces, whatever) e os outros, é que os outros são tradicionais, é assim que eu faço (e sempre fiz, na realidade) a distinção. Uma empresa para abrir um jornal tem de cumprir requisitos legais (e, presumo burocracias infindáveis), tem de contratar uma equipa, tem de ter uma linha editorial, tem (convém que tenha) um plano de negócio, tem de dar garantias, tem de ter a assiduidade a que se propõe. Eu não :) Eu publico o que quero, como quero, quando quero. Desde que respeite a lei, estou por minha conta.

 

Não sou jornalista, nem tenho de ser, é o meu blog, e eu não preciso de ser jornalista para escrever o que me dá na real gana. E tão depressa escrevo sobre a Bimby, como sobre os meus sobrinhos, como mando cartas ao Tozé Brito, ou ao procurador geral da república, ou mando um coice no Moita Flores, o dou vivas ao meu Benfica Glorioso Clube Mailindo do Universo e mais além. Sou facciosa, assumida, entenda-se.

 

Os órgãos de comunicação social tradicionais (e alguns jornalistas) são de um tempo lento. O tempo hoje anda mais depressa, e eles ainda não assimilaram sequer o online, quanto mais as plataformas públicas de comunicação social. E como não assimilaram nem perceberam esta realidade, têm medo. Por um lado deslumbram-se (epá, tanta informação, de borla, podemos reduzir o tamanho da redacção), por outro lado acagaçam-se porque não encontram um modelo de negócio, e querem usar os métodos tradicionais para rentabilizar um formato que é tudo menos tradicional.

 

Enfim, andam aos papeis, vidrados no papel (o papel vai morrer senhores, acordem para a vida), com a cabeça enfiada num buraco no chão (ou numa redoma de vidro), às vezes dando ouvidos a profetas e "pioneiros" especialistas de virtualmente nada que percebem ainda menos que eles (mas que falam com propriedade e convicção), e entretanto vão perdendo pé.

 

Na realidade, a única coisa que fazem é estrebuchar quando acham que alguém lhes invade o território. Que é precisamente o que não deviam fazer.

 

Ganda volta que isto deu. Resumindo e concluindo:

 

Os Blogs (e demais plataformas públicas de publicação de conteúdos) não são órgãos de comunicação social tradicionais, mas são órgãos de comunicação social. Os tradicionais, ou começam (e já deviam ter começado) a olhar para estes conteúdos, e pensar de que forma é que podem aproveitá-los para potenciarem o seu produto que é, ou deveria ser, o jornalismo, ou morrem ainda mais cedo do que o que julgam.

 

E agora, podemos não voltar a este tema durante uns anos?

 

Muito agradecida.

Caros estagiários de jornalismo

Jonasnuts, 30.09.09

É para vós em especial, esta missiva.

 

Eu sei que sobre os vossos ombros de estagiários recai, muitas vezes, a responsabilidade de jornalistas seniores. Bem sei que, com frequência, não têm o apoio e supervisão que caracterizava há uns anos a posição de estagiário. Estou ciente de que são lançados aos lobos, verdinhos, verdinhos, verdinhos. E vejo que, muitas vezes, ninguém vos corrige ou orienta.

 

 

Por outro lado, vocês, nova geração, não têm consciência do pré-internet. Quando vocês nasceram a Internet já existia. A Internet funciona para vós, como funciona para mim a electricidade. Faz parte, é um dado adquirido. Mas, como a Internet é muito nova, os vossos professores ou não falaram dela, ou falaram mal.

 

 

Portanto...... vocês recebem pouca ou nenhuma formação nesta área, e depois entram no mercado de trabalho como estagiários. É um mercado cada vez mais difícil, há muita oferta de jornalistas e cada vez menos procura e locais de trabalho. E era, antigamente, uma profissão de idealismos e hoje é-o cada vez menos.

 

As coisas hoje querem-se rápidas. E é um compromisso difícil, o vosso. Sou o primeiro a anunciar isto ou confirmo com uma fonte credível? Difícil, difícil, difícil, principalmente se querem mostrar trabalho ou aproveitar a oportunidade para se mostrarem ao chefe (lembra-me o burro do shrek, mas pronto, faz parte).

 

E isto tudo só para uma informação que vos será de grande utilidade:

 

O jornal The Onion é um jornal online, sim, mas é de notícias falsas. E o Daily Show do Jon Stewart é um jornal, sim, mas de notícias falsas (aliás, ambos fazem questão de dizer isso mesmo).

 

Pronto. Esta foi a minha contribuição.

 

Boa tarde, e boa sorte.

 


P.S.: Quero agradecer ao Briefing, o novo agregador do marketing (palavras deles) a inspiração para este post.