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Jonasnuts

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Ainda a minha avó Zita

Jonasnuts, 02.10.16

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A propósito do meu post de ontem (auto-link), sobre a minha avó, chega-me uma mensagem de um querido amigo (e colega) da minha mãe. Não interessa quem. Ele que se acuse se quiser :)

 

Deu-me a conhecer um episódio que eu desconhecia, sobre a minha avó. Anos antes de se ter cruzado com a minha mãe.

 

"A propósito de "somos quem somos"; após uma tentativa de assalto da PIDE à sede da CDU - gorada graças à iniciativa do Ary dos Santos, que os distraiu com o conhecido chamamento dos galináceos: pi,pi,pi - os presentes na reunião fugiram cada uma para seu lado. Eu enfiei-me no Roma, ali perto, onde a sua avó me acolheu [escondeu] na bilheteira.

Só posteriormente, quando trabalhei com a Olga e, por acaso, contei-lhe esta "aventura", vim a saber quem era a minha "salvadora."

 

Não me surpreende, a atitude da minha avó.

 

Trabalhou muitos anos na bilheteira do cinema Roma, e depois no Avis e por último no Estúdio 444 (muito filme vi eu à pala). Acérrima defensora dos direitos das mulheres e dos direitos dos trabalhadores, era sindicalizada, e muito envolvida nas actividades do sindicato. Delegada sindical.

 

Muito à frente, a Zita Pereira.

 

Obrigada OM, pela partilha :)

 

 

 

Somos quem fomos

Jonasnuts, 01.10.16

A teoria da evolução.

 

Herdamos características, que se vão apurando ao longo dos tempos. Não só características genéticas, mas sociais e comportamentais.

 

Nunca dei grande importância aos meus avós, nessa perspectiva, achava que era tudo mérito da minha mãe. Mas o mérito da minha mãe é mérito dos meus avós, e por aí acima.

 

Isto tudo a propósito de ter estado hoje a ver algumas fotografias de família. Álbuns cheios de caras que não reconheço, que não sei quem foram (quase tudo morto, provavelmente), mas que contribuíram.

 

Eu sou filha da minha mãe e neta da minha avó e bisneta da minha bisavó e foram estas mulheres, e os homens que elas escolheram que tornaram possível eu ser eu. 

 

A minha mãe casou de mini-saia, em 1967. Não era comum. 

 

Não sei em que ano a minha avó casou. 1944? A minha mãe era de 45, e eu sei que a minha avó casou antes da minha mãe nascer. Antes de engravidar já não garanto.

 

Vamos assumir que foi em 1944. Fotos de noivas que casaram nessa época, em Portugal, mostram tudo muito coberto, e cheio de véus, e folhos, e caudas, e cortinados e enfim, o que era típico na época.

 

A minha avó materna casou de tailleur. Saia por cima do joelho. Sem véu. Com o homem que escolheu. E era um mulherão, a minha avó Zita (nome de imperatriz, que a madrinha tinha regressado há pouco da coroação desta - as ligações da minha família à nobreza e essas coisas, por duas vias, ficarão para outro post). E trabalhava fora de casa. Num cinema. Era financeiramente independente do meu avô (e ainda bem, porque se estivesse a contar com o meu avô para essas coisas, tinha-se lixado).

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 Já tinha percebido antes. Demasiado tarde, mas antes. Mas o que sou, deve-se também ao que foi a minha avó. Nunca lhe agradeci porque quando a ficha me caiu já não havia oportunidade.

Dia dos namorados

Jonasnuts, 03.02.10

Fevereiro é o mês das efemérides idiotas. Pronto, a bem do politicamente correcto, será melhor dizer que são duas efemérides que não aprecio. O dia dos namorados e o carnaval.

 

O dia dos namorados é mais uma americanada comercial, que apenas serve de pretexto para se gastar mais dinheiro. E o comércio, obviamente, aproveita.

 

Outra coisa que me desagrada é a segmentação. Sabem? Aquela coisa do cor-de-rosa é para meninas e o azul é para meninos. Bonecas e trens de cozinha para as meninas, para eles carros e power rangers. Para elas o kit de enfermeira, para eles o kit de médico. Irrita-me que diminuam as mulheres logo desde cedo. Começam a enfiar-lhes a cassette de que não são tão boas, ou não têm as mesmas capacidades que os homens. E depois admiram-se.

 

E a coisa continua pela vida fora. Os conteúdos para mulheres são sempre relacionados com filhos, culinária, lavores, moda, maquilhagem, decoração. Uma mulher que escreva um artigo de opinião, inteligente e bem escrito é notícia, não pelo conteúdo do que escreveu, mas porque é mulher e, oh, espanto dos espanto, sabe escrever.

 

E isto tudo para chegar à promoção do dias dos namorados da Fnac.

 

Para ele adrenalina, para ela romance, porque nem elas gostam de adrenalina (deve ser coisa difícil de limpar), nem eles gostam de romance e, já se sabe, romance é coisa de gaja, deve ser para promover a auto-satisfação. Para ele um nokia E72 (de €429), para ela um Samsung B5722 (de €229, mas é cor de rosa, para comepnsar), porque, a bem dizer, para que é que elas precisam de equipamento mais robusto e mais funcionalidades num telemóvel? Elas só usam aquilo para a calhandrice e para a coscuvilhice. Para eles um portátil de €700, para elas um de €400. Não vale a pena mais. Afinal aquilo é para o solitaire e para o farmville, com sorte.

 

A diferença de valores, no total dos presentes é esclarecedora. Os presentes para ele custam €2.175.99, para ela custam €1.693.72. Saem mais baratinhas, as senhoras.

 

Odeio que me tratem como se eu fosse atrasada mental.

Resposta ao Bitaites

Jonasnuts, 09.10.09

Isto era um comentário a este post que, quando dei por ele, já era quase maior que o post, pelo que deixou de ser comentário, e passei-o para aqui:

 

Epá.....mas as mulheres não conduzem pior, de facto, quem conduz muito pior são as galinhas anémonas. Qualquer pessoa que conduza regularmente sabe disso.

O problema Marco é que estás a confundir as mulheres com as galinhas anémonas. As mulheres conduzem bem, não precisam de companhia para ir à casa de banho, não passam, sistematicamente, horas nas compras (sem comprar nada), não são viciadas em revistas cor de rosa, nem suspiram por encontrar um gajo que as sustente para que possam deixar o emprego. Essas são as galinhas anémonas. As mulheres têm namorados, maridos ou gajos, as galinhas anémonas têm esposos. Percebes a diferença?

Tenho a certeza de que, se pensares bem em alguns gajos, também não te identificas com eles. Nós somos é mais honestas, e assumimos que, dentro do género, há muitas nuances. O facto de eu partilhar (salvo seja) uma vagina com um enorme grupo de pessoas (e isto remete também para um dos teus posts anteriores), não é significativo.

 

Tenho a certeza de que não te identificas com vários tipos de homens, uma vez que a única coisa que têm em comum é a pila (cada um com a sua, espera-se). Não acredito que haja cumplicidade pelo simples facto de todos terem um pirilau (palavra da preferência da minha mãe).

 

Então, um gajo vota PNR, é racista, xenófobo, dá porrada na mulher, não gosta de ler, conduz como um javardo e fala de forma consistente com a condução, é chico esperto e fura as bichas (salvo seja) só ouve martelos, de preferência aos berros, tem o carro todo shunado mas......porque tem um penduricalho parecido com o teu (mais coisa menos coisa são todos parecidos, não é?) há uma cumplicidade? Bonding?

 

Não me lixes.

 

Nós, mulheres (e sim, estou a incluir-me neste grupo de forma muito despudorada) somos mais inteligentes. Sabemos que não é uma anatomia em comum que determina, por omissão,  as cumplicidades. Na realidade, é o cérebro que determina a existência, ou não, desse bonding. E claro, as galinhas anémonas não têm cérebro, o que dificulta a tarefa.

 

O cérebro, e ser-se do Benfica, claro.


E poupem-me as piadinhas do cérebro versus ser-se do Benfica, que é demasiado óbvio, e eu gosto de humor inteligente.