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Jonasnuts

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Ordenhar o pepino

Jonasnuts, 20.07.20

O meu último post (auto-link) gerou muita interação. Como diriam os profissionais da área, engajou bastante.

E, como sempre acontece com a grande maioria das coisas que publico, a grande virtude não está no que escrevo, mas no que me respondem.

A minha cultura geral sai sempre beneficiada. Graças à Susana Romana, fico a saber que, aquilo a que eu, na minha ignorância e pouca elegância, chamava de "esfregar os cus dos pepinos", na realidade, tem nome técnico, com direito a vídeo e tudo; ordenhar o pepino. Muito mais fino.


Não sei se a minha avó Zita gostaria de saber que me tinha ensinado (e à minha irmã) a ordenhar o pepino. Tenho dúvidas.

Os cus do pepino

Jonasnuts, 17.07.20

pepino.jpg

Adoro salada de pepino. Nos meses de verão é muito frequente cortar um pepino e uma cebola, temperar com azeite, vinagre de cidra e sal e está feito o jantar. Não tem a ver com dieta, gosto muito.

Trago meia dúzia de pepinos e cebolas doces das compras semanais e tenho o frigorífico apetrechado. 

Sempre que preparo um pepino, lembro-me da minha avó Zita (auto-link).

A minha avó Zita ensinou-me, há muitos anos, que o pepino é amargo e, para se tirar o amargo (ou amargor, como ela dizia), cortam-se os rabos do pepino e esfregam-se no pepino acabado de desrabar. Sai uma nhanha branca (que sai) e pronto, depois descasca-se e corta-se e já não há cá amargo para ninguém.

Sim, já experimentei não cumprir o ritual de esfregar os rabos e sim, é amargo. Já experimentei encurtar o ritual e sim, é amargo. Pode ser sugestão, claro.

Mas faz-me confusão....... como é que esfregar os rabos do pepino tira o amargo?

 

Mais alguém sabe disto? Mais alguém cumpre este ritual? Ou sou só eu (e a minha irmã), que esfregamos os rabos do pepino, para tirar um amargo que só a minha avó Zita e descendência feminina sente?

 

Seja como for, sempre que cortar pepinos, vou continuar a esfregar-lhes os rabos e vou continuar a lembrar-me da minha avó Zita (que sim, chamava-se mesmo assim, Zita Augusta - em honra da última imperatriz da Áustria a cuja coroação a madrinha da minha avó tinha assistido e de onde tinha regressado muito impressionada).

Vá, acusem-se...... quem esfrega os cus dos pepinos?

Ainda a minha avó Zita

Jonasnuts, 02.10.16

VoZita2.png

A propósito do meu post de ontem (auto-link), sobre a minha avó, chega-me uma mensagem de um querido amigo (e colega) da minha mãe. Não interessa quem. Ele que se acuse se quiser :)

 

Deu-me a conhecer um episódio que eu desconhecia, sobre a minha avó. Anos antes de se ter cruzado com a minha mãe.

 

"A propósito de "somos quem somos"; após uma tentativa de assalto da PIDE à sede da CDU - gorada graças à iniciativa do Ary dos Santos, que os distraiu com o conhecido chamamento dos galináceos: pi,pi,pi - os presentes na reunião fugiram cada uma para seu lado. Eu enfiei-me no Roma, ali perto, onde a sua avó me acolheu [escondeu] na bilheteira.

Só posteriormente, quando trabalhei com a Olga e, por acaso, contei-lhe esta "aventura", vim a saber quem era a minha "salvadora."

 

Não me surpreende, a atitude da minha avó.

 

Trabalhou muitos anos na bilheteira do cinema Roma, e depois no Avis e por último no Estúdio 444 (muito filme vi eu à pala). Acérrima defensora dos direitos das mulheres e dos direitos dos trabalhadores, era sindicalizada, e muito envolvida nas actividades do sindicato. Delegada sindical.

 

Muito à frente, a Zita Pereira.

 

Obrigada OM, pela partilha :)

 

 

 

Somos quem fomos

Jonasnuts, 01.10.16

A teoria da evolução.

 

Herdamos características, que se vão apurando ao longo dos tempos. Não só características genéticas, mas sociais e comportamentais.

 

Nunca dei grande importância aos meus avós, nessa perspectiva, achava que era tudo mérito da minha mãe. Mas o mérito da minha mãe é mérito dos meus avós, e por aí acima.

 

Isto tudo a propósito de ter estado hoje a ver algumas fotografias de família. Álbuns cheios de caras que não reconheço, que não sei quem foram (quase tudo morto, provavelmente), mas que contribuíram.

 

Eu sou filha da minha mãe e neta da minha avó e bisneta da minha bisavó e foram estas mulheres, e os homens que elas escolheram que tornaram possível eu ser eu. 

 

A minha mãe casou de mini-saia, em 1967. Não era comum. 

 

Não sei em que ano a minha avó casou. 1944? A minha mãe era de 45, e eu sei que a minha avó casou antes da minha mãe nascer. Antes de engravidar já não garanto.

 

Vamos assumir que foi em 1944. Fotos de noivas que casaram nessa época, em Portugal, mostram tudo muito coberto, e cheio de véus, e folhos, e caudas, e cortinados e enfim, o que era típico na época.

 

A minha avó materna casou de tailleur. Saia por cima do joelho. Sem véu. Com o homem que escolheu. E era um mulherão, a minha avó Zita (nome de imperatriz, que a madrinha tinha regressado há pouco da coroação desta - as ligações da minha família à nobreza e essas coisas, por duas vias, ficarão para outro post). E trabalhava fora de casa. Num cinema. Era financeiramente independente do meu avô (e ainda bem, porque se estivesse a contar com o meu avô para essas coisas, tinha-se lixado).

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 Já tinha percebido antes. Demasiado tarde, mas antes. Mas o que sou, deve-se também ao que foi a minha avó. Nunca lhe agradeci porque quando a ficha me caiu já não havia oportunidade.