Marketing político - Lavando os cestos
Esta é uma questão que me assalta sempre que decorrem eleições em Portugal.
O grau de amadorismo, do ponto de vista da comunicação, da grande maioria das candidaturas. É transversal, da esquerda à direita.
Quando falo em comunicação, não me refiro a mupis, panfletos, e demais material de suporte. Ou, pelo menos, não me refiro só. Refiro-me também (sobretudo) a consultores/assessores de imagem, consultores/assessores de dicção e colocação de voz, em alguns casos, os problemas são tão gritantes que bastaria alguém com algum senso comum e sem medo de ser despedido.
Há muitos anos, entre uma primeira e uma segunda volta das presidenciais, perguntaram a um grupo de publicitários em que é que os candidatos poderiam melhorar a imagem. A minha mãe, que fazia parte do grupo, recomendou vivamente a Jorge Sampaio que abandonasse os fatos beges e cinzento-claro, que optasse por cores menos mortiças, menos font de teint, gravatas um bocadinho mais exuberantes, sem colidir com a personalidade do candidato.
As instruções foram acatadas.
Eu não estou a dizer que os candidatos tenham de deixar de ser quem são para passarem a apresentar-se de forma que colida com o seu padrão. Estou a dizer que há escolhas que se podem (e devem) fazer dentro de um universo compatível com os candidatos.
Esta devia ser, mais do que uma preocupação dos candidatos, uma preocupação dos partidos. Porque a imagem dos partidos fica obviamente contaminada. Por isso é que a roupa de um candidato deve ser uma, em caso de vitória e deve ser outra, em caso de derrota. O tom dos discursos deve ser ensaiado. O improviso deve ser deixado para as ocasiões em que é mesmo necessário, sobretudo se se tratar de um candidato que não tenha o dom da palavra.
Os discursos, os debates, as participações em programas de rádio e de televisão têm de ser ensaiados. Não é um trabalho de preparação que se faça durante a campanha. Tem de começar-se antes, muito antes, na construção de um perfil que, no momento em que se inicia a campanha, já esteja completamente à vontade, já tenha incorporado tudo (as aulas de postura, de colocação de voz, de dicção, de comunicação, de falar em público), e na campanha é apenas preciso um complemento aqui e ali para adaptar às necessidades específicas do combate.
Como é que isto não é óbvio para a vasta maioria dos políticos e, sobretudo, dos partidos, é um mistério.
Tenho este post para escrever há uns anos (mais ou menos desde o famoso caso (auto-link) do "Oh Luís, fica melhor assim, ou assado?"), mas o que fez com que, finalmente, me decidisse, foi isto:
A sério gente........ contratem pessoas independentes (mas não antagónicas), que não tenham nada a ganhar nem a perder, que não tenham receio de vos dizer as verdades e que tenham a capacidade de vos propor uma estratégia que vai muito além de gastar milhões em papel, para ver se ganham o campeonato dos confetti.
Eu conheço gente competente na matéria. Call me.