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Jonasnuts

Jonasnuts

Aos presidentes das câmaras

Jonasnuts, 23.06.17

De repente, as ruas das cidades adquirem uma nova dimensão. Andar de moto faz isso, traz mais dimensões à nossa vida. Nem todas agradáveis, é um facto.

 

Uma das dimensões é a qualidade do piso ou, mais exactamente, a falta dela, mas esse tema abordaremos noutro post (o fabuloso plural majestático).

 

Circulo em Lisboa (e não só) e reparo que algumas vias para BUS têm lá um boneco duma moto. Acho a ideia excelente. 

 

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O candidato a presidente da câmara que coloque na sua lista de intenções espalhar este conceito a todas as faixas de BUS, ganha uma catrefada de votos. Vá, se não a todas, à maioria. 

 

Assim como assim, com moto ou sem moto pintada no pavimento, as motos já circulam por lá de qualquer maneira, portanto, é só mesmo uma tecnicidade sem grandes efeitos práticos para além de deixarmos de ser multáveis :)

 

Não?

Tricéfala

Jonasnuts, 20.06.17

Até há uns dias eu era bicéfala. Agora sou tricéfala.

 

Eu explico.

 

Sabem aquela coisa da Maria patroa e da Maria empregada? Eu era a Maria condutora e a Maria peona (eu sei). 

 

Enquanto Maria condutora irrito-me com os peões que empatam o trânsito, que se metem à beira das passadeiras a mandar passar a malta que pára, que passa nas passadeiras na oblíqua, com os que andam na faixa das bicicletas, etc...

 

Enquanto Maria peona (eu sei) irrito-me com os carros que não param nas passadeiras, com os que me fazem razias, com os que não fazem piscas, com os que buzinam, com os que estacionam em cima das passadeiras, etc...

 

Enquanto Maria motard descubro a tríade da coisa, há muito mais coisas com que me irritar ao volante duma mota, nomeadamente com os senhores da câmara municipal de Lisboa que têm a responsabilidade de zelar pelo pavimento (nos carros também se nota, mas não é a mesma coisa), e tenho a certeza de que descobrirei mais coisas à medida que for aprendendo a relaxar.

 

Fica a nota de que é oficial........ não só já comprei a mota, como já dei umas voltas para me habituar como já vim para o trabalho. E estou a adorar :)

 

Ainda não tem nome, mas há-de ter.

 

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Os motards, esses vândalos

Jonasnuts, 27.09.11

Tenho mais de 20 anos de carta de condução. Mais importante, são mais de 20 anos em que conduzo diariamente. Já tenho muita auto-estrada atrás de um volante, e percursos urbanos idem.

 

Gosto de conduzir, e conduzo bem.

 

Não sou ceguinha e, portanto sei, como sabe qualquer pessoa com 3 dedos de testa e que conduza, que a maioria das mulheres tem tiques universais de condução que colidem com o sistema nervoso de qualquer condutor mais afoito. Tudo isto só para explicar que, sendo gaja, e condutora, não padeço, felizmente, do mal que assola a grande maioria das mulheres condutoras, portanto, não acho que a estrada seja toda minha, não acho que os retrovisores sirvam para retocar a maquilhagem, e não acho que o mundo inteiro está às nossas ordens, e tem de viver e andar ao nosso (lento, arrastadíssimo) ritmo.

 

Ora, que a maioria das mulheres conduz que é uma merda (deixemo-nos de politicamente correctos) é uma verdade universal, há epítetos semelhantes para os taxistas (a um nível diferente), para os velhotes, e para mais uma ou duas categorias de condutores. E são daquelas verdades que ninguém, com dois dedos de testa, contesta, lá está.

 

No entanto, há uma afirmação comum que me encanita. É a do título do post. Não é raro ouvir-se que os gajos das motas são uns vândalos, umas avantesmas, uns aceleras, uns resvés campo de ourique, mal encarados, razias, mal educados. Enfim, a escória dos condutores.

 

E isto, meus senhores, a minha experiência não confirma. Muito pelo contrário.

 

Se cedemos passagem a um condutor, em 90% dos casos as motas agradecem, em 90% dos casos os carros estão-se cagando. As motas (e sim, eu sei que são as motos) são confrontadas (literalmente) com os piores condutores do mundo (mudança de faixa, de repente, sem sinalização e sem verem se lá vem alguém), e mesmo assim...... acho que nunca vi uma mota passar-se dos carretos.

 

Pedem desculpa quando erram, agradecem quando devem, são cordiais, facilitam, são mais solidários (entre si, evidentemente, era o que mais faltava), pelo que não percebo de onde é que vem a ideia de que os condutores de motas são uns vândalos.

 

A sério..... o trânsito (pelo menos em Portugal) seria tão mais fácil, se houvesse mais motas. E não digo isto por causa da ausência de carros. Os condutores de motas são, genericamente falando, uns senhores.

Valentino Rossi, Casey Stoner, Laguna Seca e as palavras

Jonasnuts, 22.07.08

 

Acompanho MotoGP, mais coisa menos coisa, às vezes, nem sempre. Torço sempre pelo Rossi, porque o Rossi tem aquela coisa de parecer boa pessoa, bom puto. Manteve o ar de puto. Já não é o menino prodígio de há uns anos, mas continua a ser um puto, e dá a ideia de que se diverte imenso a fazer aquilo que faz. Pode nada disto corresponder à realidade, mas como não tenho forma de saber, tenho ainda alguma ingenuidade (mesmo que artificialmente arranjada) para gostar de pensar que é mesmo verdade, que ele é boa pessoa, que é malandro, e que se diverte a fazer a vidinha dele.

 

No Domingo houve uma corrida. Nos Estados Unidos, em Laguna Seca. Aqui em casa os Domingos são habitualmente mais devagar. Sejam as motos sejam os carros, as corridas têm sempre a mania de atropelar o horário dos almoços (isso e o facto de acordar depois do meio-dia).

 

Percebi que a coisa era diferente da corridinha habitual. Havia por ali um entusiasmo mais entusiasmado do que o costume. A televisão estava sintonizada no Eurosport. Havia dois comentadores portugueses, não sei quem são. E estavam também entusiasmados. Mas aquele entusiasmo televisivo, calmo, politicamente correcto, monótono. Uma seca. 

 

Já antes tinha notado que os comentadores ingleses têm um estilo diferente. Mais informal, mais divertido, mais entusiasmado. Podem estar a trabalhar (e estão), mas, lá está, divertem-se a fazer aquilo que fazem, ou é essa a ideia que transmitem. A mesma corrida, comentada pelos portugueses e pelos ingleses não é a mesma corrida.

 

Ontem à noite, fruto de actividades que agora não interessam nada, vi a corrida de Laguna Seca comentada pelos ingleses. Aquilo é um show dentro do show. E falam uma língua que toda a gente percebe. Isto é, não se põem com detalhes técnicos de pistons e outras coisas mecânicas (nem sei se as motos têm pistons), falam uma linguagem que as pessoas normais percebem. Para quem, como eu, não é fanzoca da coisa, é um incentivo adicional. Vejo mais depressa uma corrida se os comentários forem feitos com o estilo inglês (ou americano, ou lá de onde são os senhores), do que se forem feitos ao estilo português.

 

Insistimos em confundir seriedade com monotonia, e monocórdico. Não tem que parecer que estão a levar uma seca, para parecerem sérios e fidedignos.

 

Há qualquer coisa em Portugal e nos portugueses que parece pôr em campos opostos o trabalho e o divertimento. Se uma pessoa se está a divertir, é porque não está a trabalhar.

 

Senhores comentadores portugueses da Eurosport, não colocando em causa as vossas competências técnicas (até porque as minhas competências não chegam para isso), tentem mostrar mais entusiasmo. Para os comentadores ingleses, way to go, boys!

Da testosterona

Jonasnuts, 14.04.08
Então ontem lá fui ao Moto GP.

Confesso que não sou muito fanzoca de motos, mas valeu pela experiência. Não conheço outros autódromos, mas se forem tão maus como o nosso, não percebo o sucesso destas coisas das corridas. Nem um mísero multibanco, a porcaria do relato das corridas feitas num perfeito..... espanhol. Uns écrans mixurucas que empancavam com frequência, enfim, uma desgraceira.

Mas, o folclore, deu para ver.

Bancadas cheias, com todos os lugares comuns possíveis. Desde os gajos de capacete, mas sem moto, ao motard barbudo e de ar sebento, aos desgraçados que aproveitaram a manhã de Domingo para ir ao Vassoureiro encomendar um psiché para o hall de entrada, em pinho envernizado. Deu para ver tudo.

A frequência era maioritariamente masculina.

Qual foi o ponto alto, que mais ovações arrancou à assistência?

A entrada em cena das equipas? Não.
O barulho (ensurdecedor) das motos? Não.
A chegada dos pilotos? Não.
Os segundos antes da partida? Não.

O que maus sururu provocou na assistência foi a entrada das meninas da BWin, que seguravam umas tabuletas. O que é que tinham as tabuletas? Ninguém sabe.

O que toda a gente sabe é que as meninas tinham pouca coisa vestida. Elas sim, encarnado verdadeiramente o lugar comum. Maillot preto (agora acho que se diz body, mas para mim são maillots), coladinhos ao corpo. Perna ao léu. Botas de cano alto. Tudo preto. Os cabelos eram longos e na maioria dos casos, loiros. Lugares comuns, clichés. Mas funcionaram lindamente.