Sou fanzoca (fica o disclaimer). Há muito tempo, mas principalmente desde que me deram a conhecer o Hush, aí há uns 15 anos.
Ontem era um concerto obrigatório. Lá fui, finalmente, ver um concerto de um gajo de quem eu gosto.
A minha irmã arranjou bilhetes de borla. E vejam só como a minha família me conhece bem, ela e os amigos ficaram numa fila, e depois um bilhetito para mim, afastada do grupo. Conhece-me bem, a minha irmã. São poucas as pessoas que aguentam um espectáculo ao meu lado (mando calar quem fala, e coisas assim).
Fui mais cedo, o que contraria a tradição de chegar sempre em cima da hora. Saí do parque de estacionamento e dirigi-me lentamente para o Coliseu. De repente sai-me um Oh! da boca para fora. Um grupo de 3 homens caminhava no sentido oposto..... cruzámo-nos. O do meio era o Bobby McFerrin. Portanto, a menos de uma hora de começar o espectáculo, o gajo andava ali a passear. Conjecturei. Iria beber umas cervejolas para aquecer a voz? Ia para o Metro tentar fazer uns trocos? Não sei onde ia, mas foi muito esquisito cruzar-me com o gajo que ia ver actuar dali a pouco.
O concerto começou alguns minutos depois da hora marcada. Uma cadeira em palco. Entra o gajo, com a mesma roupa com que o tinha visto passar há menos de uma hora. Calças de ganga e t-shirt. Muito bom. Nada de atavios nem de folestrias, estamos ali é por causa da música, e não por causa do guarda-roupa.
Glu-glu-glu chinca-chinca-chinca, e passam-se as 3 primeiras músicas e, apesar dos agradecimentos efusivos, nem bom dia nem boa tarde nem boa noite. Nada de parlapié com o público. O meu nariz estava a ficar torcido.
Mas eis que começa a coisa...... a parte em que ele nos conduz, e consegue que um Coliseu quase cheio faça e cante exactamente o que ele quer, quando quer. E o resultado final é bom, muito bom, pelo menos soa bem. E vem para o meio do público, e canta com algumas pessoas do público. Teria sido giro se tivesse subido um bocadinho mais e tivesse posto o microfone à frente da Maria João, a do Jazz, que por lá estava, mais tarde fez o gosto ao dedo, quando subiram uma catrefada deles para o palco (eram para ser 12, mas depois acabaram por ser mais).
Mas, a mim, o que me partiu toda foi que o filho da mãe puta repetiu ali a cena de Leipzig. Ele fez os glu-glu-glu do Ave Maria de Bach, enquanto nós cantávamos (?) a melodia que no original é tocada pelo violoncelo do Yo-Yo Ma. Ali ao pé de mim só eu e uma senhora que estava atrás de mim é que sabíamos a coisa (eu não sei a letra, mas sei as voltinhas todas), mas o som da sala a cantar com ele um dos meus temas favoritos de todo o sempre foi arrasador.
Curioso, como nestas alturas nos lembramos de pessoas que não conhecemos. Lembrei-me do autor deste Blog. Teria ficado tão surpreendido como eu, pelo facto das pessoas conhecerem bem a melodia do Ave Maria? É que não se tratava de um concerto de música clássica. Ok, este é um dos temas universais, que ultrapassa o género a que pertence, e esta versão está no álbum mais vendido de Bobby McFerrin, mas mesmo assim.
Defeitos? (esta é especial para ti maninha). Só o facto de não haver merchandising. Compro sempre t-shirts dos concertos a que vou. São mais as vezes que há que as que não há. Não consegui de Jane Monheit, nem de Tindersticks (mandei vir depois) nem de Nitin Sawhney (mas essas nem oferecidas que se fossem tão más como o concerto, nem para esfregar o chão).
Ontem não havia. Assim de repente, é o defeito de que me lembro. (Há online, já estou a tratar do assunto).
Não foi perfeito, prefiro sempre ambientes mais pequenos, e estar lá à frente (não me estou a queixar maninha, agradeço muito os bilhetes), e aquele início meio frio deixou-me ansiosa, mas gostei muito. Se houvesse outro espectáculo hoje, ia outra vez :)
Para os que não conhecem a cena de Leipzig, fica o vídeo. Não foi assim, ontem (não chove no Coliseu), mas foi parecido, e foi muito bom.
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