Os rankings escolares
Está aberta a época dos rankings. Aquela época em que órgãos de comunicação social pegam nos dados estatísticos, e os trabalham a bem dos seus leitor...não, desculpem, e os trabalham a bem do tamanho de letra da primeira página.
Já acreditei mais em rankings das escolas do que acredito neste momento.
E confesso que já não estou à espera que haja uma porra dum jornal ou duma televisão ou duma rádio que façam trabalho jornalístico sério, mas irritam-me cada vez mais estas notícias dos rankings.
Façam lá um estudo a sério, senhores. Vão lá às escolinhas que estão no topo do ranking, de preferência apenas aquelas em que mais de 50 alunos fizeram os exames, e avaliem a qualidade de vida dos meninos. Vejam quantos deles têm internet em casa, e livros, e vejam quantos deles é que têm explicadores. Lembrei-me destes três factores, todos eles externos à escola, mas que contribuem para os resultados que os alunos alcançam nos exames. Depois de recolhidos esses dados, trabalhem-nos em conjunto com os dados demográficos da área da escola, e com os dados de criminalidade na área da escola, e, só depois disso e aí sim, cruzem os vossos resultados com os dados do ranking.
Se quiserem ir um bocadinho mais longe, podem entrar pela escola dentro, e ver se tem associação de pais ou não, qual é a taxa de senioridade dos professores, e qual o tempo médio de permanência de um professor naquela escola, podem ainda ver as condições físicas da escola, e o seu equipamento, e o número médio de alunos por sala, e a taxa de absentismo (de alunos e professores), e eu podia continuar por aqui fora.......
Não me tratem como atrasada mental, e não me atirem para a cara números que pintam o quadro como vocês querem vê-lo pintado, e não como ele está na realidade.
Dos jornalistas, não quero quadros. Quero fotografias. Sem photoshop.