Os pais do Magalhães
Anda por aí meio mundo escandalizado porque o computador Magalhães que está a ser disponibilizado desde hoje a muitas das crianças em idade escolar, não vem o controlo parental activado.
Parece que vai ser a notícia do dia, e no que diz respeito à Blogosfera, a notícia da semana (aqui essas coisas arrastam-se).
Acho muito bem que tenha controlo parental. Como acho bem que tenha outras aplicações. Ora essas aplicações vão ser usadas, chamam-se ferramentas e, em última análise, é para isso que serve o computador, para ser usado.
Ora, um computador não funciona sozinho, é uma ferramenta, precisa de alguém que a opere.
É uma ferramenta que pode dar acesso a conteúdos e, como tal, cabe aos pais, definirem quais os conteúdos a que os filhos podem aceder. Não cabe a uma ferramenta (que é falível, como todas as ferramentas) definir o que é que os meninos podem ver ou não.
Chamam-se ferramentas de controlo parental por alguma razão. É suposto que haja alguém a fazer o controlo.
É suposto que seja o Governo a fazê-lo? Deus me livre. Não quero esse grau de intromissão por parte do Governo.
Ah, mas os pais não sabem mexer no computador, dirão os mais assanhados. E eu digo que, se quiserem, portanto, se se interessarem, aprendem, ou vão à cata de informação que lhes permita assumirem a responsabilidade que é, em grande maioria, deles.
É a mesma coisa com a televisão. Lá em casa os putos não podem pegar no comando da televisão e começar a fazer zapping. Não podem. É uma regra. Nos computadores lá de casa, existem configuradas umas cenas que lhes barram o acesso quando estão a ser encaminhados para sites que apresentam conteúdos que nós não queremos que eles vejam, ainda.
Mais formação para os pais? Sim senhor, acho importante e fundamental. Cursos de técnicas básicas de como consumir conteúdos online? Sim senhor. Evangelizar para a protecção dos dados pessoais como se fossem sagrados? Imprescindível.
O difícil, difícil mesmo, seria encontrar pais interessados em adquirir estas competências. As pessoas preferem pôr a culpa em terceiros (seja no governo, nas escolas, nas empresas, nos vizinhos, em qualquer lado) menos assumi-las.
Falta dizer que este post começou aqui.