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Jonasnuts

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Spam

Jonasnuts, 15.10.08

Sempre que recebo um mail de spam, nacional, e com contacto telefónico, telefono. Peço para falar com a pessoal responsável pelo envio de spam (sic) e normalmente põem-me a falar com a pessoa certa, que dá SEMPRE umas explicações atabalhoadas sobre mails públicos e programas de recolha de endereços publicados.

 

Normalmente a conversa acaba com a remoção do meu endereço de mail (ou dos vários endereços de mail) para onde é enviada a correspondência da lista de distribuição de spam, e com a minha anotação, num documento que criei para o efeito, da marca, do nome da pessoa com quem falei, do dia e da hora, e do endereço de mail. Sempre que me chega spam, vou lá confirmar se já falei com aquela marca, ou com aquela pessoa. Quando acontece (e sim, acontece), volto a telefonar, explico o sucedido, e informo que vou enviar uma queixa, documentada, para o CNPD. E funciona.

 

Mas.... o que é que faço quando me chega à caixa de correio uma mensagem de spam, não deixa margem para dúvidas de que é spam, mas defende/divulga uma causa meritória, ou socialmente correcta?

 

Aconteceu-me ontem. Objectivo 2015, Blog action day 08. Um mail, um bocado pimba, é um facto, já que me tratava por "car@ Blogger", mas que falava dos objectivos da campanha, e que era apoiado Campanha do Milénio das Nações Unidas em Portugal. Portanto, uma coisa politica e socialmente correcta, sem deixar de ser spam.

 

O que é que se faz? Trata-se como os outros? Devem ser mais bem tratados?

 

Confesso que hesitei. Mas depois peguei no telefone e falei com os senhores. Spam é spam.

Shift

Jonasnuts, 13.10.08

Há sensivelmente um ano, sobre a Shift, escrevi aqui um post, e o Pecus até teve a amabilidade de me deixar por lá um comentário, sobre o qual mais tarde, em conversa, concordámos em discordar.

 

 

Tenho andado à espera que saia a versão em Língua Portuguesa do site, língua que é a da maioria dos participantes, presumo, língua que é a da maioria dos organizadores, presumo, língua que é a da maioria dos patrocinadores, presumo, língua que é a do País onde a conferência está a ser organizada, língua que é, presumo, a da maioria do target a que se destina a conferência.

 

Tenho estado à espera, mas ainda bem que tenho estado sentada, porque não há meio. A conferência começa depois de amanhã, e até agora, nada. Até as mensagens de erro são em inglês.

 

É tão boçal. É tão pequenino. É tão complexado.

Reuniões

Jonasnuts, 13.10.08

 

 

Não gosto de reuniões. Aquelas reuniões típicas em que toda a gente se senta à volta de uma mesa, apresenta-se um power point cheio de imagens e de setas e de gráficos, cheio de nada, debate-se, no fim faz-se uma acta e é assim uma coisa mole. É uma perda de tempo. Evito, baldo-me violentamente a este tipo de reuniões, e tenho sido uma privilegiada, neste aspecto, quando comparo com a maior parte do pessoal que trabalha comigo.

 

Sempre que tenho de debater alguma coisa com alguém, o mais frequente é pegar em mim, ir até à outra pessoa, sentar-me em cima da secretária, ou de um armário, ou num bloco de gavetas (reparei noutro dia que raramente me sento em cadeiras, mesmo durante as reuniões mais típicas), ou então vai-se beber um café e conversa-se. No final, não há cá actas para ninguém. Cada um faz o que é suposto fazer, o que ficou combinado, e está a andar.

 

Claro que quando temos um tema com um grupo de pessoas, de fora, não dá para reunir nos corredores, e é mesmo preciso uma sala de reuniões. Tenho sempre receio que uma reunião dessas descambe para a monotonia.

 

A semana passada começou com uma reunião das más, mais de uma hora sentada na cadeira, a ouvir uma série de coisas que entraram a 100 e saíram a 200, de tão vazias e inúteis. Uma seca. Já me fizeram chegar a acta, tão vazia como a reunião.

 

Na sexta de manhã tive outra reunião. Éramos 4, eu e mais 3 pessoas de fora. Bom, uma delas não é bem de fora, que já faz parte da casa, na minha cabeça, mas formalmente, é de fora. Durou mais do que a de Segunda-feira. E foi uma daquelas reuniões raras, mas raras mesmo, em que havia na sala uma energia diferente. A forma que os intervenientes tinham de falar sobre o que os levara ali, os condimentos extra com que se enriqueceu a reunião, a paixão e o entusiasmo com que debatemos o projecto, as ideias que surgiram ali (mais as outras que me foram ocorrendo), o nome que arranjámos, as coincidências do meu iTunes e um je ne sais quoi que não sei definir fizeram, logo ali, com que eu ficasse arrebatada pelo projecto. Venderam-me o projecto, e eu comprei-o, na hora, porque não estavam a tentar vender-mo. Estavam a descrever a coisa, com uma emoção e com um entusiasmo tão contagiantes que era impossível não entrar no barco. Uma espécie de alinhamento cósmico, em que tudo acontece no momento certo, pela ordem certa, num raro momento de sintonia.

 

No final, não houve actas, e sei que as palavras de despedida "aconteça o que acontecer, foi muito bom, este bocadinho" foram sinceras, e foram sentidas por todos.

 

Obviamente, já fiz mais pelo projecto desta última reunião do que fiz pelo projecto da primeira reunião, aliás, ao da primeira reunião apenas dediquei estes momentos, em que escrevo este post, e só me vem à cabeça por ser tão diametralmente oposta ao da última reunião.

 

Foi mesmo isso, um alinhamento cósmico. Naquele momento, alguém mais lá em cima tinha determinado que aquelas 4 pessoas tinham de estar ali, àquela hora, naquele momento, a dizer aquelas palavras que disseram.

 

É raro. É pena que seja raro. Mas é também a raridade que torna estes momentos, quando acontecem, tão especiais.

 

A foto tem tudo a ver com o projecto da 2ª reunião, mas só os intervenientes é que a percebem. Sorry.

Constatação

Jonasnuts, 10.10.08

Não sou muito chegada a fazer contas, mas, por estes dias, fiz uma conta simples, e cheguei a uma conclusão interessante:

 

Gasto, por dia, mais dinheiro no parquímetro do carro, do que no meu almoço.

 

Há aqui qualquer coisa errada, mas deve ser das contas.

 

Miguel Esteves Cardoso - a Entrevista

Jonasnuts, 07.10.08

Transcrevi a parte da entrevista que o Miguel Esteves Cardoso deu ao Carlos Vaz Marques, para o Pessoal & Transmissível. Transcrevi a parte em que conversam sobre Blogs. Mas vale a pena ouvir toda, aqui.

 

 

A parte que diz directamente respeito aos Blogs, reza assim:

 

CVM: (se tivesse sido eleito deputado) Teria mudado de alguma forma a política portuguesa?

MEC: Não.......nada. Claro que não, mas pelo menos tinha sido uma..........as pessoas gostam .... têm que haver válvulas de escape. Mesmo que não sejam eficazes. As coisas não funcionam, ou são fracassos, é bom que haja coisas que falhem, também, porque são verbalizadas.

CVM: Quais são hoje as válvulas de escape que vê à nossa volta?

MEC: Eu vejo isto muito mal. Eu vejo isto muito mal. Em termos de imprensa, etc.. Porque eu sinto que as pessoas têm medo, ninguém tem dinheiro, as pessoas estão acobardadas,  têm medo de dizer as coisas erradas e portanto sinto um ambiente de não haver válvulas de escape, ninguém quer ser a válvula de escape.

CVM: Mas está a referir-se à imprensa?

MEC: Não, imprensa e toda a gente. A imprensa nunca está divorciada ou desligada da sociedade portuguesa. Acho que nisso é uma imprensa muito boa. Reflecte, muito. As pessoas têm medo, e não falam, estão caladas, e estão preocupadas e nesse sentido fazem faltas válvulas de escape. Porque isto é uma situação muito perigosa, esta situação de anuência e de falta de coragem e de vontade de falar, não é? Não há sítios onde escrever, onde fazer merda, não há. Não há sítios onde desabafar.

CVM: Há os Blogs, há a Internet....

MEC:Há os Blogs, só que os Blogs anulam-se...

CVM: Nunca houve tanta capacidade de expressão pública como hoje.

MEC: Se não fosse os Blogs...se não houvesse os Blogs estávamos todos tramadíssimos. Os Blogs são A grande válvula de escape, mas isso pronto, obviamente. Só que são tantos, e são tão personalizados....

CVM : Anulam-se uns aos outros, é isso?

MEC:...e são tão, sobretudo, são tão identificados, tão civilizadamente identificados, que é bom, têm os de esquerda, os de direita, não sei que mais....que não há aquela concentração que havia antigamente em que havia só um, um órgão, em que havia uma certa....não é violência...mas uma espécie de frémito, de comunicação de expressão. Tem que ser dito, eles têm que não sei quê, eles não podem não sei que mais. Não era indignação fácil.

CVM: E hoje sente que os Blogs se anulam uns aos outros?

MEC: Os Blogs são uma coisa maravilhosa. A melhor coisa que aconteceu em Portugal no século XX, sem dúvida nenhuma. E são, dos que eu conheço os ingleses, os americanos, de longe os mais bem escritos, os mais bem mantidos.


CVM: E tem uma explicação para isso?

MEC: Dizia-se muito que Portugal é um país de poetas, e não sei que mais, de pessoas que tinham coisas na gaveta, mas de facto os portugueses escrevem muito bem.

CVM: Portugal é um país de Bloggers, afinal.

MEC: É um país de Bloggers completamente. E de bloggers muito bem....nós pelo menos uns .... estive a contar noutro dia, uns quase 100 blogs, 100 blogs, assim de que se uma pessoa tivesse tempo.... que se ganha em ler, e que são bem escritos. E não é só bem escritos, têm um brio na apresentação mesmo na apresentação gráfica e na manutenção de princípios e na na comunicação entre eles, têm uma educação entre eles, e uma ética, que eu acho nunca houve na imprensa portuguesa, portanto essa condescendência que as pessoas têm para os Blogs, os Blogs estão muito à frente da Imprensa. Mas muito à frente, porque não são corruptos, não estão calados, não estão acomodados e defendem as suas ideias.

Portanto, quando dizem os Blogs como sendo uma imprensa menor, eu vejo muito mais ao contrário, eu vejo muito mais os jornais como sendo Blogs publicados e comprometidos. A internet em geral para o mundo, mas sobretudo os Blogs em Portugal, os Blogs e toda a comunicação feita através de internet, é uma coisa importantíssima.