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Jonasnuts

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O local de trabalho tornou-se ubíquo

Jonasnuts, 20.12.09

É algo que já sinto (e digo) há muito tempo, mas que o James Tuner define e explica bem melhor que eu.

 

Num artigo em que elege, tecnologicamente falando, o melhor e o pior da década que acaba daqui a uns dias, ele termina desta forma:

 

"

The Workplace Becomes Ubiquitous: What's the first thing you do when you get home at night? Check your work email? Or maybe you got a call before you even got home. The dark side of all that bandwidth and mobile technology we enjoy today is that you can never truly escape being available, at least until the last bar drops off your phone (or you shut the darn thing off!)

The line between the workplace and the rest of your life is rapidly disappearing. When you add in overseas outsourcing, you may find yourself responding to an email at 11 at night from your team in Bangalore. Work and leisure is blurring together into a gray mélange of existence. "Do you live to work, or work to live," is becoming a meaningless question, because there's no difference.".


E isto é tão verdade. Mais verdade ainda quando fazemos aquilo de que gostamos. E se por um lado é uma conquista, esta ubiquidade, por outro lado é um enorme peso.

Eu hoje tinha planos

Jonasnuts, 18.09.09

Tinha o meu dia tão bem planeadinho, quase ao milímetro.

Pelos meus planos passava uma chegada cedo ao trabalho, uma manhã calma, os feeds, os twitts, um post neste Blog, os destaques, a mudança de um cabeçalho (não deste Blog), uns telefonemas, um almoço calmo, uma reunião agradável, sair cedo, ir buscar o puto, levá-lo onde é suposto, esperar calmamente, casa e jantarecos. Uma sexta-feira calma, por ser o último dia da 1ª semana de aulas. Uma sexta-feira calma, para começar bem o fim-de-semana que se quer calmo.

 

Eu hoje tinha planos.

 

Cheguei cedo ao trabalho (ainda não eram 9 da manhã), e foi assim que liguei o computador que o meu dia, tão bem planeadinho, e eu que nem sou de grandes planos, começou a seguir o seu próprio plano, que não o meu.

 

Quem me manda fazer planos?

 

Não foi um dia mau, um bocadinho antes do almoço começou a acalmar, e consegui ter a tal reunião agradável e consegui fazer as coisas do puto, a horas. Não foi um dia mau, mas foi um diazinho filho da puta.

 

 

 

 

P.S.: Ainda estou para saber porque é que os senhores do Flip, que é o que usamos para o corrector ortográfico dos Blogs, consideram "puta" um erro ortográfico. É para escrever com maiúscula, é?

Encontra-se trabalho através das redes sociais?

Jonasnuts, 29.12.08

O pergunta do título do post é descaradamente roubada ao Enrique Dans, que há bem pouco tempo a colocou no seu Blog (que recomendo).

 

Ia comentar por lá, e até perguntei se o deveria fazer em português ou em inglês (já que o Blog é escrito e comentado, maioritariamente em castelhano), mas depois achei que dava um comentário demasiado grande (apesar de ter recebido resposta, simpática e em tempo recorde, de que os meus comentários seriam bem-vindos em português, deitando por terra o mito de que os espanhóis não entendem o português :).

 

Eu sou uma céptica dos serviços sociais. Parece ser contraditório, o facto de, profissionalmente, estar ligada a alguns serviços que têm uma forte componente social, mas se calhar é mesmo por causa disso. Ou então é porque não gosto de embarcar em rebanhos, e gosto de pensar pela minha cabeça.

 

As redes sociais, "profissionais" como o LinkedIn permitem-me identificar uma série de contactos profissionais, mais algumas características das minhas competências. Tudo muito fácil, clica-se num botão para adicionar alguém à nossa lista de contactos, clica-se noutro botão para autorizar que alguém nos adicione, escrevem-se recomendações mais rapidamente que um mail, e em menos de três tempos temos um perfil sumarento, cheio de nomes de pessoas que nos conhecem profissionalmente, mesmo que apenas nos conheçam vagamente, por termos, em tempos, partilhado o mesmo espaço de trabalho. À semelhança de muitos serviços sociais, os números são importantes, quantos amigos é que tem? Quantos contactos é que tem? A quantos grupos pertence? Quantas recomendações positivas? Este tipo de serviços, se forem bons, até nos indicam perfis com os quais podemos ter algum tipo de ligação (tipo, trabalham na mesma empresa), e normalmente não se enganam, embora trabalhar no mesmo edifício não seja, em alguns casos, grande ligação profissional. Eu trabalho num edifício onde estão mais 2.000 pessoas. Partilhamos geografia, mais nada.

 

Quando preciso de contratar alguém para a minha equipa, peço um CV, que me dá o percurso profissional e a experiência (e as habilitações académicas que normalmente desvalorizo), e peço o endereço do Blog. O Blog diz-me mais sobre a pessoa do que um perfil no LinkedIn. Claro que dá muito mais trabalho, e demora muito mais tempo, mas conhece-se melhor a pessoa.

 

Na equipa dos Blogs do SAPO há 6 pessoas. 3 estão lá desde o início (eu, o Hugo e a Claudia), os restantes foram chegando. A todos foi pedido o endereço do Blog, no momento do primeiro contacto. Fiquei a saber mais sobre essas pessoas através do seus Blogs (ou da ausência de Blog, não é Tó? :) do que através dos seus CVs.

 

Digam-me sinceramente, se alguém ler o meu CV (que eu não estendo, e reduzo ao essencial e pertinente), fica a saber alguma coisa sobre mim? Muito pouco. Se tiver a pachorra de ler este Blog, ficará a conhecer-me muito melhor (momento em que abandona a ideia de me contratar, é um facto, quase ninguém gosta de contratar pessoas com mau-feitio :).

 

Não são apenas as competências técnicas que contribuem para a decisão de contratar um novo elemento para uma equipa. Quando ando à procura de alguém quero saber mais coisas. Quero saber se se integrará bem na nova equipa, sem desestabilizar. Quero saber se é boa pessoa. Quero sumo, não quero cascas.

 

As redes sociais dão-me cascas disfarçadas de sumo, os Blogs dão-me sumo do bom. Dão mais trabalho, mas, até hoje, tem corrido bem, e já contratei pessoas exclusivamente por causa do Blog. Foi na mouche.

Ponto de situação

Jonasnuts, 05.12.08

Faz hoje 8 anos que comecei a trabalhar no SAPO.

 

Há 8 anos cheguei com a tarefa de lançar as Homepages do SAPO a tempo de ser um presente de Natal (sim, desse ano) para os utilizadores. Digamos que andei muito ocupada. Mas as Homepages foram lançadas, a 22 de Dezembro. Nestes 8 anos já tive oportunidade de estar envolvida em muitos projectos do SAPO, alguns desde a sua génese, outros a pegar na coisa já em andamento.

 

O primeiro Messenger, a primeira migração de mail, as pegadas, o directório, a wallet, o NetBI,  o apoio a cliente (que não pedi, mas que me caiu em cima porque me irritava a forma como os clientes eram atendidos e chegava-me à frente para fazer a coisa bem feita, burra. Demorou muito tempo até me conseguir livrar disso), as fotos, os Blogs, e mais outros tantos de que me estou a esquecer.

 

Com o tempo a passar e com uma rotatividade impressionante, são poucas as pessoas antiguinhas que ainda cá estão. E como ao princípio os nossos métodos de trabalho não conheciam a palavra "documentação", é frequente virem ter comigo para perguntarem coisas de que não há registo, e que são do tempo da pedra lascada. Normalmente lembro-me.

 

Curiosamente, depois de tanto projecto, há apenas 3 que considero "meus". Que me saíram da alma e das entranhas. As Homepages, óbvio (e que estão a precisar que volte a dar-lhes mais atenção do que a que me têm merecido), as Fotos e os Blogs. Apesar de ter estado desde o início em mais projectos, estes são os que considero meus filhos. As Fotos já não são minhas e são um projecto que me inspira sentimentos ambíguos. Há projectos de que me custa separar, mas com o tempo a coisa passa. As Fotos não. Ainda me encontro muito emocionalmente ligada às Fotos, e é, provavelmente, o projecto com que mais stresso. Enfim, isso fica para outro post. São outros quinhentos.

 

Mas, nesta data de efeméride onde aproveito para fazer um balanço, concluo que gosto muito de trabalhar aqui, das pessoas e dos meios que são colocados à minha disposição, para os "meus" projectos. Do que conheço do mercado, trata-se de um luxo, poder ter recursos para alocar aos projectos.

 

Mas nestas alturas assalta-me sempre a mesma dúvida. 8 anos é muito tempo. Nos dias que correm é frequente e habitual saltar-se de poiso. O meu avô entrou para a EDP com 12 anos, e reformou-se passadas umas décadas, da mesma EDP. Eu, trabalho há 20 anos (um pouco mais) e já estive em muitos sítios. Do SAPO não pareço saltar. Acomodei-me?

Prazo de validade

Jonasnuts, 23.10.08

Há uns dias encontrei um antigo colega. Trabalhou comigo no SAPO, há cerca de 8 anos, e depois saiu. A meio da troca de galhardetes da praxe ele sai-se com um bombástico:

-Então e tu? Onde é que estás? Claro que já não estás no SAPO, certo?

 

E eu sorri e confirmei o impossível. Ainda estou no SAPO.

 

Ultrapassei rapidamente a expressão de espanto e estupefacção que me devolveu, continuámos com a conversa óbvia e previsível até ao fim e despedimo-nos.

 

Mas fiquei a pensar.

 

Antigamente, os nossos pais e, sobretudo, os nossos avós, tinham um emprego para a vida. E os que não tinham sonhavam ter.

 

Hoje as coisas estão, felizmente, um pouco diferentes, pelo menos na área onde me movimento, apesar de não haver muitas alternativas de jeito.

 

Mas, quando é que uma relação colaborador/entidade patronal chega ao fim do seu prazo de validade?

 

Como é que se identifica o momento em que se deve começar a pensar em mudar de ares? Quando as pessoas recorrem à nossa memória para identificar a origem de um projecto? Quando temos um arquivo de fotos melhor e mais rico (e mais divertido, já agora) dos colaboradores da empresa?

Quando sentimos que nos habituámos à empresa e esta se habituou a nós?

 

Quando?