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Jonasnuts

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As libelinhas do Bordalo

Jonasnuts, 14.01.09

Gosto de libelinhas. Não sei porquê, mas gosto.

 

No Natal em casa da minha Tia Helena, soube que a Fábrica Bordalo Pinheiro tinha um serviço completamente inspirado em libelinhas e até salivei. Também há com galos, e com borboletas e etc., mas o que me interessavam eram as libelinhas.

 

Soube, através do poço de informações que é a minha prima Gabriela, que a fábrica tem uma loja em Lisboa, na Rua Eiffel. Opá, é que até fica aqui nas redondezas, dá-se lá um pulinho à hora do almoço.

 

Mais ou mesmo na mesma altura passaram pelos meus olhos algumas notícias que davam conta de dificuldades na fábrica, e que não havia encomendas e que já havia salários em atraso.

 

Bom, junta-se a fome à vontade de comer, vou lá comprar um serviço. É a minha contribuição.

 

Entrei na loja pequenina, pequenina, pequenina onde não reconheci nos artigos expostos qualquer peça de Bordalo Pinheiro. Hummm, será que me enganei na loja? Esperei que alguma das duas senhoras que estavam na loja me dirigissem a palavra. Mas não. Estavam ocupadas a limpar o pó e a falar entre si, uma delas era muitíssimo parecida com a Filipa Vacondeus, e falava da mesma forma afectada. Bom dia, será que me pode ajudar? Diga. Ando à procura de um serviço, o serviço libelinha, do Bordalo Pinheiro. Cara de espanto. Anda? Pois, mas isso quase já não há nada. Ó não sei quantas, quando lá foste à fábrica viste alguma coisa da libelinha? Não, da borboleta havia uma saladeira, mas da libelinha não, não faz mal que vai dar mais ou menos ao mesmo.

 

Suspiro.

 

Olhe, então nesse caso eu queria encomendar. Ah....encomendar, pois, olhe, não sei, não garanto nada. Tem a certeza que quer fazer a encomenda? É que, pronto, não há prazos. Ok, eu não tenho pressa, queria fazer a encomenda. Então que peça é que lhe falta? Todas, não tenho nenhuma peça do serviço e quero fazer o serviço completo. Ah pois, mais complicado ainda. Para quantas pessoas é que é o serviço? Para 6, mas se só fizerem para 12, eu alinho. Está bem, então vou fazer o favor de tomar nota da encomenda. Partiu do princípio que eu queria o serviço verde, azar, quero o branco ("há" branco, amarelo, verde, vermelho e azul). Em branco, mais difícil ainda. Lá ficou com o meu nome e com o meu contacto, mas a verdade é que depois daquele discurso, tirei o serviço da ideia.

 

Uma marca mal trabalhada, um marketing inexistente, um atendimento ao cliente paupérrimo, pouco stock, o site não permite fazer encomendas nem tem o catálogo completo, e uma concorrência muito agressiva são os dados em cima da mesa.

 

É extraordinário que uma empresa com um património e um know how ímpares, com tudo para dar certo e fazer muita gente rica, esteja nas ruas da amargura e prestes a fechar as portas.

 

Bem sei que o portuguesinho típico prefere ter um serviço daqueles italianos, caríssimo, é mais fashion, dá mais status, daria algum trabalho  associar este status à marca Bordalo Pinheiro, mas está longe de ser impossível ou difícil. O que falta à fábrica Bordalo Pinheiro é gestão de qualidade, visão e estratégia.

 

Esta minha experiência acontece num momento complicado da empresa, mas tenho pessoas distantes na família que estão relacionadas com a fábrica que já me diziam há uns anos (10, mais coisa menos coisa), que a gestão da empresa era uma porcaria.

 

A fábrica Bordalo Pinheiro tem, para além do património artístico, outra vantagem fundamental (e rara), que são trabalhadores empenhados e que gostam do que fazem. Portanto, tem marca, tem património de qualidade, tem recursos humanos, tem meios e tem espaço. O que é que faltou? Gestão.

 

E porque é que ninguém deu por isso?

 

Vão ser salvos, fábrica, e o património, de certeza que vão. É impensável que não sejam. Mas vão ser salvos com o dinheiro dos nossos impostos, e a gestão vai continuar a ser dos mesmos senhores que não a conseguiram gerir nos últimos anos. Ou transformam a coisa num museu, o que vai dar mais ou menos ao mesmo.

 

E a malta vai fechar os olhos (afinal é só mais uma fábrica que fecha), e vai continuar, contentinha, a comprar pratinhos italianos caros, ou suecos baratos.

Pancadas, libelinhas e outras esquisitices

Jonasnuts, 29.08.07
Não costumo falar de coisas pessoais, neste Blog. É Crocs e mau-feitio e Smart e coisas assim, mas de realmente pessoal, é muito raro. Sou tímida por natureza, mesmo que muita gente não acredite nisso.

Mas há excepções. Poucas, mas existem. Este post é uma delas.
Nada de importante, claro. Além disso é um dois em um. Para além de pessoal, também é meio geek.

No meio das muitas pancadas que tenho por várias coisas, há uma que me acompanha desde que me lembro. Libelinhas. Adoro libelinhas. Não sei porquê, mas é das poucas coisas a que quase não consigo resistir. Se vejo algo que tenha um libelinha bonita, compro. Sim, também há libelinhas feias, não na Natureza, mas é admirável o que o mau gosto humano consegue fazer de formas tão belas. Avancemos.

Os meus olhos são naturalmente atraídos pelas formas das libelinhas. Numa montra cheia de coisas, dou uma vista de olhos, e se houver uma libelinha, descubro-a rapidamente.

Tenho libelinhas de todas as formas e feitios, em anéis (que não uso), em brincos, em pregadeiras (que é o nome fino que se dá aos broches) e que também não uso, em bibelots (que é coisa pela qual tenho especial aversão), t-shirts, pisa-papéis, sei lá. O que encontrei fui comprando, ou foram-me oferecendo. Haverá certamente ainda muita libelinha que está à espera de entrar na minha vida, e tenho a certeza que muitas entrarão mas hoje ofereceram-me uma libelinha, que voa. Algo de que já tinha ouvido falar e que já tinha visto, e que já tinha "cobiçado" mas que não tinha comprado, porque o meu orçamento é muito limitado. É espectacular, é comandada remotamente e é, de acordo com os fabricantes o primeiro robot que voa exclusivamente à base de asas que batem. É também um bicho espaçoso, não em tamanho, mas em espaço necessário para voar. Amanhã, vamos ver se o open space onde trabalho é digno desse nome, open space :)
 

 

 

Nota: A única forma de libelinhas que não possuo, nem possuirei, são verdadeiras libelinhas, mortas para poderem estar num qualquer escaparate, expostas, como se fossem objectos. A essas, mortas e presas, lamento-as, e odeio as pessoas que fazem este tipo de colecções.