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Jonasnuts

Jonasnuts

Dar

Jonasnuts, 18.09.17

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Sabem aquelas actividades que são win, win, win para todos e a todos os níveis? São raras, mas existem.

 

Descobri uma há uns meses que tenho pena de não ter encontrado mais cedo.

 

Todos os sábados de manhã (e nem sequer é muito cedo) vou até à UPPA. UPPA significa União Para a Protecção dos Animais e estes animais, podendo ser todos, são, neste momento, maioritariamente cães (também há porcas).

 

Não sou sócia não pertenço à associação nem à direcção nem a nada, sou apenas uma das várias pessoas que, ao sábado de manhã, reservam parte do seu tempo para dar à UPPA. Na realidade, não dou à UPPA, dou à bicharada, que é o que me interessa, mas vai dar ao mesmo.

 

E em que é que consiste a minha contribuição? Em passeios. A bicharada, durante a semana, está fechada nas boxes. Reparem, não são boxes pequenas, aliás, a UPPA tem umas instalações amplas, cuidadas e a bicharada é ali tratada como não é em muitas casas. Os espaços não são exíguos mas são, mesmo assim, boxes. Não há propriamente espaço para passeios e exercícios e, tirando a cuidadora que trata de todos durante a semana (alimentação e limpeza), também não há muito contacto com pessoas. 

 

Por isso, ao sábado de manhã, os voluntários chegam, organizam-se e vão passear a bicharada. Não vão longe, é subir e descer a rua num percurso que, de ida e volta, deve ter 1km, mais coisa menos coisa. 

 

Vamos, voltamos e seguimos para a box seguinte. O objectivo é passeá-los a todos. 

 

À medida que passam as semanas, vamos aprendendo a conhecê-los e a conhecer-lhes os nomes e as manias. Também vamos escolhendo aqueles que traríamos connosco se pudéssemos. Todos têm os seus preferidos. 

 

A parte do voluntariado é mesmo os passeios, mas pode fazer-se mais...... eu, por exemplo, depois dos passeios, se tiver tempo, ainda visito algumas boxes, para mimos extra. Estar lá um bocado sentada, a fazer festas ou a brincar.

 

O número de animais é flutuante, saem uns (porque são adoptados) vão-se buscar mais. São genuinamente bem tratados e o pessoal voluntário mais antigo sabe os nomes todos, de cor. Dos cães, dos voluntários mais recentes nem por isso :)

 

E agora chegamos à parte do win, win, win. O exercício físico é assegurado. Em média, faço quase 10Km nas manhãs de sábado. A bicharada adora passear. É uma festa. Dou um bocadinho do meu tempo e em troca recebo muito mais do que o que dou. Quem tem putos, pode levá-los e incluí-los no processo (não podem ser pequeninos....... a partir dos 12, vá), não só se mexem, como dão, como têm contacto com animais, como aprendem a apanhar cocós (sim, a malta apanha os cocós, durante o passeio), e é uma actividade excelente para se fazer em família. 

 

Quem quiser e puder, recomendo vivamente e quantos mais voluntários, mais passeios e mais mimos e assim, pelo menos uma vez por semana, todos ficam a ganhar.

 

A página de Facebook é esta, o site é este. Não se assustem com a aparente burocracia (ler os termos e assinar e o raio que o parta, também torci o nariz, mas lá assinei e pronto, nunca mais tive de pensar no assunto). 

O contacto para se saber mais sobre o voluntariado é este.

Quem não quiser ou não puder ser voluntário, pode apadrinhar ou tornar-se sócio. Eu cá gosto é de passeá-los.

Quem quiser adoptar, pode ver aqui a bicharada especial que está à espera de família. A Tiga, que é a cadela da foto que ilustra este post, está para adopção. Just sayin'.

 

 

 

 

Ontem foi dia de dar

Jonasnuts, 22.06.12

Já tinha escrito sobre a acção de recolha de potenciais dadores de medula, que decorreu ontem, no SAPO, quer para pessoas do SAPO, quer do resto da PT quer de pessoas de fora.

 

Tendo estado envolvida noutras acções deste género, para ser precisa, mais uma, há cerca de 3 anos, são inevitáveis as comparações e, já agora, algumas dicas para quem esteja a fim de promover ou dinamizar acções semelhantes nos respectivos locais de trabalho.

 

A metodologia

Em primeiro lugar, estas coisas só são possíveis, se a empresa onde trabalharem tiver abertura para este tipo de acções, e consiga disponibilizar os recursos (um gabinete com uma secretária  e algumas cadeiras) e, mais importante, que permita que os seus colaboradores gastem aquele tempo, mais a azáfamas e corrupio que obviamente provoca uma acção deste género.

 

A organização da coisa propriamente dita não é difícil, contacta-se o CEDACE e agenda-se a acção. Eles são impecáveis. O difícil não é isso. O mais complicado é levar as pessoas ao local onde é feita a recolha. Não basta um mail para a lista de distribuição de mail da empresa, nem basta afixar cartazes a dar conta da acção. Eu acredito numa sensibilização mais personalizada. Para este efeito, dá jeito haver uma ou duas pessoas chatas, que se disponham a não fazer mais nada durante o tempo de duração da recolha. Estas pessoas têm de estar informadas, porque as questões são muitas, e é preciso desmistificar alguns preconceitos (já lá vamos). Depois, basta garantir que a equipa que faz a recolha não tem momentos parados. Se há apenas 2 ou 3 pessoas na fila, é preciso ir buscar mais. Dar o formulário para preenchimento, para que seja só chegar, falar com quem estiver a fazer a triagem, para ver se o formulário está correctamente preenchido e para algumas perguntas sobre situações que constam da lista de exclusão, e depois, se passar na triagem, passar ao 2º membro da equipa do CEDACE para fazer a recolha propriamente dita. Não demora mais do que 10 minutos por pessoa, em média.

 

Os preconceitos

Curiosamente, há muitos. Importa por isso esclarecer os potenciais doadores. No SAPO tivemos sorte, porque da recolha de há 3 anos, resultaram 2 doações, portanto, 2 pessoas que já passaram pelo processo de doar (e de salvar uma vida), e que, ao partilharem a experiência, e a facilidade com que todo o processo decorre, ajudaram a sensibilizar os que ainda não eram dadores.

 

As grandes dúvidas prendem-se com o processo de recolha, na eventualidade de virmos a ser chamados.

Para já, mesmo depois de inscritos como potenciais dadores, ninguém é obrigado a dar. Pode mudar de ideias mais tarde.

Depois, importa dizer que a probabilidade de se vir a identificar alguém compatível, é muito reduzida. Para muitas pessoas isto é um alívio, para outras um stress. Eu, por exemplo, gostava, verdadeiramente de poder ajudar alguém quem precisasse. Não me interessa quem, adulto, criança, velho, novo, português, estrangeiro, branco, negro, homem, mulher..... indiferente.

É também importante referir que esta inscrição, com a posterior inserção numa base de dados da nossa ficha genética é apenas um primeiro passo na cena da compatibilidade. Caso sejamos identificados como potenciais dadores de uma pessoa em específico, há mais despistes, para se verificar se a compatibilidade é mesmo mesmo mesmo, ou se é só assim-assim. Em última análise, de acordo com o relatório dos que já doaram, faz-se um check-up completo. À borla :)

 

E agora....... o preconceito-mor. "Ai meu deus, nem pensar porque depois se for mesmo preciso doar, enfiam-nos uma agulha gigante na espinha". Esta é a reacção generalizada, por parte dos que não querem inscrever-se. Eu respeito, obviamente, a opção de cada um, mas ao menos que a opção seja baseada em informação correcta. Há 3 métodos de recolha de medula, e cada caso é um caso:

 

 

Células Progenitoras Periféricas:

Colheita feita no sangue periférico, geralmente a partir de uma veia do braço, através de um processo chamado aférese, em que o dador tem de tomar previamente um medicamento que é um factor de crescimento que vai fazer aumentar a produção e circulação de células progenitoras no sangue periférico.

 

Cordão Umbilical

Há outra fonte de células progenitoras que são as células do cordão umbilical. Neste caso, após consentimento prévio da mãe, quando o bebé nasce são colhidas do cordão umbilical. O cordão umbilical tem uma percentagem muito elevada de células progenitoras mas como a quantidade geralmente é pequena, são utilizadas, sobretudo, na transplantação de crianças.

 

Colheita a partir da Medula Óssea:

Células progenitoras colhidas do interior dos ossos pélvicos. Requer geralmente anestesia geral e uma breve hospitalização.

 

As duas pessoas do SAPO que foram dadores, usaram o processo de recolha periférico, portanto, o primeiro da listinha ali de cima. Basicamente o sangue sai de um lado, passa numa máquina que lá tira o que tem a tirar, e é devolvido à procedência. No fundo, uma espécie de sessão de hemodiálise em que tiram mais qualquer coisa ao sangue. Esta é, obviamente, a explicação não técnica :)

 

A acção foi um sucesso. Apareceram 118 pessoas, com 106 a poderem registar-se, tendo as outras sido excluídas por motivos vários (o mais comum é a hérnia discal). De referir a frustração de quem queria inscrever-se como dador e não conseguiu. É uma merda, querermos ajudar, sentimo-nos bem, mas porque há uma hérnia discal, ou porque fizemos um traumatismo craniano em criança, não podemos.

 

Quanto às comparações com a acção de recolha de há 3 anos, são gritantes, as diferenças. Fez-se notar, e muito, aquilo a que chamei de "o efeito Carlos Martins". Eu explico. Há 3 anos, a grande maioria dos inscritos, eram mulheres. E quando eu digo grande maioria, refiro-me a mais de 90%. Há  anos, a acção decorreu muito pouco tempo depois de ter sido noticiado um caso mais mediático (não por causa dos seus intervenientes, mas por causa do seu poder de mobilização nas redes sociais), o caso da Marta. Mas, depois da Marta, aconteceu um caso ainda mais mediático, o do filho do Carlos Martins. Muito recente, muito divulgado, mesmo em órgãos de comunicação social tradicionais. Isso fez com que esta temática abrangesse um público eminentemente masculino, o do futebol. Não terá sido só isso, evidentemente, mas creio que terá contribuído. Espero que o Carlos Martins saiba que esse foi um efeito colateral positivo do drama que viveu. Nesta acção de ontem, inverteu-se a tendência, e apareceram muitos homens.

Gostei muito de ver o esforço que algumas pessoas fizeram, para superar as suas dificuldades (deve haver uma mística qualquer com as agulhas e a com a recolha de sangue para análises - que é o que aquilo é), e mesmo estando, claramente, à rasca, quiseram passar pelo processo, porque querem ajudar.

 

Correu muito bem, e já está prometida outra, para quando houver mais pré-candidatos.

Dar

Jonasnuts, 10.11.10

 

Gosto de dar, mas não dou a qualquer pessoa. Gosto de, quando dou, saber que estou a dar a quem precisa.

 

Não gosto de dar dinheiro, principalmente porque o dinheiro nunca se sabe muito bem para onde é que vai, e tirando a AMI e pouco mais, não dou dinheiro.

 

Dou regularmente os brinquedos do meu filho e os livros e a roupa (que estejam em condições de ser dados, evidentemente, não dou lixo). Mas estas dádivas, por importantes que sejam, não correspondem necessariamente ao que os miúdos querem.

 

 

No ano passado descobri os Anjinhos. E gostei da ideia. Ajuda muito o facto de "conhecer" e confiar na pessoa que está a promover esta iniciativa (há-de haver mais, mas eu conheço-a a ela). Sim, é uma acção do Exército de Salvação. Sim, chamam-se anjinhos às crianças. Sim, deve ser uma coisa católica e tal. Mas, o conceito agrada-me, porque as crianças têm um nome, uma idade, e um pedido específico.

 

Crianças que não têm presentes de Natal e que pedem aquilo que gostavam de ter (e de caminho também levam com um fato de treino). Quando compramos as coisas sabemos que estamos a comprar exactamente aquilo que aquela criança deseja e que não terá, se não formos nós. São crianças sem presentes de Natal. Tudo isto, misturado com a imagem de excesso de presentes lá em casa, que todos os anos tentamos, debalde, reduzir (este ano é que é, andamos a dizer ao tempo), faz com que eu queira aderir, de novo, a esta acção.

 

No ano passado fi-lo já muito em cima da hora (e atrasei-me e tudo) e "apadrinhei" 4 ou 5 anjinhos. Este ano está mais difícil, acho que não consigo chegar a tantos (e este "tantos" parece tão pouco, face à minha vontade), mas já angariei o meu filho para o processo (eu compro o fato de treino, ele paga o presente), e vou angariar mais pessoal (família e meninos do SAPO). Até já recomendei a coisa via Facebook, imagine-se, eu que quase nunca facebuco, e que acho que nunca usei as recomendações daquela coisa.

 

Enfim, está tudo explicado aqui, ou aqui.

 

Garanto que quando entregamos os presentes, sabendo que eles vão ser, de facto, dados a quem os pediu, nos sentimos muito bem. Este é o presente que vou oferecer a mim própria neste Natal. É, ao contrário do que parece, um presente egoísta.

 

 

(Os mais desconfiados podem ver aqui algumas fotos referentes à acção do ano passado)

Hoje é dia de dizer obrigada

Jonasnuts, 19.06.09

Ontem quase não trabalhei. Estive quase todo o dia a acompanhar a acção de recolha de registo de potenciais dadores de medula óssea.

 

E quando digo "acompanhar" refiro-me a acampar à porta da sala onde eram recolhidas as amostras de sangue, para ver se o tráfego estava bom ou se era preciso ir "evangelizar" mais pessoas.

 

Correu muito bem, a equipa móvel do Centro de Histocompatibilidade estava satisfeitíssima, a final do dia. A afluência foi tanta que ultrapassaram largamente o horário previsto. Eram quase 5 da tarde e ainda lá estavam. Foram recolhidas 110 amostras, houve bastantes pessoas que quiseram participar e não puderam. O objectivo diário considerado razoável é de 30 pessoas. Quase quadruplicámos esse número ontem.

 

Quero agradecer a todos, em especial aos que "arrastei" até à porta do gabinete e que, apesar do esforço visível que representava para eles, conseguiram ultrapassar as dificuldades e tornaram-se potenciais dadores. Segurei algumas mãos, aliás, em alguns casos quase consegui sentir-me como o futuro pai, que agarra a mão da mãe que está em trabalho de parto.

 

Foi giro ver, ao final do dia, enquanto dava mais umas voltas pelo 5º piso, à procura de mais participantes, assim que me aproximava das secretárias, estendiam-me os braços, mostrando o penso que assinalava a sua participação "eu já lá fui" :)

 

Obrigada a todos aqueles que me telefonaram, por causa de trabalho, e que não pude atender. Vou devolver chamadas hoje.

 

E obrigada ao SAPO e à PT por proporcionarem um ambiente de trabalho que permite, de vez em quando, fazer coisas destas.

 

Isto já parece um discurso de agradecimento de um Óscar. Que seca. Os que se "safaram" não julguem que é definitivo. A coisa correu tão bem que o Centro está a fim de marcar mais uma acção. Lá mais para depois das férias. Encontramo-nos nessa altura :)

 

Para quem tem dúvidas quer sobre a recolha quer sobre uma posterior doação há informações muito completas aqui, mas aviso já que não custa mesmo nada, e que a doação de medula (caso venha a ser necessária) não é o bicho de 7 cabeças que habitualmente se vê nas séries dos médicos. Portanto, fãs de House, E.R., Grey's Anatomy, Scrubs, Clínica Privada e demais americanadas que nos mostram processos altamente invasivos, não tem nada a ver. Embora eu suspeite que se fosse o House ou McDreamy a fazer a recolha, a adesão seria ainda maior.

 

Vou tentar agendá-los para a próxima sessão.

Hoje é dia de dar

Jonasnuts, 18.06.09

UPDATE - A carrinha não chegava para as encomendas. A equipa de recolha está instalada no 5º andar do Fórum Picoas. Sala 5.02. Quem for de fora da P e quiser colaborar basta que chegue a uma das portarias (a melhor é a que fica mais próxima do Saldanha) e peça para falar comigo (Mª João Nogueira/Jonas). Eu trato do resto.

 

 

Bem sei que todos os dias são dias de dar, mas hoje é especial, principalmente para quem trabalha na PT, em Picoas.

 

Lembram-se da Marta? Procurava-se desesperadamente um dador compatível. No âmbito desse esforço organizámos juntamente com o Centro de Histocompatibilidade do Sul uma recolha especial. Hoje, entre as 10h00 e as 16h00 vai estar lá em baixo, à porta do Fórum Picoas, uma carrinha de recolha de amostras de sangue, para que, quem queira, se possa inscrever como dador de medula óssea.

 

Bem sei que já foi encontrado, felizmente, um dador compatível com a Marta. O problema é que há mais Martas a precisar de ajuda, e se calhar não têm a mesma capacidade de mobilização. É preciso não abrandar o esforço.

 

Este post é para quem trabalha na PT, mas também para quem queira dar um pulo a Picoas. Não custa nada. Se imprimirem e preencherem esta folhinha informativa, não demora nada, e a coisa resume-se a uma picadela. Bora?

 

Para quem trabalha no SAPO, lamento informar que a minha acção de divulgação não se resumirá a este post, e andarei de secretária em secretária a fazer uma das coisas que melhor se fazer; ser chata.

 

Bora ajudar mais Martas?