Duas notícias que me assustam e preocupam, nos últimos dias.
A primeira, tem a ver com o desejo do Governo em criar uma base de dados que cruze os dados dos cidadãos, entre o Serviço Nacional de Saúde e as Finanças.
A segunda (e isto é visto como uma boa notícia, pela maioria das pessoas), que o Serviço Nacional de Saúde vai deixar de ter os resultados das análises e exames em papel, optando pela via electrónica, quer para os enviar aos médicos quer aos utentes.
E estas notícias, que estão relacionadas por ambas envolverem o serviço nacional de saúde, estão também relacionadas doutra forma, nomeadamente, porque em ambos os casos, as grandes costas largas que são os "meios electrónicos" são atirados para cima da mesa, sem grandes explicações.
Para que raio quer o governo criar uma base de dados que cruze informação clínica e fiscal dos utentes?
E quem é que teria acesso a esta base de dados que, tendo informação clínica, está ao abrigo do sigilo médico/paciente?
O mesmo se aplica ao envio de informação clínica por meios electrónicos, quer aos médicos, quer aos utentes. Quem é que tem acesso a esta informação? Não nos casos em que tudo corre bem, e como é suposto que corra, mas nos outros casos todos, os hackers que com maior ou menor facilidade conseguem ultrapassar as barreiras. A equipa técnica responsável pela infra-estrutura tem acesso a tudo.
E eu não quero que informação sensível minha (e do meu filho, já agora), esteja ao alcance de pessoas que não conheço e que não são os meus médicos.
E não me venham com tretas sobre a segurança dos dados, porque, para cada modelo seguro que me apresentem, eu arranjo com facilidade milhentas fragilidades e portas de entrada.
Portanto, senhores do governo, brinquem com o que quiserem, com as vossas pilinhas se vos aprouver, nada contra, mas deixem em paz a minha informação clínica, que nessa, mexo eu e o médico que eu escolher. Vocês não têm nada a ver com o assunto.