O voto em branco
Não Sofia, não és a única que se emociona, e sai de dentro da assembleia de voto com uma dose extra de felicidade, daquela que faz comichão na garganta, e que é inexplicável.
Sim, Sofia, também eu não percebo quem se abstém, quem olha pela janela e diz, epá, isto está mesmo bom é para ir para a praia (ou para o campo, ou para o centro comercial, não interessa) e não vale a pena maçar-me com votos, que mais um menos um não faz a diferença.
Mas, numa coisa discordamos. Os brancos.
Os brancos não estão ao nível de quem não vai lá. Pelo contrário, estão no seu completo oposto.
O branco é aquele que não prescinde do direito de votar, é aquele que vai lá, exercer o seu direito. Vai, e vota em branco, é um recado, senhores políticos, não acredito que nenhum de vós tenha os requisitos mínimos para governar o meu país. Não há o mal menor. O mal menor é para decisões mais comezinhas, menos importantes. Para o meu pais, quero o melhor, o menos mau não serve.
Nunca falhei umas eleições. Voto, porque a minha bisavó queria votar e não podia, porque era mulher. Voto, porque a minha mãe e a minha avó queriam votar, e não podiam porque vivíamos em ditadura. Vou, e voto, sempre. Mas não voto no mal menor. Ou bem que há um gajo em que eu acredito, e eu voto com convicção, ou, se é para votar no mal menor, no "rouba mas faz", não lhes concedo o privilégio do meu endosso. E é essa a mensagem do meu voto em branco.
Votar no mal menor, é nivelar por baixo. E se estou preparada para fazer isso no que diz respeito a muita coisa (que remédio), não estou preparada para fazer isso no que ao Governo do meu país concerne.