A pixelização dos cérebros
Ontem fui parar, por acaso, a uma notícia do DN que tinha por título "Emilia Clarke explica porque recusou duplo para nudez frontal".
Em primeiro lugar, acho muito bem que tenha recusado um duplo, que teria dificuldades em reproduzir umas mamas aceitáveis, a ter usado um corpo substituto, teria de ser o de uma dupla, mas não é essa a minha questão.
Olhei para a foto que ilustrava o artigo, e os senhores do DN (ou senhoras, não sei), decidiram que os mamilos da Emilia Clarke eram areia demais para a nossa camioneta, e pixelizaram a coisa. Não pixelizaram as maminhas, pixelizaram os mamilos.
A minha primeira reacção foi achar que todas as fotos desta cena tinham sido pixelizadas, e que o DN não tinha conseguido encontrar uma sem pixels. Justificava, embora, na minha minha opinião, se não arranjavam sem pixels, mais valia não ter fotografia, mas aí, lá está, a notícia teria menos audiência.
Mas numa pesquisa rápida encontrei facilmente a mesma foto, sem pixels (e uma catrefada de outras fotos da actriz em todas as posições e com mais ou menos roupa).
E fiquei sem perceber.
Por que raio um jornal português decide pixelizar os mamilos duma actriz? Não percebo quando é nos states, mas percebo ainda menos em Portugal.
Já perguntei ao DN, no Twitter, o porquê da opção. Mas estou à espera da resposta muito sentadinha.
Pixelizar mamilos é estúpido. Pixelizar mamilos femininos, mas não os masculinos, é estúpido E sexista.
Esta tentativa moralista de aproximação ao que os states têm de pior parece-me uma má estratégia.
A Europa está a perder os valores que, na teoria, a definiam. Esta é uma questão menor, face a temas bem mais dramáticos dessa perda de valores, mas é um indício de que caminhamos atrás dos fundamentalismos dos EUA. Mais uns anitos e temos por cá um Trump (o que nem seria grande novidade, diga-se, que na Madeira foi o que se viu com o Alberto João Jardim).
Não refilem agora que não é preciso.