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Jonasnuts

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A arte perdida de fazer piscas

Jonasnuts, 13.04.23

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Não tenho a certeza de que se trate de um problema novo. Não tenho a certeza de que não tenha sido eu a mudar. É possível. Mas o que é facto é que sinto diferença.

Antes, eram só os BMW, claro, que vêm sem piscas de fábrica, já se sabe, faz parte da cultura empírica de quem anda na estrada. Os Mercedes também acima da média, de há uns anos valentes para cá, os Audi a querer pertencer ao clube e ultimamente os Tesla. Com esta gente, já se sabe que a ausência de pisca não significa que não vão mudar de direção, enquanto que, mais raramente - claro, a sua presença não obriga a que ela seja mudada.

Com esta gente, dizia eu, já sabemos com o que contar, isto é, não podemos contar com nada, e isso já é alguma coisa.

Mas reparo agora, de há uns tempos para cá, que mais e mais gente quer fazer parte do clube dos que acham que a estrada é só deles e não têm de prestar contas nem comunicar com o resto dos comuns mortais. 

Não sei se é por praticamente só conduzir mota e, por isso precisar mais de saber e antecipar o que os outros vão fazer, ou se é uma coisa da idade, dou por mim a insultar (apenas mentalmente, claro) os imbecis que não usam pisca. Os e as, que isto parece não discriminar e afeta igualmente portadores de pénis e portadoras de vaginas.

Há multas, para quem não faz pisca? Deve haver, em teoria mas, na prática, suspeito que não. De outra forma a famosa dívida nacional estaria já paga. O estado daria lucro.

Há outros comportamentos na estrada de que me apercebo mais desde que ando de mota, porque tenho mais visibilidade sobre o que fazem os condutores de carro e, creio que darei aqui início a uma série de "artes perdidas", mas hoje foi o pisca. Porque já andava para escrever este post há uns tempos valentes e porque fiz a marginal de Cascais, às 11h30 da manhã e, desde S. Pedro do Estoril até ter virado para a Avenida de Ceuta não vi um único pisca. Um. Para amostra. Nada. Niente. Zero. Null. Só em Alcântara me apareceu o primeiro pisca. Pelo meio, rotundas várias, saídas, entroncamentos, desvios, muitas oportunidades para se usarem as luzes que deveriam assinalar a mudança de direção, e não houve uma alminha que achasse necessário assinalar essa mudança de direção.

Sou só eu a ficar rezinga, ou estamos mesmo a esquecer a arte de fazer piscas?

Os motards, esses vândalos

Jonasnuts, 27.09.11

Tenho mais de 20 anos de carta de condução. Mais importante, são mais de 20 anos em que conduzo diariamente. Já tenho muita auto-estrada atrás de um volante, e percursos urbanos idem.

 

Gosto de conduzir, e conduzo bem.

 

Não sou ceguinha e, portanto sei, como sabe qualquer pessoa com 3 dedos de testa e que conduza, que a maioria das mulheres tem tiques universais de condução que colidem com o sistema nervoso de qualquer condutor mais afoito. Tudo isto só para explicar que, sendo gaja, e condutora, não padeço, felizmente, do mal que assola a grande maioria das mulheres condutoras, portanto, não acho que a estrada seja toda minha, não acho que os retrovisores sirvam para retocar a maquilhagem, e não acho que o mundo inteiro está às nossas ordens, e tem de viver e andar ao nosso (lento, arrastadíssimo) ritmo.

 

Ora, que a maioria das mulheres conduz que é uma merda (deixemo-nos de politicamente correctos) é uma verdade universal, há epítetos semelhantes para os taxistas (a um nível diferente), para os velhotes, e para mais uma ou duas categorias de condutores. E são daquelas verdades que ninguém, com dois dedos de testa, contesta, lá está.

 

No entanto, há uma afirmação comum que me encanita. É a do título do post. Não é raro ouvir-se que os gajos das motas são uns vândalos, umas avantesmas, uns aceleras, uns resvés campo de ourique, mal encarados, razias, mal educados. Enfim, a escória dos condutores.

 

E isto, meus senhores, a minha experiência não confirma. Muito pelo contrário.

 

Se cedemos passagem a um condutor, em 90% dos casos as motas agradecem, em 90% dos casos os carros estão-se cagando. As motas (e sim, eu sei que são as motos) são confrontadas (literalmente) com os piores condutores do mundo (mudança de faixa, de repente, sem sinalização e sem verem se lá vem alguém), e mesmo assim...... acho que nunca vi uma mota passar-se dos carretos.

 

Pedem desculpa quando erram, agradecem quando devem, são cordiais, facilitam, são mais solidários (entre si, evidentemente, era o que mais faltava), pelo que não percebo de onde é que vem a ideia de que os condutores de motas são uns vândalos.

 

A sério..... o trânsito (pelo menos em Portugal) seria tão mais fácil, se houvesse mais motas. E não digo isto por causa da ausência de carros. Os condutores de motas são, genericamente falando, uns senhores.

Trânsito em dia de tolerância de ponto

Jonasnuts, 13.05.10

Em Fátima deve estar o caos, pelo menos se todos os carros que hoje NÃO estiveram, como de costume, na Marginal de Lisboa lá estiverem.

 

Os habituais 45 minutos que levo a chegar à escola do puto transformaram-se em 15 + meia hora parada à porta da escola.

 

Foi toda a gente para Fátima ou tolerância de ponto é um mero eufemismo para "podem baldar-se à vontade"?

 

É-me indiferente.

 

Venha mais vezes, Bento XVI, a mim deu-me um jeitaço, e adoraria que fosse sempre assim. Os reais 15 minutos que demora a fazer o percurso, em vez dos 45 que habitualmente dura a viagem.

 

(Por outro lado, o número de acessos aos Blogs e à Internet vão decrescer dramaticamente).

Escolha difícil

Jonasnuts, 10.12.09

É algo com que me deparo TODOS os dias, logo pela manhã, na carneirada de trânsito que segue na direcção de Lisboa.

 

E escolha eu o que escolher, nunca fico satisfeita com a escolha.

 

É melhor encaixar-me na categoria dos tansos, ou na categoria dos chico espertos?

 

Não gosto de chico espertos. Os palermas que acham que sabem mais do que os outros, e que pensam que são mais importantes, ou que a pressa deles é mais urgente que a minha.

 

Por outro lado, irrita-me pelo menos o mesmo, o gajo (ou a gaja) que deixa passar os chico espertos.

 

É uma verdade universal que só há chicos espertos porque há outros tantos tansos a facilitar-lhes a vida (ou, pelo menos, a não a dificultar).

 

Eu não sou nem tansa, nem chica esperta. O problema é que não há uma fila de trânsito alternativa para as pessoas como eu. Se me ponho na fila dos tansos, não deixo entrar chico espertos, mas irritam-me os chico espertos que entram à frente dos tansos atrás de quem eu vou e que, coitados, por mais luzes ou apitadelas, continuam a ser verdadeiras madres teresas e a deixar entrar os chicos espertos. Nem percebem a que é que se devem os sinais de luzes (a senhora está com um problema nos faróis, já ouvi a um - e estava a ser sincero).

 

Ser chica esperta é fácil, mas colide com a minha maneira de pensar, e colide com o que quero ensinar ao meu filho, que vai ao meu lado no carro, no que concerne ao respeito pelos outros.

 

Mas é uma decisão difícil, ensino o puto a ser um tanso ou a ser um chico esperto?

Eu vou resolver o problema de trânsito de Lisboa

Jonasnuts, 03.10.09

É a promessa de alguns candidatos à presidência da câmara da capital.

 

É mentira.

 

Nenhum presidente da câmara de Lisboa pode resolver o problema do trânsito de Lisboa.

 

Terá de falar com o presidente da Câmara de Oeiras, com o presidente da Câmara de Cascais, com o presidente da Câmara de Sintra, com o presidente da Câmara da Amadora, já perceberam onde quero chegar, certo? E depois de se porem todos de acordo, têm de ir todos juntos falar com o Governo. Mas isto de se juntarem presidentes de Câmara de "cores" diferentes já é uma impossibilidade, e ainda por cima irem falar com o Governo, que terá uma "cor" diferente da de alguns deles, enquadra-se na categoria dos mitos, neste caso, urbanos.

 

E não me venham com a treta da melhoria dos transportes públicos, e da criação de ciclovias. Em relação ao primeiro,  não pode passar só por isso. Têm de se criar parques de estacionamento nas zonas limítrofes, têm de se criar disparidade de horários, têm de se deslocalizar as empresas para fora de Lisboa, e tem de se melhorar a oferta de habitação em Lisboa. E em relação ao segundo, o maradona explicou tudo num post que já apagou e que eu tive a genialidade de preservar para a posteridade.

 

Não é criar mais entradas em Lisboa, é criar condições para que as pessoas não tenham de ir morar para fora de Lisboa. Casas más, velhas, caras, com a única vantagem de serem em Lisboa, e com o velho a ser classificado de pitoresco em forma de argumento de vendas. Ah, eu moro num bairro típico de Lisboa. Ya, e das duas uma, ou és rico e basicamente reconstruíste a casa para ela não cair com um vendaval e de caminho fizeste a mesma coisa às do lado, pelo sim pelo não, ou és um teso, e está tudo pintadinho e bonito, mas leva com uma rajada de vento mais forte e esburaca-se, e a instalação eléctrica é do tempo da maria cachucha, e as canalizações ainda são no bom velho chumbo, que é para trabalhar para a saúde. Em alternativa, pode-se sempre ir morar para uma casa construída de raiz há relativamente pouco tempo, em Lisboa, mas nesse caso, siga este link e boa sorte.

 

Não é aumentar o parque da carris, é pôr o actual parque a cumprir a porra do horário e, de preferência, alargá-lo, e a ir a sítios onde não vai.

 

É tornar a coisa viável e razoável.. Enquanto nas minhas contas do final do mês, sair ela por ela levar o carro ou não levar, eu vou levá-lo. É mais rápido, é mais confortável, é mais simples.

 

Se eu for buscar o meu filho de transportes, demoro, no mínimo, uma hora a chegar onde ele está. Mais outro tanto até chegar a casa.

 

Se fizer a mesma coisa, de carro, demoro, à mesma hora, 40 minutos.

 

Portanto.....qualquer candidato que tenha como promessa de campanha, resolver o trânsito de Lisboa, mente.