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Jonasnuts

Jonasnuts

As leis que regulam esta coisa da Internet

Jonasnuts, 08.11.09

Eu sempre achei que, salvo raras excepções, a lei geral servia perfeitamente para regular o online. Continuo a achar a mesma coisa.

 

Principalmente se o legislador não pesca um boi do online, e se está mais interessado em curvar-se perante os interesses instalados (ia chamar-lhes indústrias instaladas, mas não só estão a deixar de ser indústrias, como estão a deixar de estar confortavelmente instaladas).

 

Seja como for, e a quem possa interessar, o " Decreto-Lei n.º 7/2004, de 7 de Janeiro, No uso da autorização legislativa concedida pela Lei n.º 7/2003, de 9 de Maio, transpõe para a ordem jurídica nacional a Directiva n.º 2000/31/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 8 de Junho de 2000, relativa a certos aspectos legais dos serviços da sociedade de informação, em especial do comércio electrónico, no mercado interno (JusNet 4/2004)" está aqui para download.

 

Eu confesso que ando há algum tempo a tentar ler e perceber como é que funciona, e sempre que tento ver como é que aquilo se coloca em prática, perco-me. Eu não sou jurista, não domino aquela linguagem, pelo que a única forma que tenho de perceber estes Decreto-Lei é perceber como é que funcionaria irl, do ponto de vista mecânico. Normalmente consigo perceber. Neste caso não. Já criei institutos, e processos, e fluxos.....e as coisas empancam sempre, ou em pescadinhas de rabo na boca ou em megalomanias típicas de quem não percebe nada do funcionamento da Internet.

 

Faz-me lembrar uma cena, há quase 12 anos: Com certeza Sr. Ministro, verificaremos os ficheiros, um a um, na sua totalidade.

Os jornais e a Internet

Jonasnuts, 27.06.09

Nos Estados Unidos os jornais em papel fecham a uma velocidade estonteante, muitos deles concentrando a sua publicação na web. Pela Europa e especialmente em Portugal (não sei se é especialmente, mas é o mercado ao qual estou mais atenta), assustam-se as hostes.

 

Os velhos do Restelo tentam encontrar nas práticas tradicionais a resposta para este "problema" que de tradicional tem muito pouco.

 

Desde perseguir os maus (o Google, os Blogs, os ISPs, o utilizador), ou sugerir taxar determinadas actividades, ou pedirem para se fechar a Internet ou, pelo menos, restringir o acesso à mesma por parte de terceiros que não os iluminados (que isto da Wikipédia dá um jeitaço quando é preciso informação), ele há para todos os gostos.

 

Levantam-se os gritos de que o média tradicionais não estão preparados para este "novo" desafio.

 

Curiosamente, discordo. Há um longo caminho pela frente, claro, mas não acho que, ao nível operacional, os média estejam mal preparados. Têm até, na generalidade, competências críveis nesta área. Os jornalistas não estão desactualizados. Bom, pelo menos a grande maioria, e como são pessoas curiosas (em princípio e se forem bons), rapidamente aprenderam a usar esta ferramenta que é a Internet.

 

O problema não são os operacionais. O problema são os senhores lá de cima. Os que mandam. Os que têm o poder para tomar as decisões, os que vendem a coisa.

 

É preciso compreender o meio para o saber vender. Achar que um comercial do papel ou do éter tem competências para saber vender o online é viajar na empadinha. Hão-de existir alguns, mas são raros os que olham para este meio e pensam a sério sobre a forma de o rentabilizar sem usar os métodos tradicionais. Por isso é que o banner continua a ser o formato mais usado. Um banner é igual a um anúncio impresso. Coitados, é o que sabem fazer. Não conseguem ir mais longe.

 

Esta crise que vivemos podia (devia) ter sido encarada como uma oportunidade, para o Online. É um meio mais barato, com capacidade de medir resultados muito acima dos outros meios (meçam lá a eficácia de um mupi, para eu me rir um bocadinho) e, apesar de ainda não estar bem segmentado, está mais bem segmentado do que todos os outros. Mesmo assim, continua em queda, a venda de publicidade online, a acompanhar as restantes quedas (salvo raras e honrosas excepções).

 

Os senhores lá de cima não percebem. Insistem em manter a informação restrita, em vez de a partilharem. Ainda não perceberam que informação restrita não interessa, não existe. Conheço uma editora que não quer partilhar a base de dados dos seus livros, porque "é conteúdo com muito valor". Não, não é. A não ser que seja partilhado. Não vos serve de nada, escondidinha e protegida na vossa gaveta. Coitadinhos, não percebem.

 

Nesta época a velocidade com que se fazem as coisas é absolutamente capital (veja-se a cena da morte do Michael Jackson), o mail, que há 2 ou 3 anos era a ferramenta de trabalho mais rápida do mundo, é hoje uma tartaruga, quase ao nível do snail mail. Há até quem proponha que os "news alerts" sejam renomeados para "news reminders", tal é a lentidão com que os média tradicionais acompanham as notícias de última hora.

 

Se persistirem neste caminho, haverá jornais a fechar. Mas não porque lhes falte a competência técnica.

 

Faltam é pernas aos senhores lá de cima.

A internet, os políticos, as redes sociais e os americanos

Jonasnuts, 29.05.09

É um título difícil de explicar, o deste post, mas vou tentar.

 

De há uns tempos para cá, sempre que há eleições, agitam-se os meios políticos no afã de estarem em todos os meios considerando, e bem, que a Internet é um desses meios. Parece que o que alguns andam a dizer há uns valentes anos, apenas agora faz sentido, depois do caso Obama, nos Estados Unidos. O Obama tem Facebook? Vamos todos ter Facebook. O Obama twitta? Vamos todos twitar. O Obama faz vídeos? Vamos todos fazer vídeos. Parece que funciona. Findo o período eleitoral e eleitoralista, esmorece-lhes a vontade e é ver projectos abandonados, a criar pó e mofo, à espera que o próximo período eleitoral lhes areje os cantos e os links, qual Querido mudei a casa.

 

Esquecem-se de uns poucos detalhes. O primeiro, e mais importante, e que é recorrente nestas lides das internetes tem a ver com as diferentes realidades, portuguesa e americana. Para já, eles são mais mas, mais importante, a sua maturidade enquanto utilizadores da Internet é muito maior. Usam mais, há mais anos. Para eles a Internet é uma commodity. Uma necessidade básica. Da mesma forma que para nós uma casa tem de ter água, electricidade e televisão, para eles tem de ter tudo isso E internet. É uma ferramenta que está mais presente no seu dia-a-dia. Usam-na com mais naturalidade. Cá, não. E isso faz toda a diferença. Disso deriva o facto dos políticos americanos usarem a Internet há mais tempo, e não só em tempo de eleições.

 

Para se usar a Internet como ferramenta de comunicação pessoal, online, é preciso que se tenha uma presença online. E uma presença online não se cria, constroi-se. E dá trabalho. E não é trabalho que possa ser delegado. Tem mesmo de ser a pessoa que assina os conteúdos a escrevê-los. E tem mesmo de ser o autor a responder aos comentários. Mais do que dar trabalho, dá uma trabalheira do caraças, muitos dias, todos os dias. É preciso ser-se consistente. E é preciso saber usar. Aprender a usar.

 

Nisso da aprendizagem os americanos também são diferentes. Porque lá, este tipo de ferramentas são mais importantes, têm pessoas a pensar a sério sobre o tema, estrategicamente, e a saber do que falam.

 

Em Portugal, uma campanha de televisão já não é deixada nas mãos de pessoas que fazem uns vídeos caseiros e que dizem que percebem umas coisas acerca do assunto. Mas no que diz respeito às questões relacionadas com Internet em geral e com redes sociais em particular  o panorama é duma pobreza franciscana, há uns assessores para este tema que parece que percebem, porque usam o Twitter (e vai-se a ver e percebem pouco, porque as suas competências são outras). Lá, há profissionais desta área, cá, há curiosos com mais ou menos jeito.

 

Verdade seja dita que, se um político português quiser contratar um profissional que o aconselhe nesta área, também está lixado. Há dois ou três, e os outros (que os há) são amadores que vingam porque em terra de cegos quem tem um olho é rei, e porque se auto proclamam evangelizadores disto e daquilo, e pioneiros e entrepreneurs (que é sempre mais fashion do que usar o português).

 

Políticos a iniciarem agora a sua presença online devem fazê-lo se:

  • Estiverem dispostos a cometer erros e assumi-los;
  • Estiverem a investir num projecto de continuidade;
  • Estiverem dispostos a ter trabalho;
  • Tiverem pedal para o que vão receber (do melhor ao pior);
  • Tiverem algo para dizer para além de soundbites;
  • Souberem que é um investimento para o futuro, e não para as eleições deste ano.

Porque feitas as coisas assim, de um dia para o outro, sem estratégia a médio/longo prazo, não só não funciona como é contraproducente.

 

E para não dizerem que eu sou mazinha, fiquem com um conselho de borla:

 

Pelo amor de Deus, parem de falar em web 2.0. Não só porque não sabem o que é, mas sobretudo porque é um conceito antigo, já passou. Move on.

As castas da Internet

Jonasnuts, 23.05.09

Há um artigo, que vale a pena ler, aqui, e ao qual cheguei por via do Steed, que fala sobre as diferentes classes em que se separam as pessoas que andam online.

 

Aquilo não foi escrito a pensar no mercado português, e Portugal, com tudo o que isso tem de bom e com tudo o que isso tem de mau, é um microcosmos com algumas idiossincrasias. Somos poucos, somos menos ainda os que têm acesso à internet. Às vezes, meia dúzia de pessoas chegam para representar uma classe que em países mais populosos é constituída por milhares de pessoas.

 

Mas há verdades que, apesar de tudo, são universais (salvo raras e honrosas excepções):

 

"Then there's Twitter. Recent publicity means its demographic is changing, but it's still largely populated by people who "work in the media, yeah?", shameless self-promoters and social media consultants. These consultants all have 55million followers, all of whom are also social media consultants and can't get through a sentence without monetising it."

 

Bingo!

Caro Toze Brito

Jonasnuts, 08.05.09

Foi com alguma surpresa (pela positiva) que li as breves palavras que dispensou ao DN, no âmbito do chumbo do pacote das telecomunicações, no Parlamento Europeu e que tomo a liberdade de transcrever (e que não link porque o DN não achou o artigo suficientemente interessante para o online).

 

"Parece-me uma questão de bom senso que seja uma autoridade judicial a tomar a decisão de cortar o acesso à Internet a alguém. Esta é uma questão em que não vai ser fácil encontrar um consenso, vai haver muita discussão, muitos avanços e recuos. A Internet é realmente um admirável mundo novo e um instrumento precioso. Mas a verdade é que ao abrigo da das supostas liberdades individuais, continuam a cometer-se ilegalidades. E vai haver um dia em que essa autoridade judicial vai decidir a linha que separa o que é legal e o que é crime. Essa linha terá de ser traçada mais cedo ou mais tarde."

 

Concordamos na primeira frase e depois, nem por isso. E eu explico. É que já há autoridades judiciais com a competência de decidir qual é a pena que deve ser atribuída, para um determinado crime. Essa linha que separa o que é legal do que é ilegal, já existe. A diferença que nos separa, não é tanto a existência ou não dessa linha separadora. O que nos separa é a localização dessa linha. E acho que sempre nos separará.

 

Mas não faz mal, o outro dizia "we will always have Paris", eu prefiro outra citação, "this could be the beginning of a beautiful friendship".

 

E viva o Glorioso.