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Jonasnuts

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Tu e você

Jonasnuts, 19.12.09

O meu post sobre os erros de ortografia da Olá tinha uma pequena observação sobre o tratamento na segunda pessoa que parece ter suscitado mais debate que a questão ortográfica.

 

Para que conste, trato por tu toda a gente com quem tenho alguma intimidade, e vice-versa. A minha mãe, o meu filhos, os meus avós, os meus colegas de trabalho. E essa é uma das primeiras perguntas que faço a quem chega ao meu círculo. Hoje em dia, faço a pergunta mais por causa dos outros do que por minha causa, a miudagem chega ao SAPO e vêem alguém mais velho (sou mais velha que a média, no SAPO), e tratam na terceira pessoa. E eu ponho logo a coisa em pratos limpos: "já nos tratávamos por tu, não?. Ao princípio custa-lhes um bocadinho, mas depois a coisa entranha-se.

 

Isto é, a título pessoal, prefiro o tratamento por tu.

 

Mas, se estou a falar em nome da empresa para que trabalho, o tratamento é sempre na terceira pessoa (sem usar o horrível você), independentemente da idade do meu interlocutor.

 

Não percebo esta mania de se tratarem as pessoas mais novas por tu, se os mais velhos tratamos com salamaleques.

 

Ah, porque é um serviço mais jovem, ou para crianças, e por isso tratamos por tu. Distingam as coisas pá. Tratar na terceira pessoa não significa serem formais. Não percebo um serviço que trata os utilizadores por tu, no site, mas depois responde aos mails com o tratamento na terceira pessoa e com aquelas expressões mais formais como "Estimado cliente" e "apresentamos os nossos melhores cumprimentos".

 

Há serviços que optam pelo tratamento por tu, e depois levam essa opção em conta em toda a comunicação, não concordo, mas ao menos são coerentes. Por exemplo, a Yorn, se ligamos para o call centre, perguntam-nos "estás boa?" ou "qual é o teu número?", tratam por tu, e os mails também. Menos mal.

 

Pessoalmente, acho que a comunicação com utilizadores/clientes tem sempre de ser feito na terceira pessoa, sem usar a palavra "você" e os textos têm de ser assexuados. Prefiro o erro "Bem-vindo", do que o "Bem-vindo(a)". É difícil escrever textos sem identificar o sexo do leitor mas, com prática e alguma imaginação, consegue-se :)

Blogs de empresas

Jonasnuts, 10.04.08
Depois da conversa desta tarde e, principalmente, depois da conversa depois de chegar a casa, cheguei a uma conclusão, sobre os Blogs de empresas.

Não há Blogs de empresas. Por trás de um Blog, há sempre uma pessoa, ou um grupo de pessoas. E não me venham falar do Blog do Jonathan Schwartz o CEO da SUN, porque o Blog não é da Sun, é do Jonathan, que por acaso é o CEO da Sun, e que fala na primeira pessoa. A SUN disponibiliza uma plataforma, e incentiva os seus colaboradores a produzirem conteúdos para os seus Blogs. Não há ali um único Blog de empresa. Há um conjunto de Blogs, de colaboradores de uma empresa, aos quais é dada visbilidade, na homepage do site da Sun.

E o caso do Robert Scoble também é, desde o início, um Blog de uma pessoa que, por acaso, quando inicia o Blog, trabalha na Microsoft.

Portanto, as empresas, em abstracto, não podem ter um Blog. Podem e sobretudo devem, estar atentas ao que se diz nos Blogs, e responder. E aqui coloca-se a questão principal. Responder como, onde, quem? Se a resposta não tiver um nome, uma identificação, uma pessoa por trás, e se se tratar de uma resposta assinada pela "equipa de apoio a cliente" ou pelo departamento de marketing" tem pouca ou nenhuma eficácia. Em alguns casos pode mesmo ser contraproducente.

E estamos assim em terrenos pantanosos. Blogs pessoais, de colaboradores das empresas que dão voz às empresas? Qual é a empresa que quer colocar nas mãos dos seus colaboradores a responsabilidade de comunicar, em nome da empresa, na Blogosfera?

Principalmente se for uma empresa muito grande, está lixada. Com f de cama.

E assim sem querer, respondo a uma pergunta que eu própria coloquei aqui, há uns tempos. Quanto vale uma camisola vestida? Neste caso, vale muito.

É porque é destes colaboradores, de camisola vestida, que as empresas precisam, se querem entrar como deve ser, na Blogosfera. Sem subterfúgios, sem graxa, sem papas na língua se for caso disso. E com liberdade para o fazerem.

Essa é a verdadeira questão. Como é que as empresas promovem os Blogs enquanto ferramenta de comunicação, e potenciam a utilização desta nova forma de comunicação com os seus clientes e potenciais clientes, abrindo mão dos velhos hábitos de comunicação centralizada?

Simples. Só têm de comunicar bem, dentro de portas. Manter os colaboradores satisfeitos e motivados. E reconhecer o valor acrescido que esses colaboradores representam para a empresa.

Pois.... afinal não é simples.

Os Blogs e a política

Jonasnuts, 22.08.07
À semelhança de tantas coisas, os políticos chegam tarde aos Blogs, e chegam mal.

Vou reformular. À semelhança de tantas outras coisas, muitos políticos chegam tarde aos Blogs, e chegam mal. Há as honrosas excepções de pessoas que andando nestas lides da internet há mais ou menos tempo, mantêm realmente um blog. Quando digo que mantêm realmente um blog refiro-me explicitamente ao facto de usarem o blog para exprimirem as suas opiniões sobre o que lhes apetece. Não delegam em assessores, secretárias e estagiários, e são os próprios que metem as mãos na massa, e actualizam os seus Blogs.

A maioria dos Blogs políticos que conheço são breves, porque são feitos exclusivamente para a campanha eleitoral, e abandonados pouco depois. Porque é que são criados, então? Porque está na moda ter um Blog, e parece que as pessoas apreciam o facto de lerem algo que tem uma (remota) possibilidade de ter sido escrita pelo candidato.

É a razão errada, mas há tantas coisas boas criadas pelas razões errada, marketings, que daí não viria mal ao mundo. O problema é que, como não pescam nada de Blogs, nem de internet, fazem do Blog um mero repositório de press-releases, fecham os comentários, põem uns links, e mais nada. Ou cometem erros de palmatória, como plagiar conteúdos, usar uma linguagem de marketing tradicional, não linkar as fontes, não abrem comentários.

Não percebem que estão assim a perder capital junto de um target altamente exigente, que é, em muitos casos, opinion maker.

A conclusão a que chego é que, na maioria dos casos, os blogs de políticos são tiros nos pés.

Façam uma pesquisa e vejam quantos blogs de políticos foram criados e posteriormente abandonados (nem sequer têm o discernimento de os apagar).

O que me parece é que é tudo feito com muito amadorismo, como o caso daquela candidatura que em cima do joelho cria um blog no Blogspot e um mail no Gmail. Centraliza toda a comunicação no Blog. Usa o mail para uma enorme acção de comunicação que foi obviamente identificada pelo Google como sendo spam, o que fez com que tivessem sido suspensos quaisquer acessos quer ao Blog quer ao mail. E assim, de repente, por incompetência (amadorismo?) fica uma candidatura sem acesso à gestão das duas mais importantes ferramentas de comunicação com os seus potenciais eleitores. Durante 3 dias.

Outro caso, o do candidato que, contactado pelo SAPO para criar um Blog da sua candidatura, declinou o convite, informando que não tinha tempo para, durante a campanha, manter um Blog, e que não concebia um Blog em seu nome escrito por terceiros, pelo que essa era uma actividade não delegável.

Também há o meio termo. Como o caso de um eleito que não tinha tempo para actualizar todos os dias o seu Blog, pelo que apenas escrevia conteúdos originais para o Blog 1 vez por semana, e nos outros dias, transcrevia (citando a fonte, com link) outras intervenções feitas originalmente noutros meios. E os comentários estavam abertos.

Já em tempos aflorei este assunto, quando falei do primeiro-ministro e da crise do Portugal Profundo, e repito. Querem ter uma presença online, de jeito e eficaz? Óptimo, aconselhem-se com pessoas competentes nesta área (bem sei que não há muitas), e depois empenhem-se e dêem de si. Não têm tempo para assegurar um Blog? É compreensível. Não o criem.

O futuro de ontem

Jonasnuts, 24.03.07
Ando aqui às voltas, à procura de inspiração para uma aula que vou dar na 2ª feira, que foi antecipada em cerca de 30 dias :)

Vou dar uma aulas a alunos do mestrado em comunicação cultura e tecnologia, no ISCTE, e o tema que foi proposto foi:
Como é que as novas tecnologias afectam/afectaram a comunicação (no sentido lato).

Lembro-me das aulas, quando era aluna, e sei do que gostava e do que não gostava, e sempre que dou uma aula, tento que ela seja interessante, divertida e descontraída. Acho que vou começar com um vídeo em que tropecei há pouco, aqui (sim, eu acompanho a concorrência:).

Acho que é uma bela forma de começar.