Avó Zita
Esta é uma foto da minha avó Zita. Faria hoje anos, se fosse viva.
Já aqui falei dela antes (auto-links).
Tenho saudades, dela e do tempo em que tudo era mais fácil.
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Esta é uma foto da minha avó Zita. Faria hoje anos, se fosse viva.
Já aqui falei dela antes (auto-links).
Tenho saudades, dela e do tempo em que tudo era mais fácil.
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A propósito do meu post de ontem (auto-link), sobre a minha avó, chega-me uma mensagem de um querido amigo (e colega) da minha mãe. Não interessa quem. Ele que se acuse se quiser :)
Deu-me a conhecer um episódio que eu desconhecia, sobre a minha avó. Anos antes de se ter cruzado com a minha mãe.
"A propósito de "somos quem somos"; após uma tentativa de assalto da PIDE à sede da CDU - gorada graças à iniciativa do Ary dos Santos, que os distraiu com o conhecido chamamento dos galináceos: pi,pi,pi - os presentes na reunião fugiram cada uma para seu lado. Eu enfiei-me no Roma, ali perto, onde a sua avó me acolheu [escondeu] na bilheteira.
Só posteriormente, quando trabalhei com a Olga e, por acaso, contei-lhe esta "aventura", vim a saber quem era a minha "salvadora."
Não me surpreende, a atitude da minha avó.
Trabalhou muitos anos na bilheteira do cinema Roma, e depois no Avis e por último no Estúdio 444 (muito filme vi eu à pala). Acérrima defensora dos direitos das mulheres e dos direitos dos trabalhadores, era sindicalizada, e muito envolvida nas actividades do sindicato. Delegada sindical.
Muito à frente, a Zita Pereira.
Obrigada OM, pela partilha :)
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A teoria da evolução.
Herdamos características, que se vão apurando ao longo dos tempos. Não só características genéticas, mas sociais e comportamentais.
Nunca dei grande importância aos meus avós, nessa perspectiva, achava que era tudo mérito da minha mãe. Mas o mérito da minha mãe é mérito dos meus avós, e por aí acima.
Isto tudo a propósito de ter estado hoje a ver algumas fotografias de família. Álbuns cheios de caras que não reconheço, que não sei quem foram (quase tudo morto, provavelmente), mas que contribuíram.
Eu sou filha da minha mãe e neta da minha avó e bisneta da minha bisavó e foram estas mulheres, e os homens que elas escolheram que tornaram possível eu ser eu.
A minha mãe casou de mini-saia, em 1967. Não era comum.
Não sei em que ano a minha avó casou. 1944? A minha mãe era de 45, e eu sei que a minha avó casou antes da minha mãe nascer. Antes de engravidar já não garanto.
Vamos assumir que foi em 1944. Fotos de noivas que casaram nessa época, em Portugal, mostram tudo muito coberto, e cheio de véus, e folhos, e caudas, e cortinados e enfim, o que era típico na época.
A minha avó materna casou de tailleur. Saia por cima do joelho. Sem véu. Com o homem que escolheu. E era um mulherão, a minha avó Zita (nome de imperatriz, que a madrinha tinha regressado há pouco da coroação desta - as ligações da minha família à nobreza e essas coisas, por duas vias, ficarão para outro post). E trabalhava fora de casa. Num cinema. Era financeiramente independente do meu avô (e ainda bem, porque se estivesse a contar com o meu avô para essas coisas, tinha-se lixado).
Já tinha percebido antes. Demasiado tarde, mas antes. Mas o que sou, deve-se também ao que foi a minha avó. Nunca lhe agradeci porque quando a ficha me caiu já não havia oportunidade.
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Eu tenho uma irmã. A minha irmã é maluca e mais nova que eu, 3 anos. A minha irmã, entre muitas outras coisas, corre. Sempre correu, desde miúda. Sempre gostou. Há uns anos começou a correr mais a sério, e a treinar, e a fazer provas.
Diz-me a minha irmã que correr, em Portugal, é uma dor de alma. Sobretudo a partir do momento em que se faça provas fora de Portugal e se tem o termo de comparação.
A minha irmã fez a primeira maratona em Barcelona, no ano passado. Diz que nos 42km da prova, não houve um metro em que não tenha havido apoio de quem estava a assistir, ao longo do percurso.
Esta coisa de apoiar quem corre é um programa de família. Sai tudo de casa de manhã, e vão para um ponto do percurso, com cartazes e boa disposição, e gritam por quem passa. Não que os conheçam de algum lado, mas gritam na mesma. Às vezes, quando os dorsais têm os nomes dos atletas, quem grita, chama pelo nome; "Ânimo Ana". Diz que ajuda.
Em Portugal, povo que gosta de apresentar-se como festivo, as corridas têm o ambiente de um funeral, e às vezes nem isso, que todos sabemos que não há como um velório para que o português mande umas larachas e conte umas piadolas. Esta parte, do ambiente de velório nas corridas, em Portugal, sei por experiência própria, porque sempre que a minha irmã corre perto, lá vou eu, apoiá-la. Tudo caladinho, à passagem dos atletas. Só olham. Ninguém bate palmas, ninguém ri, ninguém grita.
De vez em quando lá aparece um maluco, que manda uns gritos de apoio, mas os poucos que por ali estão parados olham de forma tão insistente que o coitado não tem outro remédio senão calar-se. É a pressão silenciosa.
A minha irmã diz que correr fora de Portugal é uma festa, correr em Portugal é silencioso. Silencioso não. Ouve-se o ruído dos ténis no asfalto. Ouvem-se as escarradelas dos homens. Ouvem-se as fungadelas de toda a gente. Descreve-me outras coisas que não se ouvem, mas que se cheiram e às quais vos poupo, porque é tudo muito escatológico (parece que há malta que não é amiga do banho, e que é, por outro lado, amiga do pum).
Sempre que vou ver passar a minha irmã junto-me ao coro silencioso e fico ali, a olhar, a ver se a vejo, no meio de toda aquela gente vestida de igual e que passa demasiado rápido. Às vezes são rebanhos........ descobrir uma pessoa numa manada de gente toda vestida de igual é difícil. Normalmente é ela que me descobre a mim.... "João" grita. E eu vejo-a, rio-me, grito-lhe "Vais ganhar" e pronto, já passou. E olho à minha volta e vejo as pessoas a olhar para mim..... esta maluca, tanta gente que já passou e ela está a dizer que a outra vai ganhar. São burros. Não percebem que ela ganha sempre.
Ando há que tempos para escrever este post, aliás, ando há que tempos a pedir à minha irmã que me escreva este post, na perspectiva de quem corre, mas ela, lá está, porque está sempre muito ocupada, tem mais que fazer. Apanho a boleia da Cocó, que vai correr amanhã e que pede ajuda.
Amanhã vai estar um bom dia para correr uma maratona. Pouco vento, nada de muito calor. Uma chuvinha molha parvos até pode servir para refrescar. Vamos apoiar quem corre? Já há quem esteja a organizar grupos de apoio, é ver aqui.
A minha irmã não vai correr. Mas vai apoiar. Eu aproveito que é de manhã, está tudo a dormir cá em casa, e vou com a minha irmã. Duas malucas, ao pé da antiga fil? Somos nós :)
Deixo-vos com a foto da minha irmã, a cortar a meta da sua primeira maratona, em Barcelona. A melhor foto de meta que já alguma vez vi na vida.
(Este foi o tempo que fez em 2014 em Barcelona. No mês passado, na de Berlim, já quase baixou das 4 horas (04:03:09).
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Entre esta foto e o dia de hoje passaram mais ou menos oito anos.
Mas, como há quase oito anos (auto-link), o braço partido é o mesmo. Só o osso é que é diferente.
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