Ontem, como de resto nos outros dias 25 de abril, tinha planeado descer a avenida. Já é tradição, há muitos anos.
Falei disso no meu post anterior (auto-link), era importante que fôssemos muitos. É sempre importante sermos muitos, mas este ano era mais importante ainda. Não por ser o 50º aniversário. Mas porque há 50 fascistas na Assembleia da República.
Descer a avenida é o único ajuntamento a que vou por iniciativa própria. Eu não adoro ajuntamentos. Multidões. Manadas. Esperas. Tenho muitas dificuldades e, por isso, tento proteger-me. Vou cá mais para o fim, quando as pessoas começam a ir mais espaçadas, quando o barulho dos megafones e da música já não nos entra pelos ouvidos adentro.
Este ano, indo com estreantes, mais importante ainda, a coisa passar-se harmoniosamente.
Combinámos às 15h00 na estátua do Marquês. Cheguei às 14h30, eu acompanhada da minha mania de preferir chegar adiantada do que atrasar-me.
E ali ficámos, à espera que a multidão se diluísse, que começasse a escoar. "Jonas, tu que já conheces, há mais gente este ano?". Sim, sem ser preciso pensar muito, porque a diferença era grande, logo desde o princípio que dava para ver.
E esperámos, esperámos, esperámos....... "mas nunca mais começa, Jonas? De que é que estamos à espera?", e eu a explicar...... estão ali as mesmas bandeiras que estavam há duas horas, isto ainda não começou a andar.
Pela primeira vez na minha vida de descendente da avenida, não consegui descê-la. Era tanta gente que não houve, pura e simplesmente, espaço para que toda a gente descesse. Não saí do Marquês. Vim embora já passava das 18h30. E o final do cortejo ainda ali estava, a impedir o trânsito.
A minha companhia, mais corajosa, aventurou-se avenida abaixo, mesmo no meio da confusão. Estreantes valentes. A foto que ilustra o post é da Manuela, uma das valentes.
Deixei-me ficar. Conheci pessoalmente um amigo de pelo menos uma década, o Paulo Jacob, e respetiva família.
Tive sorte, mesmo assim, porque pude assistir ao mini espetáculo dos Tocárufar que habitualmente descem a avenida, mas este ano também não conseguiram.
O ambiente foi fantástico, como habitualmente, gente de todas as idades, de todas as cores, de todos os feitios, só que mais. Muito mais.
Os portugueses democratas (sem esquerdas nem direitas, eu acho que a avenida é de todos os democratas) saíram à rua. Perceberam que este ano, tinha de ser.
Perceberam que os outros são muitos.
Mas nós somos mais, porra. Somos muito mais. E provámo-lo, na rua.
Agora a ver se o provamos nas próximas eleições (europeias, 9 de junho - um dia excelente para o pessoal se baldar, porque é no domingo que antecede a semana dos feriados, e o pessoal acha sempre que as europeias não servem para nada - embora sirvam para quase tudo, porque é lá que as coisas estruturantes se decidem).
Anyway...... o importante é que a avenida estava linda, estava cheia e o ambiente estava fantástico.
Para o ano há mais. Lá estaremos.
(Gostava que a minha mãe tivesse visto a avenida, ontem).