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Jonasnuts

Jonasnuts

Para mostrar à miudagem miúda

Jonasnuts, 03.05.24

Este spot tem uns anos valentes. É de 2017. Na altura fartou-se de ganhar prémios.

Continua relevante. Continua atual. Continua imprescindível.

Para mostrar à miudagem. 
Quando? 

Costuma ser a pergunta que me fazem, nestas coisas.

Assim que passarem a ter telemóvel próprio. Ah, mas só tem 8 anos. 
Das duas, uma; ou não tem telemóvel, ou, se tem, precisa de estar informada (a criança) dos riscos que corre, de como se deve proteger, de como evitar e do que fazer se achar que está numa situação em que não se sente confortável.

Não podemos ter sol na eira e chuva no nabal. E os miúdos também não.

Ah, mas assim vai-se a inocência.

A inocência vai-se no momento em que lhes colocamos um telemóvel na mão. Os predadores estão onde estão as crianças. A justificação "ah, mas ela usa aquilo só para o tiktok" não colhe, ou vocês acham que no tiktok só há anjinhos? 

Quanto mais informadas, mais seguras. 

Mas afinal, quantos mil, para continuar Abril?

Jonasnuts, 30.04.24

Foto de Diogo Ventura para o Observador

Somos muitos, muitos mil, para continuar Abril é uma das palavras de ordem que se ouve, todos os anos, no 25 de Abril, quando descemos a avenida.

Este ano não foi exceção. 

Mas...... afinal quantos mil?

Em todos os ajuntamentos de pessoas, a comunicação social e as entidades oficiais são céleres a divulgar números, e desta vez, nicles.

Sim, eu sei que os números valem o que valem, e cada um puxa a brasa à sua sardinha e contar multidões não é uma ciência exata e permite várias sardinhas, dependendo de quem as põe a assar.

 

Mas se noutras ocasiões não parecem ter tido dificuldade em chegar a uma ordem de grandeza, no que diz respeito ao dia 25 de Abril de 2024, parecem estar com problemas de matemática.

E isto aplica-se a Lisboa e aplica-se a todos os outros pontos do país onde, quem esteve, disse categoricamente que nunca tinha visto tanta gente.

Assustaram-se por verem tanta gente, meninos?

São números que não interessa revelar?

É, não é?

 

Sim, eles são muitos. 

 

MAS NÓS SOMOS MAIS, CARAÇAS!

E NÃO PASSARÃO!

 

A foto é de Diogo Ventura, para a fotogaleria do Observador.

Visto de fora

Jonasnuts, 26.04.24

Acho que só este ano é que me apercebi do impacto internacional e do respeito que tantos, lá fora, têm pelo 25 de Abril.

E apercebi-me em conversa de amigos, porque o Tiago Cabral disse: "O Rui Tavares hoje no extraordinário discurso que fez na ar mencionou uma coisa muito interessante, que só se pode analisar com o distanciamento temporal que a história exige, se calhar já houve mais gente a falar nisto, mas foi a primeira vez que ouvi num discurso oficial: o nosso 25abril foi o gatilho para todas as revoluções do final do século xx."

Também me apercebi por causa das capas que o Der Terrorist partilha frequente e regulamente no BlueSky As capas que ilustram este post foram-lhe roubadas. Nem pedi :-)

O vídeo do Macron, muito surpreendente e comovente, e eu comovo-me pouco, com franceses em geral e com o Macron em particular.

A "flashmob" de Berlim (e a Grândola, sobretudo se cantada por muita gente tem sempre o condão de me emocionar).

E os nossos irmãos galegos, que deviam ser portugueses que isto devia ser tudo seguido até lá acima, e que se juntaram e cantaram, como puderam, a Grândola.

A cobertura quase em tempo real, da avenida, de ontem, do The Guardian (que fez pelo menos mais duas peças sobre o 25 de Abril).

Sempre pensei que o nosso 25 de Abril era muito nosso, aqui, pequenino na sua grandeza, porque somos um país pequenino, dos arrebaldes da Europa, assim.....periferia, subúrbio.

Vai-se a ver, e não é só a mais bela revolução, é também o bater de asa da borboleta, para tantas outras. 

Só o torna mais belo.

O povo, unido, jamais será vencido

Jonasnuts, 26.04.24

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Ontem, como de resto nos outros dias 25 de abril, tinha planeado descer a avenida. Já é tradição, há muitos anos.

Falei disso no meu post anterior (auto-link), era importante que fôssemos muitos. É sempre importante sermos muitos, mas este ano era mais importante ainda. Não por ser o 50º aniversário. Mas porque há 50 fascistas na Assembleia da República.

Descer a avenida é o único ajuntamento a que vou por iniciativa própria. Eu não adoro ajuntamentos. Multidões. Manadas. Esperas. Tenho muitas dificuldades e, por isso, tento proteger-me. Vou cá mais para o fim, quando as pessoas começam a ir mais espaçadas, quando o barulho dos megafones e da música já não nos entra pelos ouvidos adentro.

Este ano, indo com estreantes, mais importante ainda, a coisa passar-se harmoniosamente.

Combinámos às 15h00 na estátua do Marquês. Cheguei às 14h30, eu acompanhada da minha mania de preferir chegar adiantada do que atrasar-me. 

E ali ficámos, à espera que a multidão se diluísse, que começasse a escoar. "Jonas, tu que já conheces, há mais gente este ano?". Sim, sem ser preciso pensar muito, porque a diferença era grande, logo desde o princípio que dava para ver. 

E esperámos, esperámos, esperámos....... "mas nunca mais começa, Jonas? De que é que estamos à espera?", e eu a explicar...... estão ali as mesmas bandeiras que estavam há duas horas, isto ainda não começou a andar.

Pela primeira vez na minha vida de descendente da avenida, não consegui descê-la. Era tanta gente que não houve, pura e simplesmente, espaço para que toda a gente descesse. Não saí do Marquês. Vim embora já passava das 18h30. E o final do cortejo ainda ali estava, a impedir o trânsito. 

A minha companhia, mais corajosa, aventurou-se avenida abaixo, mesmo no meio da confusão. Estreantes valentes. A foto que ilustra o post é da Manuela, uma das valentes.

Deixei-me ficar. Conheci pessoalmente um amigo de pelo menos uma década, o Paulo Jacob, e respetiva família.

Tive sorte, mesmo assim, porque pude assistir ao mini espetáculo dos Tocárufar que habitualmente descem a avenida, mas este ano também não conseguiram.

O ambiente foi fantástico, como habitualmente, gente de todas as idades, de todas as cores, de todos os feitios, só que mais. Muito mais.

Os portugueses democratas (sem esquerdas nem direitas, eu acho que a avenida é de todos os democratas) saíram à rua. Perceberam que este ano, tinha de ser.

Perceberam que os outros são muitos.

Mas nós somos mais, porra. Somos muito mais. E provámo-lo, na rua.

Agora a ver se o provamos nas próximas eleições (europeias, 9 de junho - um dia excelente para o pessoal se baldar, porque é no domingo que antecede a semana dos feriados, e o pessoal acha sempre que as europeias não servem para nada - embora sirvam para quase tudo, porque é lá que as coisas estruturantes se decidem).

Anyway...... o importante é que a avenida estava linda, estava cheia e o ambiente estava fantástico.

 

Para o ano há mais. Lá estaremos.

(Gostava que a minha mãe tivesse visto a avenida, ontem).

Traz outro amigo, também

Jonasnuts, 22.04.24

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Este ano, como todos os anos, mas mais do que em todos os anos, é preciso muita gente a descer a avenida.

Arrebanhem aqueles amigos que sempre quiseram, mas nunca foram.

Convençam os hesitantes.

Expliquem a quem não gosta de ajuntamentos, que é só uma vez por ano.

Digam como é pacífico e alegre e que ninguém é obrigado a porra nenhuma.

Mostrem que podem ir onde quiserem.

Provem que é apartidária.

 

Este ano, temos de encher a avenida, várias vezes, muitas vezes.

 

Porque não passarão.

 

Porque eles são um milhão.

Porque eles são muitos, mas nós somos mais, porra.