Das eleições
Sou filha da geração de 60. Presumo que por isso, tive uma infância muitíssimo politizada. Fruta da época. Lá em casa, falava-se muito de política. Antes do 25 de Abril baixinho, depois do dito cujo, aos gritos, de ordem.
Sempre fui muito sensibilizada para a importância do voto. E fui muito idealista, até muito tarde. Até ter trabalhado no Ministério da Cultura. Foi remédio santo. Por perceber como funcionam as coisas, desiludi-me com a coisa, e, não falhando uma votação, votei pouco convicta e ultimamente até tenho votado em branco.
Alheio-me da discussão política. Sim, para mim são todos iguais, mais à esquerda, mais à direita e mais ao centro. Salvo raras excepções (isto é para não ser processada), acho que qualquer político que chegue a um cargo de poder, fê-lo à custa da elasticidade da sua espinha dorsal. Ora eu acho que a espinha dorsal se quer vertical, hirta e firme. Aquela coisa do sentido cívico e do dever são tretas, ou passam a ser passados uns tempos.
Por motivos profissionais tenho acompanhado com mais atenção o debate político, principalmente nos Blogs, claro. E há estilos para todos os gostos. Mas o debate faz-se, de facto. Com a troca (esgrima) de ideias, e de conceitos e de posições. Às vezes há quem se estique e, verdade seja dita, não se pode fazer um post sobre política sem se ser de imediato acusado disto ou daquilo, de que se tem uma agenda eleitoral.
O debate é, na maioria dos casos elevado. E mesmo quando descamba continua a ser elevado. Elevado demais.
Não percebem que o povinho se está borrifando para quem é liberal e para quem é conservador?
O povinho não anda atrás do debate. O povinho anda atrás da teshirte e do tocolante.