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Jonasnuts

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Aquela coisa da professora chanfrada

Jonasnuts, 21.05.09

Por esta altura já toda a gente ouviu falar da professora chanfrada. Há mesmo aqueles que já estão, como eu, cansados de ouvir falar do caso da professora chanfrada. Paciência, cansem-se mais um bocadinho, que é sobre isso que eu quero falar.

 

Para já, acho que o caso desta professora é excepcional. A senhora é doente. Claramente. Não creio que aquele tipo de discurso, numa sala de aula, seja a regra da maioria das salas de aulas. Internem a mulher. Problema resolvido. Se por acaso ela fosse professora do meu filho, a coisa seria diferente, porque para além de a internarem eu já teria tido uma conversinha de pé de orelha com a senhora, com a directora de turma, com o conselho directivo e com a respectiva direcção regional de educação.

 

Há aqui 2 questões fundamentais. A primeira, que a maior parte das pessoas desconhece, é que lidar com os pais das criancinhas deve ser das coisas mais frustrantes na vida dum professor. Eu não teria pachorra, aliás, por isso é que nunca seria professora, não tenho vocação. Aliás, aquelas mãezinhas da reportagem são nota disso mesmo....."pronto, ela falou daquela maneira e nós dissemos que por nós estava desculpada, que íamos falar com os maridos, mas que por nós tudo bem". E porque é que os maridos não estavam lá? Não são pais das crianças? E porque é que uma mãe tem de falar com o marido, neste caso? Tem de pedir autorização para pensar? E como é que, num caso em que alegam que este tipo de atitude por parte da professora é recorrente e vem de longe, deixam a coisa passar com um pedido de desculpas? Achavam que a atitude recorrente ia mudar de um dia para o outro, com um pedido de desculpas? Burras, burras, burras.

 

E a segunda questão fundamental tem a ver com a total falta de poder que os pais sentem, no que se refere ao que se passa dentro duma sala de aula e dentro da escola. Acompanho de perto um caso que me é muito próximo, de pais (inteligentes e esclarecidos) que desde o início do ano lectivo ouvem da sua criança relatos de tratamento discriminatório por parte de um professor. Já tiveram provas (escritas) da imbecilidade e incompetência do professor em causa. Recorreram à directora de turma, que se revelou ser igualmente incompetente e imbecil (embora de forma mais moderada, a senhora é uma anémona), recorrem agora ao conselho directivo, vamos ver. Mas durante todo o ano lectivo, e desde o primeiro contacto dos pais com a Directora de Turma, que a criança sofre pressões públicas (dentro da sala de aula, à frente de toda a turma) para não dizer em casa o que se passa naquela sala de aula. Coisas do tipo "tem um problema, vem falar comigo, não precisa de ir fazer queixinhas ao papá e à mamã".

 

Numa profissão tão corporativa como a dos professores, toda a escola funciona em bloco, contra os pais e contra os alunos. O que fazer? Medidas extremas e levar gravadores para dentro da sala de aula? Pois, se tiver que ser, seja. Fosse um pai ou uma mãe mais geek, e até se faria a coisa com emissão em directo na web, sem que o puto precisasse de saber que levava na mochila um carro de exteriores equipado com emissores de imagem e som, o peso já é tanto que mais gadget menos gadget não faria a diferença. É ilegal? É imoral? É pouco ético? Provavelmente, mas qual é a alternativa? Os canais existentes para o efeito, claramente não funcionam.

 

 

Encurralem-me, enquanto mãe, tratem o meu filho injustamente, e é verem eu levar tudo à frente, sejam quais forem os métodos (à excepção da violência, claro). E depois não se venham queixar que foram usados métodos pouco ortodoxos. Não falem de ortodoxia, quando emboscaram e encurralaram a leoa e a cria. Amanhem-se, lambam as feridas, baixem a crista, aprendam e sigam a vidinha.

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