Jornalistas modernos
Este post é capaz de chatear algumas pessoas, em especial alguns dos amigos que tenho e que são, em simultâneo, jornalistas.
Considerem o disclaimer do costume, que não se julga o todo pela parte, e que um caso são casos, e coiso e tal.
A razão pela qual muitas pessoas querem ser jornalistas passa pela imagem que temos do jornalista. Um gajo, que com o poder da escrita (ou da palavra) nos faz chegar os factos. O quem, o como, o onde, o quando e o porquê. Um gajo que escreve bem, que sabe falar. E que é independente e protege, acima de tudo, a Verdade. Por causa deste retrato, que em tempos pode ter sido realista, temos a tendência para acreditar no que vem escrito nos jornais, ou é dito na rádio. Achamos que a parte da veracidade dos factos, a confirmação dos eventos, e a escolha das fontes são trabalho do jornalista. E são. Achamos bem. Isto é, acharíamos bem, se vivêssemos há uns anos.
O problema é que o grau de exigência tem vindo a diminuir, e muitas pessoas que se dizem (ou são consideradas) jornalistas já não preenchem os (meus) requisitos mínimos, alguns são mesmo umas verdadeiras bestas. Não sabem escrever, não sabem falar, não sabem usar da melhor forma as ferramentas que têm à sua disposição (nomeadamente a internet), não sabem seleccionar fontes. Gostam muito do copy paste. A juntar a isto, temos o actual ritmo a que vivemos que é muito, mas muito mais rápido que outros ritmos do passado. Acrescentem-se os donos os órgãos de comunicação social e a sua (às vezes não tão escondida como isso) agenda, mais os ódios de estimação, mais as intrigas palacianas, mais os editores, mais as orientações editoriais, mais as pressões e mais o diabo a sete e estamos lixados. Com f de cama.
O nome de um jornal já não me chega para garantir a veracidade e isenção de uma notícia. Nem sequer o nome do jornal conjugado com o nome do jornalista.
É engraçado que numa época em que a quantidade de informação é cada vez maior, quando os jornalistas seriam mais necessários enquanto seleccionadores da informação relevante estão, pelo contrário, a perder importância e relevância. Por culpa própria também, mas não maioritariamente.
Acho que hoje em dia, para se ser jornalista são precisas 3 coisas, um curso qualquer, uma vontade enorme de seguir esta carreira, e uma lobotomia (para perderem toda e qualquer veleidade de quererem pensar pelas suas próprias cabeças).
Como é que me mantenho a par da actualidade, tendo em conta a opinião que tenho dos jornalistas em geral? Faço eu a minha selecção. 99% da actualidade acompanho nos Blogs (muitos desses Blogs são de jornalistas, sem filtros externos). São raros os casos em que recorro a órgãos de comunicação social tradicionais. Só para as breaking news, na maioria dos casos.
Construí uma rede pessoal de Blogs, através dos quais sigo as notícias. Não se constrói de um dia para o outro, esta rede. E está em constante transformação, saem uns entram outros. Há mais de 2 anos uso este método. E estou satisfeita.