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Jonasnuts

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Delegado de propaganda de material escolar

Jonasnuts, 18.09.08

Ontem foi a minha vez de ir comprar o material escolar para este início de aulas. Assim de repente, Continente nunca mais. Não seria a minha primeira opção para comprar o material escolar, mas à hora a que pude fazer estas compras e aqui nas redondezas, era o que havia. O Continente estava vazio, 90% das pessoas estavam concentradas naqueles dois meios corredores.

 

2 meios corredores. Estreitos. Atafulhados de pais, criancinhas, listas, carrinhos, cestos. Tudo amontoado como se fossem abutres, à cata da borracha que satisfizesse os critérios do professor e os gostos da criança.

 

Fruto da proximidade obrigatória (amontoados é uma palavra que se aplica), ouvíamos as conversas uns dos outros. Ao meu lado, a mãe dizia, mas o professor não quer essa marca, e a filha dizia, mas eu gosto desta borracha. Eu sou cusca, e não me acanho nestas situações. Viro-me para a mãe e pergunto, os professores pedem marcas específicas?

A mão olhou-me como se eu fosse atrasada mental, ou extraterrestre, ou ambas as duas(*). Sim, e  por acaso este ano pedem todos a mesma marca, no ano passado tive de comprar 3 borrachas iguais, mas de marcas diferentes. Sorri, agradeci a informação e fui-me embora.

 

Mas fiquei a pensar no assunto. O que é que faz um professor preferir uma borracha de uma determinada marca? Uma borracha é uma borracha. Desde que apague (e parece-me que todas as borrachas do mercado, apagam), não vejo quais são as características diferenciadoras.

 

Enquanto escolhia os legumes continuei a pensar nas borrachas, e nas marcas pedidas explicitamente por alguns professores. E descobri.

 

À semelhança dos delegados de propaganda médica, que "sensibilizam" os médicos dando-lhes a conhecer as características de um determinado fármaco, para que os médicos passem a receitar mais vezes esse medicamento, existem agora os delegados de propaganda de material escolar. Abancam à porta das escolas, esperam pacientemente que o professor tenha disponibilidade, e quando este chega, mostram-lhe as borrachinhas, os lápis, os esquadros, as réguas, e as esferográficas. Convencem os professores, com as características do material, e com uns incentivos simpáticos.

 

A indústria do material escolar ainda movimenta menos milhões que a indústria farmacêutica (atenção ao ainda). Assim, não se podem justificar viagens a destinos exóticos, para os professores, mas já deve haver alguma coisa a este nível.

 

Parece-me a mim, que alguns professores se estão a afiambrar a um fim-de-semana romântico, para dois, na pensão Tiroliro, ali ao pé de Coina.

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