Há 10 anos, por esta altura...
...eu já estava na sala de partos. Sozinha.
Quer dizer, sozinha não, estava eu e estavam as dores, que à hora adiantada que era não quiseram ir acordar o anestesista. Grandes cabrões, que ainda hoje lhes rezo pela pele.
O puto nasceu às 3h25 da manhã, num parto simples, com algumas complicações finais que não vale a pena referir e que mais tarde resultaram em linguagem de carroceira quando o médico chegou para me coser (sim, só nessa altura é que chegou o médico).
Não soltei um ai durante a coisa propriamente dita, estava a reservar-me para quando o médico chegasse. Assim que ele chegou, foram-se as reservas. Chamei-lhe de tudo, por não ter estado lá quando tinha sido preciso. Disse-me que me a anestesiar para coser a episiotomia, mandei-o meter a anestesia no cu (mesmo).
Meia hora mais tarde, despachado o corte e costura, pedi para me darem o meu filho. Era importante que o amamentasse o mais rapidamente possível. Que não, que não mo podiam dar, por causa do período de tempo de segurança. Só mo foram buscar quando perceberam que eu ia mesmo levantar-me para o ir buscar, e depois do que eu tinha dito ao médico (com razão) acharam que era melhor darem-me o que eu queria.
Finalmente o meu filho vinha aí. Ia dizer-lhe as primeiras palavras.
Não tinha pensado em nenhum discurso, nem tinha ensaiado as palavras, pelo que o que saiu foi espontâneo. Lembro-me como se fosse hoje, as primeiras palavras que lhe dirigi:
"Olá filho, anda cá à dona"