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Jonasnuts

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Os Geeks

Jonasnuts, 13.11.10

Nos últimos 3 dias estive mergulhada no Codebits. Por norma, eu já costumo conviver com muitos geeks, mas a verdade é que os 3 dias de Codebits representam uma amostra maior da geekalhada portuguesa, sobretudo aquela que não conheço pessoalmente.

 

Os geeks são malta divertida, e estranha. Enquanto andam a mexer nos bits e nos bytes e têm um computador à frente, a intermediar-lhes o mundo, são uma coisa, mas, de repente, no Codebits, esse intermediário nem sempre os ajuda, uma vez que têm de interagir, uns com os outros e com os outsiders.

 

Eu, como outsider, pude confirmar no Codebits algumas suspeitas, a saber:

 

Os geeks usam várias linguagens para comunicar com o mundo exterior. Não, não me refiro às coisas complicadas como o perl ou o php e demais parafernália. Refiro-me a 3 opções linguísticas típicas dos geeks:

 

1 - As t-shirts. Os geeks escolhem cuidadosamente as mensagens que levam ao peito. Quanto mais enigmática, mais geek é o gajo que a veste (ou mais wannabee, claro, que anda por aí muito para-geek sem saber o que leva escrito na t-shirt).

2 - O corte de cabelo (ou a ausência de corte) pode ser considerado um statement. Podem identificar-se opções linguísticas de programação, escolha de sistema operativo, telemóvel de eleição, olhando apenas para o corte de cabelo.

3 - Dentro do subgrupo dos que não vestem t-shirts há verdadeiros depoimentos feitos através de calças de pinças (ou sem pinças), de losangos nas meias (ou meias brancas), por sapatos (ou ténis), mas este subgrupo é constituído exclusivamente pelo Rui Carmo, por isso quase não conta.

 

Ainda na vertente linguística, há outra característica que os destaca. Sem razão aparente, de vez em quando desatam a falar inglês uns com os outros. Mesmo que todos sejam portugueses e mesmo que o seu inglês não seja grande coisa. Gostam de se exprimir em inglês. É porreiro, sempre fomos um país de comunicadores, aqui fica um link especial para vocês que gostam de falar (e de escrever) em inglês, mesmo quando o fazem para uma audiência maioritariamente portuguesa.

 

Esta é uma característica que me convém. Da próxima vez que eu for a uma conferência de geeks no estrangeiro, vou exigir que me falem em português, para serem hospitaleiros e bem educados.

 

E por último, ainda ao nível da comunicação, os geeks são um bocadinho esquizofrénicos. Eu explico. No twitter e nos mails tratam toda a gente por tu, mandam grandes caralha*** (a minha mãe e o meu filho lêem isto de vez em quando e eu já preenchi a quota de vernáculo desta década), mas depois, no frente a frente, quando ainda ontem no twitter estavam a dizer barbaridades, de repente, olham para o chão, esfregam as mãos, falam depressa e tratam-me por senhora (ou por Joana, mas isso agora não interessa).

 

Posto isto, resta-me dizer que sim, sim senhor, há excepções, mas apenas para confirmar a regra e concluo dizendo que, debaixo desta capa de timidez presencial e de expansionismo virtual, são, habitualmente, gajos porreiros.

 

Gosto de geeks, sempre gostei de geeks em geral, a que não é alheio o facto de trabalhar há muitos anos rodeada de geeks.